Em 1985, o clássico longa-metragem Re-animator: a hora dos mortos vivos
narrava a possibilidade de trazer pessoas que já morreram de volta à
vida. Os projetos do jovem médico Herbert West, interpretado por Jeff
Combs, envolviam a aplicação de um líquido fluorescente chamado
“reanimator”, supostamente capaz de reanimar cadáveres.
A descoberta que até então só existia no universo da ficção
científica pode, agora, estar mais próxima da realidade. Funcionários da
empresa Bioquark, localizada na Filadélfia, anunciaram que estão perto
de iniciar ensaios clínicos para um procedimento controverso, que será
realizado em pessoas declaradas clinicamente mortas. Os testes serão
conduzidos para verificar se uma série de terapias administradas em uma
pessoa que, tecnicamente, já faleceu, podem trazê-la de volta à vida.
O CEO da empresa, Ira Pastor, informou à imprensa que a intenção é
começar “muito em breve” os testes clínicos em um país não identificado
na América do Sul. Junto ao cirurgião dentista Himanshu Bansal, eles
foram notícia ao final do ano passado, quando tentaram conduzir testes
semelhantes na Índia. O Conselho Indiano de Pesquisa Médica encerrou a
conversa pouco tempo depois, levando a empresa a procurar outro lugar
para suas pesquisas.
Inicialmente, as terapias envolvem injetar no paciente suas próprias
células-tronco, coletadas a partir da gordura ou do sangue. Depois, é
aplicada uma injeção de peptídeos na medula espinhal do paciente. Por
fim, segue-se uma rotina de estimulação nervosa e terapia a laser,
aplicadas durante 15 dias. A ideia é induzir um novo crescimento
neuronal, na esperança de reiniciar as funções cerebrais regulares. Cada
um dos tratamentos foram testados em outras situações por diferentes
pesquisadores, com resultados variados, mas nenhum deles jamais foi
usado para reverter a morte clínica de um paciente. De fato, Pastor
admite que a companhia sequer testou os procedimentos em animais – ele e
seus colegas não fazem ideia se o procedimento terá resultado, ou mesmo
se funcionará parcialmente. Mesmo assim, o objetivo é perseguir essa
descoberta, e por isso eles vêm trabalhando nos bastidores para negociar
com um país disposto a permitir o avanço do estudo.
Críticos pontuaram que as técnicas irão falhar e apontaram seus
porquês. Observaram, ainda, questões éticas que poderiam vir à tona –
uma delas é se, apontam, por ventura, a atividade mínima for restaurada.
Isso significaria que a pessoa ainda estaria em um estágio de
quase-morte ou num estado vegetativo parcial? Quem pagaria pelos
cuidados desses pacientes? Provavelmente haverá dificuldades em
conseguir que os membros da família concordem em permitir que um ente
querido com morte cerebral se submeta a um procedimento de tal natureza;
o grupo já carrega essa dificuldade desde os trabalhos na Índia, quando
não haviam muitas pessoas dispostas a participar da pesquisa.
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