Uma equipa de cientistas da Vrije Universiteit Brussel e de
Harvard conseguiu, pela primeira vez, tornar visível a luz de campo
próximo.
Existem vários tipos de luz, alguns visíveis e outros invisíveis ao
olho humano. Os nossos olhos e cérebro não têm as ferramentas
necessárias para processar a luz ultravioleta ou infravermelha,
tornando-as invisíveis.
No entanto, existe um outro tipo de luz que é invisível simplesmente
porque nunca chega aos nossos olhos: quando atinge certas superfícies,
parte dessa luz adere e permanece na superfície, em vez de ser refletida ou dispersa. Este tipo de luz é conhecido como “luz de campo próximo”, explica o Science Daily.
Atualmente, a luz de campo próximo é usada em microscopia de alta
resolução, mas também tem potencial inexplorado no campo da manipulação
de partículas ou na comunicação ótica. Contudo, como este tipo de luz
não alcança o olho humano, os cientistas nunca desenvolveram um
mecanismo para tirar proveito dela.
Vincent Ginis e cientistas da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, desenvolveram recentemente um sistema para controlar a luz de campo próximo,
alcançado um controlo tridimensional sem precedentes deste tipo
especial de luz: um controlo que permite seu aproveitamento prático.
Para manipular a luz de campo próximo, Ginis desenvolveu um
dispositivo no qual a luz confinada num guia de ondas oscila entre dois
espelhos. Cada reflexão faz com que a luz mude de modo, isto é, a luz passa a propagar-se com um padrão espacial diferente.
Depois de várias reflexões, os padrões multiplicaram-se e criaram um
perfil complexo de intensidade de luz ao longo do guia de ondas.
A luz de campo próximo perto da superfície do guia de ondas também
muda: quando os diferentes padrões da luz são sobrepostos, nasce uma
forma específica de onda, que pode ser programada adaptando a amplitude
dos modos da luz refletida.
“É mais ou menos como a música“, explicou Ginis. “A
música que ouvimos é a superposição de muitas notas, ou modos, reunidos
em padrões concebidos pelo compositor. Uma nota sozinha não é nada, mas,
tomadas em conjunto, podem criar um tipo de música. Enquanto a música
opera no tempo, o nosso gerador de campo próximo opera no espaço
tridimensional, e o aspecto mais intrigante do nosso dispositivo é que
uma nota gera a outra.”
Os cientistas sublinharam, ainda, que este processo de moldagem da luz acontece remotamente, o que significa que nenhuma parte do dispositivo interage diretamente com a luz de campo próximo.
Este processo reduz a interferência, uma característica muito importante para aplicações como a manipulação de partículas.
Ginis moldou a luz do campo próximo na forma de um elefante para
demonstrar este feito – mais especificamente, um elefante dentro de uma
jibóia, uma homenagem ao clássico de Antoine de Saint-Exupery, O Principezinho. O artigo científico foi recentemente publicado na Science.
https://zap.aeiou.pt/cientistas-tornam-luz-invisivel-visivel-337983
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