A Agência Europeia do Medicamento (EMA) aprovou esta sexta-feira a utilização da vacina da AstraZeneca, desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford, em todos os países da União Europeia. Portugal deverá receber 700 mil doses nos próximos meses.
No meio de um conflito contratual da farmacêutica com a Comissão Europeia, a Agência Europeia do Medicamento deu luz verde à utilização da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca/Oxford, a terceira a ser aprovada pelo regulador europeu.
Além disso, a vacina está ainda envolta numa outra polémica, depois de a Alemanha considerar que a mesma só deve ser administrada a menores de 65 anos, devido a uma alegada falta de dados sobre a sua eficácia nas pessoas com uma idade superior. Berlim havia hoje mesmo dito esperar que a UE aprovasse a vacina produzida pela AstraZeneca mas com “restrições” em termos etários, o que acabou por não acontecer.
De acordo com o comunicado emitido pela EMA, a vacina deverá ser administrada a adultos com mais de 18 anos e não existe um limite superior de idade.
Nos vários ensaios clínicos, nos quais foi demonstrada 60% de eficácia, participaram cerca de 24 mil pessoas, sobretudo com idades compreendidas entre os 18 e os 55 anos, não havendo ainda resultados suficientes nos participantes com mais de 55 anos para avaliar com rigor a sua eficácia acima desta faixa etária.
A empresa argumenta que, “no entanto, é esperada proteção, já que se verifica uma resposta imunitária neste grupo etário e com base na experiência com outras vacinas”.
“Uma vez que existe informação fiável sobre segurança [da vacina] nesta população, os peritos científicos da EMA consideraram que a vacina pode ser utilizada em adultos mais velhos”, lê-se no comunicado.
A farmacêutica garante que, tal como em casos anteriores, avaliou “rigorosamente esta vacina e a base científica” sustenta o firme compromisso que o regulador europeu tem de salvaguardar a saúde dos cidadãos da UE.
Ainda de acordo com a EMA, esta vacina é de duas doses e a segunda deve ser administrada entre 4 e 12 semanas após a primeira toma. Os efeitos secundários mais comuns “são dor e sensibilidade no local da injeção, dor de cabeça, cansaço, dores musculares, sensação geral de mal-estar, calafrios, febre, dores nas articulações e náuseas”, que deverão passar uns dias depois da toma.
Ao contrário das vacinas aprovadas anteriormente – que usam como base o mRNA do vírus -, esta “é composta por outro vírus (da família dos adenovírus) que foi modificado para conter o gene responsável pela produção da proteína spike do SARS-CoV-2″.
“O próprio adenovírus não pode se reproduzir e não causa doenças. Uma vez administrada, a vacina transmite o gene SARS-CoV-2 às células do corpo”, que o irão usar para produzir a proteína spike. “O sistema imunológico da pessoa tratará essa proteína de pico como estranha e produzirá defesas naturais – anticorpos e células T – contra essa proteína”, explica a agência em comunicado.
Vacina da Johnson & Johnson tem eficácia de 66%
A empresa norte-americana Johnson & Johnson anunciou também esta sexta-feira que a sua vacina contra a covid-19 tem uma eficácia geral de 66 por cento, mas é menos eficaz face à variante do novo coronavírus descoberta na África do Sul.
A vacina de toma única tem uma taxa de eficácia de 66% a prevenir casos de doença moderada ou grave e de 85% em casos muito graves.
No ensaio que envolveu 44 mil voluntários, o nível de proteção contra a covid-19 foi de 72% nos Estados Unidos, mas apenas 57% na África do Sul, onde circula uma variante particularmente preocupante do novo coronavírus.
Resultados estes que não se comparam às já aprovadas vacinas da Pfizer/BioNTech e da Moderna – que apresentam cerca de 95% e 94% de eficácia, respetivamente.
Esse nível de prevenção “irá potencialmente proteger centenas de milhões de pessoas de resultados graves e fatais da covid-19”, disse Paul Stoffels, chefe científico da J&J, numa declaração.
De acordo com o jornal Público, a empresa planeia pedir autorização de utilização de emergência da vacina na próxima semana à FDA, a agência que regula os medicamentos nos Estados Unidos.
https://zap.aeiou.pt/ema-aprova-astrazeneca-johnson-66-eficaz-376776