O "relógio do apocalipse", que simboliza a iminência de um cataclismo planetário, foi mantido hoje a 100 segundos da meia-noite, devido à ineficácia dos governos na gestão da pandemia de Covid-19.
Segundo a diretora-geral da organização não-governamental Boletim dos Cientistas Atómicos (BAS, na sigla em inglês), Rachel Bronson, a manutenção da hora representa um sinal da falta de preparação dos governos face às ameaças nucleares e climáticas.
"A assustadora e mortífera pandemia de covid-19 serve como um alerta histórico, uma ilustração nítida de que os governos nacionais e as organizações internacionais estão mal preparados para lidar com as ameaças de armas nucleares e mudanças climáticas que podem realmente acabar com a civilização", afirmou Bronson.
A diretora-geral da BAS está encarregue deste relógio simbólico, criado em 1947, em que, todos os anos, um grupo de especialistas, integrado por 13 vencedores de prémios Nobel, estabelece a nova hora.
No ano passado, os ponteiros avançaram 20 segundos e indicaram a hora mais próxima da meia-noite na história do relógio, situação que se mantém este ano.
"Acordem!", brandiu o ex-governador da Califórnia e presidente do Conselho do BAS, Jerry Brown, num apelo aos governos e chefes de Estado de todo o mundo, sobretudo aos das grandes potências.
"Os Estados Unidos, a Rússia e as potências nucleares mundiais devem parar de gritar uns com os outros. É hora de eliminar as armas nucleares, de não construir mais. Da mesma forma se deve fazer para as mudanças climáticas: os Estados Unidos, a China e outros países importantes devem enfrentar seriamente, já, as emissões mortais de carbono", acrescentou.
Entre as recomendações dirigidas aos chefes de Estado, o grupo de especialistas exortou os presidentes norte-americano, Joe Biden, e russo, Vladimir Putin, a estenderem tanto quanto possível no tempo os termos do tratado New Start sobre a limitação de armas nucleares dos dois países.
O parlamento russo ratificou hoje a extensão do acordo até 2026.
Os especialistas encorajam ainda os Estados Unidos a comprometerem-se a não utilizar em primeiro lugar uma arma nuclear num eventual conflito e a persuadir os seus aliados e rivais a fazer o mesmo.
"Tal constituiria um passo em direção à segurança e à estabilidade", sustentam.
Criado após a Segunda Guerra Mundial, o "relógio do apocalipse" apontava originalmente para a meia-noite menos sete minutos.
Em 1991, no final da Guerra Fria, foi acertado para a meia-noite menos 17 minutos.
Em 1953, assim como em 2018 e 2019, marcava meia-noite menos dois minutos.
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