Já existem buracos negros supermassivos e ultramassivos. Mas, de acordo com um novo estudo, pode haver até uma nova categoria: buracos negros estupendamente grandes.
De acordo com o site Science Alert, estes hipotéticos buracos negros – maiores do que 100 mil milhões de vezes a massa do Sol – foram explorados num novo estudo científico que os chama de SLABs, sigla em inglês para “buracos negros estupendamente grandes”.
“Já sabemos que os buracos negros existem numa vasta gama de massas, com o exemplo de um buraco negro supermassivo de quatro milhões de massas solares a residir no centro da nossa própria galáxia”, explicou o astrónomo Bernard Carr, da Queen Mary University London, no Reino Unido.
“Embora não haja ainda evidências da existência dos SLABs, é concebível que possam existir e também residir fora das galáxias no espaço intergaláctico, com consequências observacionais interessantes”, acrescentou.
“No entanto, surpreendentemente, a ideia dos SLABs tem sido amplamente negligenciada até agora. Nós propusemos opções para como se podem formar e esperamos que o nosso trabalho comece a motivar discussões dentro da comunidade.”
O problema, escreve o mesmo site, é que os cientistas ainda não sabem muito bem como é que os buracos negros realmente grandes se formam e crescem. Uma possibilidade é a teoria dos buracos negros primordiais.
Proposta pela primeira vez em 1966, esta teoria defende que a densidade variável do Universo primitivo poderia ter produzido aberturas tão densas, que desabaram em buracos negros. Estes não estariam sujeitos às restrições de tamanho de buracos negros de estrelas colapsadas e poderiam ser extremamente pequenos ou estupendamente grandes.
Portanto, com base neste modelo, a equipa calculou exatamente o quão estupendamente grandes estes buracos negros poderiam ser, entre 100 mil milhões e um trilião de massas solares.
O propósito deste estudo, publicado a 24 de novembro na revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, segundo os cientistas, foi considerar o efeito de tais buracos negros no espaço à sua volta. Porque embora não sejamos capazes de ver SLABs de forma direta, os objetos massivos invisíveis ainda podem ser detetados com base na forma como o espaço ao seu redor se comporta.
A gravidade, por exemplo, curva o espaço-tempo, o que faz com que a luz que viaja por essas regiões também siga um caminho curvo. Este efeito, chamado de lente gravitacional, pode ser usado para detetar SLABs no espaço intergaláctico, considera a equipa.
Além disso, estes objetos enormes também teriam implicações para detetar matéria escura. As partículas massivas de interação fraca (WIMPs), por exemplo, acumular-se-iam na região à volta de um SLAB devido à imensa gravidade, em tais concentrações que colidiriam e se aniquilariam, criando um halo de radiação gama.
E a verdade é que os buracos negros primordiais são, eles próprios, candidatos à matéria escura. “Os próprios SLABs não poderiam fornecer a matéria escura. Mas se eles existirem mesmo, isso teria implicações importantes para o Universo primitivo e tornaria plausível que buracos negros primordiais mais leves pudessem fazê-lo”, concluiu Carr.
https://zap.aeiou.pt/buracos-negros-estupendamente-grandes-375512
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