Era para ser o “aeroporto do amanhã”, um centro intercontinental para aviões supersónicos com seis pistas e conexões ferroviárias de alta velocidade para as cidades vizinhas. Hoje, é pouco mais do que uma pista no meio do nada.
Tudo o que resta de Everglades Jetport é uma grande pista solitária no meio de um pântano norte-americano, uma triste relíquia daquele que era suposto ter sido o maior aeroporto do mundo.
O projeto do Everglades Jetport, terminado no ano de 1968, viu a luz do dia no final da Idade de Ouro das viagens aéreas: as cabines dos aviões enchiam-se de charutos e refeições gourmet, o Concorde estava prestes a fazer o seu primeiro voo e a Boeing trabalhava no 2707, um avião de passageiros supersónico ainda maior e mais rápido.
Um dos problemas que ainda incomodava os fabricantes era o “estrondo sónico” que acontece quando uma aeronave rompe a barreira do som. Os rígidos regulamentos significavam que era difícil encontrar locais apropriados onde pudessem ser construídos aeroportos para acomodar este tipo de aviões.
O melhor lugar seria um pântano no sul da Flórida, suficientemente longe das cidades, mas perto do oceano. O plano para construir o Everglades Jetport era ambicioso: um aeroporto cinco vezes maior do que o Aeroporto JFK em Nova Iorque, com mais de 100 quilómetros quadrados e seis pistas.
Segundo a CNN, o plano incluía também a construção de conexões ferroviárias de alta velocidade para Miami e Costa Leste, novas estradas e hotéis.
A construção arrancou em 1968 e a pista gigante de 3,2 quilómetros foi concluída rapidamente. Depois disso, o plano falhou.
A cadeia televisiva norte-americana conta que os ambientalistas protestaram contra o efeito que o aeroporto teria a nível ambiental na reserva Big Cypress Swamp e no Parque Nacional Everglades – que abrigam animais selvagens.
Foi então que se realizou o primeiro relatório de impacto ecológico no estado da Flórida, que decretou a paralisação da construção do Everglades Jetport em 1970. Pouco depois, a Boeing decidiu desistir do 2707 e o apelo das viagens supersónicas em massa diminuiu drasticamente.
O projeto do Everglades Jetport foi, assim, abandonado, mas não foi o fim do aeroporto – apesar de ainda estar em uso, os planos são dramaticamente diferentes dos iniciais.
Hoje chama-se Aeroporto de Transição e Treino Dade-Collier, é administrado pelo Departamento de Aviação de Miami-Dade e, além da pista, há apenas um trailer com um escritório e quatro funcionários que cuidam da manutenção e segurança. No passado, foi usado como um centro de treino para pilotos e também para eventos de automóveis de alta velocidade.
Apesar das aparências, o aeroporto não está totalmente abandonado. Pelo menos é o que sublinha Lonny Craven, que administra o campo de aviação, adiantando que as aterragens estão agora restritas a emergências: “Devido às restrições, só abrimos das 8h às 20h30.”
Depois dos grandes planos, do falhanço e da operacionalização a meio gás, há ainda muitos rumores sobre o que ainda pode acontecer àquele que era suposto ser o “aeroporto do amanhã”.
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