"A venda tem um custo muito elevado. Mas foi a solução menos má." Foi
desta forma que António Costa anunciou ontem à noite a solução
encontrada para o Banif, depois de no dia anterior o governo ter
desistido de vender a participação de 60,53%. Salvar a atividade do
Banif exigiu o avanço de mais 2,25 mil milhões de euros, dos quais 1,76
mil milhões chegam "diretamente pelo Estado", e elevando para 2,4 mil
milhões de euros a fatura total passada aos contribuintes. Este "custo
muito elevado" anunciado ontem obriga o governo socialista a avançar
para um Orçamento Retificativo já nesta manhã.
Segundo
comunicado divulgado ao final da noite de ontem pelo Banco de Portugal
(BdP), as propostas apresentadas na última sexta-feira tiveram de ser
rejeitadas pelas Finanças logo no sábado, pois todos os interessados
exigiam mais auxílios estatais. Este desfecho obrigou o governo a
avançar então para a resolução do banco e venda dos seus bons ativos. O
Santander Totta acabou por ficar com estes, a troco de 150 milhões de
euros.
Na
declaração ao país, o primeiro-ministro salientou que a solução
encontrada em conjunto pelas autoridades europeias foi a que melhor
salvaguardou os "depositantes, trabalhadores e as poupanças de muitos
emigrantes". Realçou que a decisão, além de ser a "menos má possível",
também é "uma solução definitiva para o problema", evitando-se assim
mais surpresas negativas para o Estado. De seguida passou ao ataque.
"Quando
este governo tomou posse confrontou-se com esta urgência. Uma urgência
que era conhecida há mais de um ano pelas autoridades portuguesas",
disse. Costa mostrou-se disponível para apoiar o Parlamento a esclarecer
os contornos desde dossiê, e a esquerda parlamentar vai avançar para a
criação de uma comissão de inquérito ao caso.
O Estado tomou 60,53% do capital do Banif em janeiro de 2013,
entrando para isso com 700 milhões de euros no capital da instituição.
Desde essa data, disse Costa, "que o Estado tinha a maioria do capital e
estava obrigado a fazer aprovar um plano de reestruturação por
Bruxelas". Contudo, e apesar de a Comissão Europeia ter exigido há mais
de um ano a apresentação de uma reestruturação, nada foi feito.
"Bruxelas deu até março de 2015 para a apresentação de um plano. Nove
meses depois e nada estava solucionado", criticou.
Também
o comunicado do BdP abordou a reestruturação. Segundo o banco central,
os planos apresentados pelo Banif a Bruxelas foram sendo rejeitados e a
"ausência de um plano de reestruturação aprovado, agravada pela evolução
menos favorável da conjuntura económica, levou a desvios negativos
significativos dos resultados do Banif face ao projetado".
O negócio
De
acordo com o supervisor, do apoio público de 2255 milhões, 489 milhões
chegam do Fundo de Resolução e 1766 milhões diretamente pelo Estado.
Estes valores foram negociados entre "as autoridades portuguesas, as
instâncias europeias e o Santander Totta", negociações que também
delimitaram os ativos e passivos da instituição que podiam ser vendidos.
Segundo o BdP, "nos termos desta decisão será transferida para o
Santander Totta a generalidade da atividade do Banif". E onde se lê "a
generalidade" deve ler-se a parte boa dos ativos do banco.
Ainda
segundo o BdP, há um conjunto de ativos problemáticos que agora "serão
transferidos para um veículo de gestão de ativos", à imagem do que
ocorreu já com outras instituições, desde logo na divisão do BES em
banco bom e em banco mau ou o destacar de alguns ativos do Banco
Português de Negócios para veículos estatais.
"No
Banif permanecerá um conjunto muito restrito de ativos, que será alvo
de futura liquidação, bem como as posições acionistas, e os créditos
subordinados", detalha ainda o BdP sobre os contornos do negócio. Por
fim, diz o Banco de Portugal, "os acertos associados à opção de
delimitação do perímetro acordado entre as autoridades portuguesas, as
instâncias europeias e o Banco Santander Totta envolvem um apoio público
estimado de 2255 milhões de euros que visam cobrir contingências
futuras".
Tudo normal para os clientes
De
salientar ainda que de acordo com o BdP o fecho do negócio nestes
contornos significa que "manter-se-á o normal funcionamento", já hoje,
do Banif. Os clientes podem estar descansados já que, sendo bons ativos,
"passam a ser clientes do Totta e as agências do Banif passam a ser
daquela instituição".
Fonte: http://www.msn.com/pt-pt/financas/noticias-importantes/fim-do-banif-custa-24-mil-milh%C3%B5es-aos-contribuintes/ar-BBnLDdg?li=AAaYVP2
Sem comentários:
Enviar um comentário