O Reino Unido, a Noruega e o Canadá são três dos países que mais se congratulam pelo seu contributo na pegada ecológica. Contudo, por trás de todas as iniciativas, ainda existem ações que estão a contribuir de forma negativa para as alterações climáticas.
Em Oslo, na Noruega, os postes de eletricidade e os transportes públicos são alimentados por energias renováveis. Para economizar energia, as luzes inteligentes diminuem quando não há ninguém por perto. Nesta cidade, no que diz respeito à mobilidade, dois terços dos novos carros são elétricos.
A capital norueguesa, tal como o resto do país, orgulha-se das suas credenciais verdes. Só existe um problema: muitas das inovações ambientais de que o estado tanto se orgulha são financiadas pelo dinheiro proveniente da venda do petróleo. O país, além de ter uma ampla visão do futuro sustentável, também é um grande exportador de combustíveis fósseis – e pretende manter o negócio.
No entanto, há outros exemplos de países que apregoam a sustentabilidade e, ao mesmo tempo, lucram com o que está a causar as mudanças climáticas.
No caso do Reino Unido, o país irá receber uma conferência do clima ainda este ano, mas ainda assim está a pensar em abrir uma nova mina de carvão. Também no Canadá, o Governo está a injetar dinheiro num projeto de um oleoduto.
Estes são apenas três exemplos de muitos países que produzem combustíveis fósseis, apesar de se comprometerem a combater as mudanças climáticas. Contudo o Canadá, a Noruega e o Reino Unido destacam-se pelo seu posicionamento como “campeões do clima”.
O objetivo do Acordo de Paris é limitar o aumento da temperatura média global a níveis bem abaixo dos 2ºC. Para isso, o mundo precisa de cortar a produção de combustíveis fósseis em cerca de 6% por ano entre 2020 e 2030. Ainda assim, as projeções atuais mostram um aumento anual de 2%.
Tanto o Reino Unido, como a Noruega ou o Canadá estabeleceram metas ambiciosas neste sentido. Londres e Toronto prometeram reduzir as suas emissões para zero carbono líquido até 2050. Já Oslo comprometeu-se a tornar o país neutro em carbono até 2030.
Andrew Grant, diretor de pesquisa do clima, energia e indústria do Carbon Tracker, aponta que muitos produtores dependem economicamente das receitas de combustíveis fósseis e, apesar de saberem que o mundo irá precisar de se livrar deles em breve, ninguém quer ser o primeiro a sair.
“No Oriente Médio é porque o custo é muito baixo, no Canadá falam sobre o histórico de direitos humanos, na Noruega destacam a baixa intensidade de carbono da sua produção, no Reino Unido é porque têm campos maduros de infraestrutura, nos EUA estavam até a dizer que iam exportar moléculas”, revelou à CNN, enumerando algumas das justificações de vários países para continuarem com este tipo de ações.
A produção de combustíveis fósseis é cara, mas muitos governos argumentam que parar agora seria um desperdício de dinheiro, geralmente público, já gasto em projetos e explorações existentes.
Talvez por essa razão o Reino Unido, a Noruega e o Canadá estejam a planear continuar a produzir combustíveis fósseis, investindo em novos projetos e explorações.
De acordo com o Regulador de Energia do Canadá, a produção de petróleo bruto do país deve continuar a aumentar até 2039. As reservas de petróleo do Canadá são de aproximadamente 168 bilhões de barris, segundo dados do governo.
Por seu lado, a Autoridade de Petróleo e Gás do Reino Unido estima que, no final de 2019, as reservas de petróleo do Reino Unido estavam em 5,2 bilhões de barris, o suficiente para continuar a produção durante mais duas décadas.
O Reino Unido como um todo produziu o equivalente a 454 milhões de toneladas de CO2 em 2019, os últimos números disponíveis. O seu plano é reduzir esse volume para 193 milhões de toneladas de CO2, anualmente, até 2033.
Os números são apenas estimativas, mas ilustram um grande problema: os planos nacionais para reduzir as emissões não somam o total global necessário. O mesmo acontece noutros países.
https://zap.aeiou.pt/paises-lucram-alteracoes-climaticas-381394
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