Um novo estudo mostra que um interruptor molecular é o responsável por tornar o cérebro humano três vezes maior do que o dos grandes primatas.
O grande tamanho do nosso cérebro é um dos atributos que nos distingue dos nossos parentes primatas mais próximos. Agora, conta o jornal The Guardian, um novo estudo ajudou a esclarecer esta diferença.
A equipa de cientistas responsável pelo artigo científico, publicado a 24 de março na revista científica Cell, começou por recolher células de humanos, de chimpanzés e de gorilas e reprogramou-as como células estaminais.
De seguida, os investigadores desenvolveram essas células de forma a que se transformassem em organoides cerebrais (pequenos pedaços de tecido cerebral com alguns milímetros de largura).
Após várias semanas, os organoides do cérebro humano eram, de longe, os maiores de todos e um exame mais atento revelou o porquê. No tecido cerebral humano, as chamadas células progenitoras neurais (NPCs), que passam a formar todas as células do cérebro, dividiram-se mais do que no tecido cerebral dos grandes primatas.
O modelo matemático do processo mostrou que a diferença na proliferação celular acontece tão cedo no desenvolvimento do cérebro, que acaba por levar a quase ao dobro do número de neurónios no córtex cerebral de um humano adulto, em comparação com o dos grandes primatas.
Foi então que os cientistas identificaram um gene que é crucial em todo o processo. Conhecido como ZEB2, é um gene que se ativa mais tarde no tecido humano, permitindo que as células se dividam mais antes de amadurecer.
Segundo o diário britânico, testes mostraram que atrasar os efeitos do ZEB2 fazia o tecido cerebral dos gorilas crescer, enquanto ativá-lo mais cedo nos organoides do cérebro humano os fazia crescer mais parecidos com os dos macacos.
Trata-se, assim, de uma espécie de interruptor molecular que controla o crescimento do cérebro e é o responsável por tornar o órgão humano três vezes maior do que o cérebro dos grandes primatas.
“O que vemos é uma diferença no comportamento celular desde muito, muito cedo que permite que o cérebro humano cresça mais”, disse Madeleine Lancaster, bióloga do desenvolvimento da Universidade de Cambridge e uma das autoras do estudo.
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