Auroras de Úrano foram captadas pela primeira vez em 2011
através do telescópio Hubble Space, mas as suas origens representam
ainda mistérios que os cientistas não conseguem esclarecer.
Pela primeira vez, os cientistas conseguiram moldar a totalidade do globo de Úrano na parte de infravermelhos do espectro de luz. Com a novidade, espera-se conseguir, finalmente, desvendar as dúvidas em torno das misteriosas auroras do planeta, mas também do seu campo magnético. Numa atitude algo invulgar, a equipa transmitiu todo o processo ao longo de três dias via streaming, o que permitiu a cientistas ou meros curiosos de astronomia de todo o mundo assistir.
Para chegarem a bom porto, os cientistas, pertencentes à Universidade de Leicester, no Reino Unido, utilizaram um telescópio da NASA instalado na base do Hawai, o qual permitiu observar o gigante gelado que orbita o sol 19 vezes mais longe que a Terra. Por falar em Terra, as auroras de de Úrano são despoletadas pelo vento solar, o fluxo de partículas carregadas que emanam também da estrela-mãe, com o campo magnético do planeta. No entanto, o facto de o planeta ter características tão específicas e distintas das da Terra faz com que as suas autoras se comportam de forma muito diferente em relação às famosas auroras boreais.
Por exemplo, o eixo em torno do qual Úrano gira é quase perpendicular ao sol. Isto significa que o planeta roda essencialmente em torno do sol do seu lado com os seus polos virados para a estrela de forma quase direta durante um quarto do ano do planeta, que dura 84 anos terrestres. Para além disso, os polos magnéticos de Úrano não estão alinhados com os seus polos geográficos — tal como na Terra, Júpiter ou Saturno — mas estão inclinados em 60 graus para longe destes. Como resultado, as auroras de Úrano não iluminam o céu acima dos polos geográficos do planeta, mas em lugares muito estranhos e até improváveis.
“A aurora do norte estende-se desde o hemisfério norte em direção ao equador, e até chega ao hemisfério sol. Se quiserem mapear a aurora, não podemos olhar apenas para o topo do planeta. Temos de olhar para toda a sua superfície“, explicou Emma Thomas, aluna do doutoramento em Astronomia da Universidade de Leicester que liderou a investigação.
Para passar para imagens a totalidade da superfície de Úrano, os cientistas tiveram que repartir as suas observações em três janelas de oito horas ao longo de três dias. Tiveram também de coordenar as observações as observações com o período de rotação de Úrano. A partir do momento em que os dados foram combinados, o grupo ficou diante do mapa mais detalho da superfície de Úrano alguma vez elaborado na parte de infravermelhos do espectro.
“Nós queremos perceber onde estão as partes mais brilhantes de Úrano”, afirmou Thomas à Live Science. “Este planeta, por si só será iluminado com o brilho do dia. Qualquer coisa que esteja acima desse nível será porque ou é causado processos internos termais ou auroras. Através da medição da densidade das partículas acima de Úrano, seremos capazes de dizer qual das hipóteses em causa está correta.”
Anteriormente, superfície de Úrano só tinha sido transferida para mapa na parte ultravioleta do espectro graças à missão Voyager 2 da Nasa que, em 1986, passou nas proximidades do planeta e captou imagens aproximadas do seu estranho solo e do ambiente em seu redor. Em 2011, o telescópio Hubble Space detetou pela primeira vez umas auroras luzentes por cima da superfície de Úrano, as quais cobriam superfíceis áreas maiores que a Terra. No entanto, até aos dias de hoje os cientistas continuam a saber pouco sobre este fenómeno e as causas que o originam, esclarece Thomas.
“Ainda não entendemos totalmente a magnetosfera de Úrano e a sua interação com o vento solar”, aponta Thomas. A magnetosfera é uma região em torno do planeta dominada pelo seu campo magnético. “Através do mapeamento das auroras, conseguiremos ter uma compreensão melhor da interação do vento solar com a magnetosfera e, a partir daí, alcançar uma noção mais clara de como as linhas magnéticas são orientadas.”
Ainda assim, os cientistas sabem que os campos magnéticos de Úrano se comportam de uma forma estranha, com as linhas magnéticas a desconectar-se e a reconectar-se durante um próprio dia, aponta um estudo de 2007.
As auroras, por sua vez, não variam apenas consoante a hora do dia, mas também a época do ano, dependendo do lado do planeta que está atualmente iluminado pelo sol e qual dos lados está submerso na escuridão. No entanto, o facto de Úrano demorar o equivalente a 84 anos na Terra a completar uma volta ao sol, os cientistas estão lentamente a construir teorias a propósito destas mudanças.
https://zap.aeiou.pt/as-misteriosas-auroras-de-urano-foram-finalmente-detalhadas-ao-pormenor-pelos-cientistas-439331
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