sexta-feira, 29 de abril de 2022

Os sinais que nos dizem para conduzirmos com prudência provocam acidentes !


Mostrar sinais com avisos sobre as fatalidades na estrada pode distrair os condutores e causar mais acidentes.

De acordo com um novo estudo publicado na Science, os sinais nas auto-estradas que avisam os condutores sobre a mortalidade na estrada e aconselham a condução com cuidado devido ao trânsito ou às condições do piso podem acabar por ser contraproducentes.

Este tipo de sinais não é só mostrado em Portugal e estão presentes em 28 estados nos Estados Unidos.

Os autores analisaram as estatísticas relativas aos acidentes rodoviários no Texas, já que os sinais neste estado mostram os avisos relativos às fatalidades apenas uma semana durante cada mês, o que permite que sejam feitas comparações entre esta e as restantes semanas.

Quando os condutores passam pelos sinais com avisos sobre a mortalidade na estrada, têm uma percentagem 4,5% maior de estarem envolvidos num acidente nos 10 quilómetros seguintes, de acordo com o estudo. Isto pode traduzir-se, em média, em mais 2600 acidentes e 16 mortos nas estradas texanas anualmente.

Comparando os dados sobre os acidentes antes e depois do início da campanha que introduziu estes sinais, os investigadores notaram um impacto negativo imediato devido à distração que estes causavam aos condutores. O efeito equivale a que se circule com uma velocidade entre 4.8 e 8 quilómetros superior.

“Vemos o sinal e pensamos sobre ele, por isso não travamos tão rápido, e estes pequenos erros, 1 em cada 50 vezes, podem causar um acidente. As provas perfeitas seriam alcançadas com um teste aleatório de controlo. Mas acho que realmente temos provas muito, muito convincentes”, revela Jonathan Hall, autor do estudo.

O cientista sublinha que o impacto também depende do número de fatalidades mostrado, já que os números maiores são mais chocantes. No Texas, os valores eram recontados em Fevereiro e a equipa notou uma grande quebra nos acidentes em Fevereiro em comparação com Janeiro, nota a New Scientist.

Hall acrescenta que os autores do estudo escreveram aos responsáveis políticos de todos os estados norte-americanos para os alertarem sobre as conclusões do estudo e a pedirem que experimentem deixar de emitir estas mensagens e fazer as suas próprias comparações. No caso do Texas, o Departamento de Transportes já deixou de passar estes avisos nos sinais.

https://zap.aeiou.pt/sinais-conduzirmos-prudencia-475518

 

Escócia a caminho de ser o primeiro país “renaturalista” !


Reflorestar o território passou a ser a prioridade. 30% das terras públicas podem ser reflorestadas nos próximos oito anos.

Há muitos “desertos ecológicos” na Escócia. Mas esse cenário pode mudar em breve.

A expressão utilizada pela escritora Susan Wright é real. As paisagens verdes, com montanhas bonitas, existem realmente na Escócia. Mas há séculos que o território escocês tem sido desflorestado.

A revista Afar lembra que o abatimento de árvores em larga escala começou ainda no século XVIII. O verde passou a ser ocupado por casas, construções.

No século seguinte, a agricultura também foi motivo para derrubar mais árvores.

Já no século XX, verificou-se que só existia 1% do território total original da Floresta da Caledónia, a maior floresta do país integrado no Reino Unido.

Mas agora é altura de dar a volta à situação.

“Temos o espaço, a riqueza, a experiência e a responsabilidade global de voltarmos à natureza”.

A frase de Richard Bunting, porta-voz da organização sem fins lucrativos Trees for Life (árvores para a vida), resume a intenção de muitos escoceses.

Já desde os anos 60 do século XX que começaram a ser visíveis as tentativas de reflorestação local. Em cerca de 60 anos, mais de 15% da Escócia “natural” foi recuperada.

E a percentagem vai aumentar. Agora há dezenas de projectos, dezenas de instituições empenhadas nesse objectivo.

A Scottish Rewilding Alliance envolve 22 organizações – Trees for Life é uma delas – que querem chegar a um acordo com o Governo local: declarar a Escócia como primeiro “país renaturalista” em todo o mundo.

Em termos práticos, o objectivo é que, nos próximos oito anos, 30% das terras públicas seriam destinadas para reflorestação. Isso passa por recuperar espécies-chave de animais como castores, linces e ostras, ou criar uma zona costeira onde seriam proibidas a drenagem e a pesca de arrasto.

Há um factor psicológico no meio deste processo: tentar educar as pessoas sobre o valor da recuperação da natureza. Fazer com que os escoceses percebam que a natureza pode ajudar na qualidade de vida dos seres humanos – e pode criar empregos.

Para já, no início de 2023, vai ser inaugurado um centro de renaturalização, perto do famoso Loch Ness. Vai haver espaço para visitas, caminhadas, admirar paisagens, plantações, eventos, exposições e para a…educação.

https://zap.aeiou.pt/escocia-primeiro-pais-renaturalista-475756

 

Old Enough está a criar um efeito curioso nos EUA !


Mães e pais adoram o programa japonês, que já é um fenómeno – mas “nunca” haverá um programa do género nos EUA.

Já descrevemos aqui o Old Enough, o programa televisivo japonês que há muito tempo deixou de ser um fenómeno só no Japão. Por causa da Netflix.

Neste programa, há crianças entre dois e seis anos de idade a fazerem recados, quais adultos, sozinhas nas ruas.

Num episódio, por exemplo, uma criança pequena vai sozinha ao supermercado. Os pequenos são “largados” nas ruas para cumprir tarefas sozinhos (embora, obviamente, sejam sempre seguidas pela família e pela produção e haja sempre uma preparação cuidada para cada aventura).

O conceito surgiu já em 1991 mas somente agora atingiu popularidade mundial. E é muito popular nos Estados Unidos da América.

As cenas que a Netflix reproduz têm sido muito comentadas entre pais norte-americanos, que estão “empolgados” com o programa, lê-se no portal Salon.

Como sempre, há uma mistura de críticas, perplexidade e inspiração. Sim, há pais nos EUA que se sentem inspirados por este programa.

Perry Valentine, como pai, está entusiasmado: “O que me surpreendeu e espantou foi a forma como os pais japoneses confiam realmente na comunidade para que os seus filhos possam aprender a realizar sozinhos tarefas simples”.

Há um motivo forte para uma atracção geral nos EUA: é que um programa destes seria impensável no país americano. Por vários motivos.

Um deles é a insegurança que reina em muitas cidades nos EUA, dominadas por episódios de violência e por diversos tipos de crime. Aliás, tem havido conversas, reflexões, sobre o facto de as cidades norte-americanas não serem “amigáveis” para as crianças.

Outro é a rotina centrada no automóvel que reina no país (as próprias estruturas dos EUA acabam por se focar nas pessoas que conduzem e não nas pessoas que andam mais a pé). Estima-se que apenas 10% das crianças vão a pé para a escola.

E outro motivo: as recomendações oficiais são claras. A Academia de Pediatria indica que as crianças até aos 10 anos não devem caminhar sem supervisão.

Pelo contrário, o Japão é visto como um dos países mais seguros do mundo. E basta comparar o número de peões que morrem devido a acidentes rodoviários: no Japão morreram 1.434 pessoas em 2019, o mesmo ano em que, nos EUA, morreram….36 mil peões.

Os pais nos EUA ficaram fascinados com este programa porque mostra “o espectro oposto da paternidade a que estamos habituados”, explicou Devon Kuntzman, especialista em paternidade.

Mas este programa, avisa o artigo, “nunca poderia ser replicado” nos EUA, onde reina a “paternidade de helicóptero” – expressão utilizada par descrever os pais que estão sempre a controlar os filhos.

O “helicóptero” pode criar problemas nas crianças; mas continua a ser o estilo mais popular entre os pais norte-americanos. Há pouca confiança (e percebe-se porquê).

Entretanto, no Reino Unido, já estarão a filmar uma versão própria do Old Enough.

https://zap.aeiou.pt/old-enough-eua-475785

 

Uber admite ter enganado australianos - Vai pagar multa de 19 milhões de dólares !


A empresa alegava que podia ser cobrada uma taxa de cancelamento e inflacionava as estimativas de preços de táxi.

A Uber concordou em pagar uma multa de 26 milhões de dólares australianos devido a condutores que avisavam falsamente que poderia ser cobrada uma taxa de cancelamento aos utilizadores da aplicação, bem como por inflacionar estimativas de viagens de táxi comparáveis.

A Uber B.V., uma subsidiária holandesa da Uber Technologies Inc., com sede em São Francisco, admitiu ter infringido o Direito do Consumidor australiano ao fazer declarações falsas ou enganosas na sua aplicação, revelou a Comissão Australiana da Concorrência e do Consumidor numa declaração.

A primeira infração deveu-se a uma política de cancelamento gratuito, que permite a um cliente cancelar uma reserva sem custos até cinco minutos após um condutor ter aceite a viagem.

Entre pelo menos dezembro de 2017 e setembro de 2021, mais de 2 milhões de clientes australianos que tentaram cancelar dentro desse período de cinco minutos foram avisados: “Poderá ser-lhe cobrada uma pequena taxa, uma vez que o seu motorista já está a caminho”.

A mensagem de cancelamento mudou desde então para: “Não lhe será cobrada uma taxa de cancelamento”, segundo noticia a ABC News.

“Uber admite ter enganado os utilizadores australianos durante vários anos e pode ter levado alguns deles a decidir não cancelar a sua boleia, após receberem o aviso de cancelamento”, admitiu Gina Cass-Gottlieb, presidente da Comissão.

A Uber sublinhou numa declaração que quase todos os utilizadores decidiram cancelar as suas viagens, apesar dos avisos de cancelamento.

A segunda infração dizia respeito às tarifas de táxi estimadas fornecidas pela aplicação aos clientes de Sidney, entre junho de 2018 e agosto de 2020, quando a opção de chamar de táxi foi abandonada.

O algoritmo utilizado para calcular os intervalos tarifários inflacionou as estimativas do táxi. A tarifa real de táxi era quase sempre mais barata do que a estimativa mais baixa da Uber, que não tinha garantido que o algoritmo fosse exato, referiu a comissão.

A Uber pediu desculpa aos utilizadores pela estimativa da tarifa de táxi “ser mais alta do que deveria ser”

A empresa afirmou que cooperou com a comissão e fez alterações à sua plataforma, com base nas preocupações levantadas pelos investigadores.

“Estamos empenhados em elevar continuamente a fasquia — para nós próprios, para a nossa indústria e, mais importante, para as pessoas que utilizam os nossos serviços”, realçou a Uber.

A Uber e a comissão concordaram em pedir conjuntamente ao Tribunal Federal que ordenasse a multa de 19 milhões de dólares (26 milhões de dólares australianos).

A coima máxima que a Uber poderia ter enfrentado é difícil de calcular, porque as penalidades aumentaram acentuadamente durante o período em questão.

https://zap.aeiou.pt/uber-admite-enganar-australianos-vai-pagar-19-milhoes-de-dolares-475723

 

“Musk defende que qualquer Trump deve poder dizer o que lhe apetecer” !


“Pelos vistos, não gosta que alguém ponha ordem no faroeste digital”. Mas a Comissão Europeia está mesmo a tentar colocar ordem.

Elon Musk será o novo dono do Twitter e esse assunto espalha-se pelo mundo.

Em diversos países, diversos espaços de informação ou debate, as questões multiplicam-se: qual será a real intenção do milionário? Como será o Twitter a partir de agora? Haverá reacções de outras plataformas de rede social?

Também já houve reacções dentro da Tesla, empresa dedicada a carros eléctricos que também pertence a Musk: as acções caíram mais de 22% e os investidores temem que a Tesla passe para segundo plano, na lista de prioridades do seu proprietário.

Por cá, as reacções também se multiplicam e, na manhã desta quarta-feira, Francisco Sena Santos começou por dizer que a internet tem sido um “mundo à parte, um faroeste sem lei, sem limites”.

Na rádio Antena 1, o jornalista destacou Donald Trump. O antigo presidente dos Estados Unidos da América utilizou as redes sociais para expor uma “catadupa de aldrabices”; e depois foi castigado nas eleições, quando perdeu para Joe Biden.

Pelo meio, a “atmosfera de ódio” que Trump criou foi fundamental para a invasão ao Capitólio, no início do ano passado.

Sena Santos fala de Donald Trump para fazer a ligação a Elon Musk: “Há uma criatura, Elon Musk, que diz ser um absolutista da liberdade de expressão. Defende que toda a gente deve poder dizer o que lhe apetecer, mesmo que isso que queira dizer seja uma mentira que faça parte de um plano de manipulação, de conspiração”.

“Ou seja”, continuou o cronista, Musk está entre os que defendem que “qualquer Trump deve poder dizer o que lhe apetecer, mesmo que isso seja manipular, espalhar falsidades, distorcer a realidade”.

O multimilionário “parte do facto de ser o homem mais rico do mundo para julgar que esse poder abre portas a todos os caprichos. Conseguiu, em três semanas, dar a volta aos diversos mecanismos de regulação e ampliar o poder que tem, ao comprar a plataforma mais utilizada no jornalismo e na polícia”, descreveu.

Sena Santos salienta que esta compra não é um negócio para ganhar dinheiro porque, segundo o próprio Musk, a prioridade é que o Twitter seja a praça pública, com absoluta liberdade de expressão, sem censuras.

“A questão é que Elon Musk confunde censura com moderação. Pelos vistos, não gosta que alguém ponha ordem no faroeste digital”, criticou Sena Santos, que se centrou depois na Comissão Europeia.

O documento intitulado Digital Services Act é um “arsenal legislativo” para combater os abusos radicais publicados na internet. Pretende que as plataformas eliminem conteúdos ilegais e perigosos, ou por incentivarem ódio, violência e racismo, ou por promoverem outros crimes.

“É um mecanismo de controlo que ainda será testado. Mas há quem já esteja contra, como Musk estará”, analisou Francisco Sena Santos, que também não quer cair no outro extremo, de “uma Rússia que prende a liberdade de expressão”.

SOS Racismo e Amnistia Internacional

A SOS Racismo também reagiu a este negócio e deixou um aviso: esta compra não está relacionada com liberdade de expressão; está relacionada com dinheiro, só.

“Não nos podemos deixar enganar em relação à suposta benignidade e quase altruísmo da sua motivação. Não nos enganemos, não nos está a tentar libertar da máquina da censura. Está a tentar ganhar dinheiro“, declarou a entidade, na CNN Portugal.

A Amnistia Internacional lançou outro alerta: “A última coisa que precisamos é que o Twitter feche os olhos a discursos violentos”.

https://zap.aeiou.pt/musk-trump-475627

 

quarta-feira, 27 de abril de 2022

Meta vai abrir loja física, para mudar a opinião sobre o metaverso !


Meta, a empresa anteriormente conhecida como Facebook, vai abrir a sua primeira loja física a retalho no próximo mês.

A “Meta Store” abre a 9 de maio em Burlingame, na Califórnia, e pretende familiarizar os consumidores com a realidade virtual e o metaverso.

Meta é mais conhecida por ser proprietária da maior plataforma de meios de comunicação social do mundo, mas ultimamente tem vindo a centrar-se na construção de um metaverso,segundo o Gizmodo.

A empresa tem feito esforços para ser associada ao termo do metaverso, descrevendo-o como sendo um ambiente híbrido online, que funde os mundos físico e digital, através de tecnologias emergentes como a realidade aumentada e virtual.

Não está enganado se pensar que se parece muito com o famoso Second Life. Meta é um dos muitos gigantes da tecnologia que aposta em plataformas de realidade virtual, tornando-se o futuro do jogo, interação social e trabalho online.

Até agora, a quantidade de consumidores era relativamente baixa, devido a custos historicamente elevados e hardware volumoso e potencialmente confuso.

Mas a Meta é claramente das primeiras empresas a fazer este avanço, com os seus aclamados fones de ouvido Quest 2, a reclamar uma quota significativa de um mercado em rápido crescimento.

Vale a pena notar aqui que o Quest foi originalmente vendido sob o nome Oculus, sendo a Oculus a empresa de realidade virtual focada principalmente em jogos que a então Facebook comprou em 2014.

No entanto, a Meta procura apelar a uma gama mais vasta de pessoas, para além de jogadores, adotando um estilo acolhedor em madeira na sua loja.

“Depois de as pessoas experimentem a tecnologia, podem ganhar uma melhor apreciação por ela. Se fizemos bem o nosso trabalho, as pessoas devem sair e dizer aos seus amigos: ‘Têm de ir ver a Meta Store‘”, escreveu Martin Gilliard, chefe da Meta Store, num comunicado da empresa.

A loja da Meta espera mudar opiniões, dando aos clientes uma exposição prática das mais recentes tecnologias de realidade virtual e realidade aumentada.

Na loja, encontra-se um ecrã LED de “parede a parede”, que exibe o que quer que esteja a ser mostrado nos fones Quest 2 da Meta.

As demonstrações na loja vão concentrar-se em jogos, e incluirão títulos populares como Beat Saber, GOLF+, Real VR Fishing ou Supernatural.

“A Meta Store vai ajudar as pessoas a fazer essa ligação à forma como os nossos produtos podem ser a porta de entrada para o metaverso no futuro. Não vamos vender o metaverso na nossa loja, mas esperamos que as pessoas entrem e saiam sabendo um pouco mais sobre como os nossos produtos os vão ajudar”, acrescentou ainda Gilliard.

Mark Zuckerberg, CEO da Meta, realçou que a loja daria aos clientes uma “sensação do que está para vir enquanto construímos o metaverso” — que não envolve exclusivamente realidade virtual ou aumentada.

A Meta vai mostrar também o Portal, produtos de captura de vídeo de exposição inteligente, e Ray-Ban Stories, um par de óculos de sol inteligentes semelhantes aos Snap Spectacles, um lançamento para os próximos óculos de realidade aumentada.

Não há qualquer menção a estes produtos que não inclua uma nota de rodapé sobre o mau tratamento de dados pessoais dos utilizadores por parte da Meta.

A montra da Meta deverá mostrar um feedback dos clientes que experimentam estes produtos pessoalmente.

Se as pessoas começarem a aderir ao metaverso, a Meta poderá expandir significativamente a sua pegada.

Segundo o The New York Times, “pessoas com conhecimento do projeto” e documentos da empresa, relataram no ano passado que a empresa de Zuckerberg poderia abrir lojas de retalho em todo o mundo.

https://zap.aeiou.pt/meta-vai-abrir-loja-fisica-para-mudar-a-opiniao-sobre-o-metaverso-475550

 

Programa de “educação patriótica” vai criar a próxima geração de fiéis a Putin !


A Rússia tem um programa de “educação patriótica” montado em várias frentes com o objetivo de criar a próxima geração de fiéis a Vladimir Putin.

À medida que a Rússia muda o foco da sua “operação militar especial” na Ucrânia para a região do Donbass, parece não haver fim à vista para os combates. O número de vítimas de ambos os lados está a aumentar.

Embora a Ucrânia possa convocar os seus cidadãos para ajudar a defender a sua pátria da agressão russa, a capacidade de Moscovo de reunir e manter o apoio a esta guerra entre os russos será crucial para sustentar o seu esforço militar.

O Kremlin considera as crianças e os jovens uma parte vital desse esforço. O governo lançou uma série de campanhas de educação patriótica voltadas para a juventude russa para incentivá-los a considerar a guerra na Ucrânia como uma continuação da Segunda Guerra Mundial e a sentir uma ligação pessoal com os soldados russos que lutam lá.

A propaganda direcionada aos jovens não é novidade na Rússia. Quando os bolcheviques tomaram o poder em 1917, introduziram a educação patriótico-militar para preparar a próxima geração para a guerra. Durante o período de Brezhnev, de 1964 a 1982, o foco das atenções voltou-se para a vitória da União Soviética sobre os nazis no que a Rússia ainda chama de “grande guerra patriótica”.  

Havia uma forte dimensão psicológica na educação patriótico-militar soviética durante a Guerra Fria. Histórias heroicas de auto-sacrifício durante a grande guerra patriótica foram usadas para desenvolver a devoção das crianças à pátria.

Seja através de atividades em grupos de jovens ou em ambientes educacionais mais formais, uma mensagem clara foi entregue aos jovens: eles tinham a responsabilidade de preservar a memória da vitória que os seus pais e avós alcançaram.

Desde o colapso da URSS, a memória da grande guerra patriótica tornou-se ainda mais importante para a educação na Rússia. Os jovens não apenas foram encarregados de preservar a versão da história do Estado, mas também devem estar vigilantes e denunciar os esforços de outros para “falsificar” e “diminuir” o papel histórico da Rússia no mundo.

A memória da grande guerra patriótica também é central para a forma como Moscovo está a justificar a sua guerra na Ucrânia para a sociedade russa. A alegação infundada de que a Rússia foi forçada a intervir para combater o crescente sentimento nazi na Ucrânia agora está a ser incorporada nas mensagens direcionadas aos jovens russos.

Um aspeto desta campanha foi o lançamento da iniciativa “A força está na verdade”. A cerimónia de abertura em Moscovo contou com a presença de alunos de várias regiões da Rússia, incluindo membros do Movimento Nacional do Exército Jovem criado em 2015.

No seu discurso na cerimónia, o ministro da Educação da Rússia, Sergey Kravtsov, disse que uma situação como a da Ucrânia nunca mais vai voltar a acontecer, porque “temos jovens maravilhosos… porque vocês acreditam na Rússia, no nosso país, nos nossos professores, nas nossas vitórias”.

Outra vertente desta campanha é o uso da memória do Holocausto para trazer as atrocidades nazis para a vanguarda da consciência da juventude e fazer associações com a guerra na Ucrânia.

No dia 19 de abril, o Museu da Vitória em Moscovo abriu uma exposição intitulada “Nazismo Comum”. A exposição destaca “as atrocidades dos nacionalistas ucranianos durante a Segunda Guerra Mundial, bem como os crimes em massa e o terror dos neonazis modernos contra os habitantes da Ucrânia em 2014-2022″.

O mesmo dia também foi marcado como o Dia da Ação Unida na Rússia em memória do genocídio do povo soviético que começou na Rússia pelos nazis e seus cúmplices. O evento envolveu concertos, exposições, comícios e apresentações em escolas e universidades em toda a Rússia.
Geração ‘Z’

Nas escolas de toda a Rússia, os professores estão a tentar encontrar formas adequadas à idade de conectar crianças e jovens com os soldados que lutam na Ucrânia.

As crianças mais novas recebem tarefas simples, como desenhar e colorir figuras da fita ‘Z’ ou ficar em formações para fazer a forma dessa letra. A letra tornou-se um símbolo da guerra e tornou-se uma espécie de distintivo para aqueles que a apoiam.

As crianças mais velhas escrevem cartas para soldados que servem na Ucrânia, especialmente soldados que são das suas cidades ou regiões. As escolas estão também a receber carteiras com imagens e detalhes biográficos de soldados ilustres inscritos nelas.

Estes esforços para entregar mensagens cuidadosamente construídas sobre a guerra na Ucrânia para crianças e jovens servem a vários propósitos.

Há benefícios de curto prazo, como encorajar uma atitude positiva em relação ao serviço militar em adolescentes mais velhos que serão elegíveis para o recrutamento num futuro próximo. Dado o número de soldados russos relatados como mortos até agora, o recrutamento continuará a ser uma parte crucial do esforço de guerra.

O trabalho de alcançar os jovens com estas mensagens também torna mais adultos russos cúmplices no apoio à narrativa do Kremlin. Alguns professores podem apoiar genuinamente a guerra, mas para muitos, esta será apenas mais uma maneira de mostrar aos seus chefes que estão a fazer bem o seu trabalho – e talvez mostrar ao estado que são cidadãos leais.

As consequências para aqueles que se recusam podem ser graves: há evidências de alunos a denunciar os seus professores por fazerem comentários desleais.

A longo prazo, a educação patriótica visa estabelecer um sentimento profundo e duradouro de patriotismo, dever e amor ao país na próxima geração de cidadãos russos, juntamente com um grande respeito pelos militares como instituição.

A criação de gerações futuras que podem ser facilmente moldadas para acreditar nas mensagens do Kremlin e cumprir as suas agendas é uma característica importante dos soldados-brinquedo de Putin.

https://zap.aeiou.pt/programa-de-educacao-patriotica-visa-criar-a-proxima-geracao-de-fieis-a-putin-474815

 

A UE está a construir um túnel de 11 mil milhões de dólares que liga a Escandinávia ao Mediterrâneo !


O Corredor Escandinavo-Mediterrâneo será o quinto dos nove eixos prioritários da Rede Transeuropeia de Transportes.

O gigantesco túnel de mais de 4.000 quilómetros tem um preço estimado de 11 mil milhões de dólares. Será o o quinto dos nove eixos prioritários da Rede Transeuropeia de Transportes, um conjunto de redes de transporte concebido para facilitar a comunicação de pessoas e mercadorias em toda a União Europeia (UE).

Segundo o Interesting Engineering, estende-se desde a Finlândia e Suécia, no norte, até à ilha de Malta, no sul, passando pela Dinamarca, Alemanha, zonas industriais do norte de Itália e portos do sul de Itália.

O maior problema a resolver são os Alpes suíços, uma vez que a cordilheira entre Munique e Verona representa um importante ponto de engarrafamento para o corredor.

Programado para ficar operacional em 2028, o túnel ferroviário tem como objetivo aliviar o tráfego, ao mesmo tempo que atinge os objetivos ambientais estabelecidos pela UE, assegurando a transferência modal da estrada para o caminho-de-ferro.
Segundo o canal de Youtube B1M, a linha férrea do Brenner “é a passagem mais baixa pelos Alpes e pode ser utilizada durante todo o ano“. Foi construída em 1867 e, nos anos 70, foi-lhe acrescentada a auto-estrada E45, criando assim uma importante via de circulação de mercadorias do Mar do Norte para o Mediterrâneo e vice-versa.

Atualmente, a passagem do Brenner transporta 40% de todas as mercadorias sobre os Alpes. No entanto, as inclinações acentuadas e o impacto que tem na redução da velocidade dos comboios estão a prejudicar o transporte férreo. Resultado: mais de dois terços das mercadorias viajam por estrada.

Além disso, o mercado de lazer naquela região tornou a área propícia a engarrafamentos, ruído e má qualidade do ar.

Estima-se que este grande projeto de engenharia esteja concluído entre 2026 e 2028. O túnel, que começa em Innsbruck, na Áustria, percorre 55 quilómetros até chegar a Fortezza, em Itália. Uma vez concluído, ligar-se-á aos túneis de desvio de Innsbruck, resultando na mais longa ligação ferroviária subterrânea do mundo, percorrendo um total de 64 quilómetros.

https://zap.aeiou.pt/ue-tunel-escandinavia-ao-mediterraneo-473653

 

Tribo da Califórnia foi erroneamente declarada “extinta” há 100 anos !


Novas descobertas de uma análise de ADN provam que a tribo Muwekma Ohlone, da Califórnia, foi erroneamente declarada extinta há 100 anos.

Antes de os conquistadores espanhóis chegarem, a Califórnia estava repleta com mais de um milhão de nativos americanos. A população indígena entrou em decadência e, na década de 1920, havia menos de 20 mil. Muitas tribos, como a tribo Muwekma Ohlone, foram oficialmente declaradas “extintas”.

O antropólogo Alfred Kroeber declarou o povo Ohlone “extinto no que diz respeito a todos os propósitos práticos”, observando que apenas “alguns indivíduos dispersos sobrevivem”.

No entanto, uma nova análise de ADN mostra que as raízes dos Muwekma Ohlone são muito mais antigas do que se pensava. Especialistas escavaram os restos mortais de 12 pessoas enterradas na região há 2.000 anos e encontraram ligações genéticas com membros modernos da tribo.

Embora apenas 500 Muwekma Ohlone permaneçam vivos hoje em dia, esta descoberta pode finalmente garantir-lhes o reconhecimento federal pelo qual lutam, desta o All That’s Interesting.

Durante décadas, os Muwekma tentaram recuperar o estatuto reconhecido pelo Governo federal, que perderam após terem sido declarados “extintos”.

Especialistas sugeriam que o povo Ohlone migrou para lá de 1.500 a 1.000 anos atrás. Mas, segundo o The New York Times, a tribo há muito alega que a sua presença na região é mais antiga.

O novo estudo, publicado recentemente na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, revela que a ligação dos Muwekma à área da baía da Califórnia remonta a pelo menos 2.000 anos.

“Validação, finalmente”, disse Monica Arellano, vice-presidente da tribo e coautora do estudo. “A isto ajuda todas as informações que divulgamos, anos a compilar e a fazer pesquisas para provar quem somos”.

Já depois de ficarem sem as suas terras, os membros da tribo começaram a solicitar novamente o reconhecimento federal do governo dos Estados Unidos — sem sucesso. Mas este novo estudo pode finalmente inverter a maré das coisas. 
 


Escavações no sítio arqueológico de Síi Túupentak.

Em 2014, com obras iminentes a ameaçar destruir antigas terras tribais, os membros da tribo moderna solicitaram a ajuda da empresa de consultoria Far Western Anthropological Research Group.

“Quando você é um estudante a fazer o seu trabalho, não é comum ter este tipo de ligação direta com as pessoas que são ‘os dados’ com os quais você está a trabalhar”, disse a autora principal do estudo, Alissa Severson. “Temos que ter esse diálogo, onde poderíamos discutir o que estamos a fazer e o que encontramos, e como isso faz sentido com a história deles. Eu senti-me muito sortuda por estar a trabalhar neste projeto”.

https://zap.aeiou.pt/tribo-da-california-foi-erroneamente-declarada-extinta-ha-100-anos-474616

 

Maquinista sofreu corte salarial por atraso de 1 minuto - Só recebeu dinheiro de volta já depois de morto !


Hirofumi Wada sofreu um corte salarial por se ter atrasado um minuto. Já depois de morto, o tribunal deu-lhe razão e devolveu-lhe 40 cêntimos.

Um maquinista japonês sofreu um corte salarial depois de ter provocado um atraso de um minuto na linha. Sentindo-se injustiçado com a decisão, Hirofumi Wada decidiu avançar para tribunal, acusando a empresa de ter cortado injustamente o seu salário.

O tribunal acabou por lhe dar razão, embora a decisão apenas tenhas surgido já semanas depois de o homem ter morrido. Wada vai agora receber 56 ienes — 40 cêntimos — de volta.

Tudo aconteceu em junho de 2020. Wada tinha de conduzir um comboio vazio até outra estação, mas antes de fazê-lo, enganou-se na plataforma e, como tal, saiu da estação um minuto depois do que estava previsto.

A sua empregadora, a West Japan Railway, argumentou que o maquinista não trabalhou durante aquele minuto e reduziu o seu salário, conta a VICE.

O tribunal de Okayama ditou a decisão esta semana, um ano depois de Wada interpor a sua ação judicial. Mas o pior é que a decisão foi tomada já depois de o maquinista de 59 anos falecer.

O tribunal ordenou que a West Japan Railway deveria, assim, devolver os 40 cêntimos que tinha deduzido ao seu trabalhador. Por outro lado, rejeitou a reivindicação adicional de 2,2 milhões de ienes (15.883 euros) em compensação por sofrimento emocional.

Os sindicatos comemoraram a vitória em tribunal e veem a decisão como um passo para melhorar os direitos laborais.

“Ficou muito claro que Wada ainda estava a trabalhar durante aquele minuto controverso”, disse Goto Maekawa, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da West Japan Railway, à VICE.

As empresas ferroviárias japonesas orgulham-se da sua pontualidade, embora os direitos do trabalhadores nem sempre sejam os melhores de forma a garantir a chamada pontualidade britânica — ou, neste caso, japonesa.

“É uma maneira de vigiar constantemente os seus funcionários e, se eles cometerem um erro, aplicariam punições bastante severas, como cortes salariais ou demissões, até mesmo fazer você escrever relatórios para dizer que nunca mais cometerá esse erro”, disse Maekawa quanto à punição pelo atraso de um minuto.

https://zap.aeiou.pt/maquinista-corte-salarial-atraso-1-minuto-474602

 

segunda-feira, 25 de abril de 2022

Água potável a partir de ar e luz do sol ? Uma empresa norte-americana já o conseguiu !


Empresa Source Global criou hidropanéis utilizam energia solar para condensar a água potável limpa e sem de poluentes do ar.

A finitude dos recursos hídricos é uma das maiores preocupações dos ambientalistas, que tentam sensibilizar os cidadãos para a importância de poupar água potável. De facto, a crescente escassez de água exacerbada pelas alterações climáticas catastróficas, assim como a promessa de fácil acesso a água limpa e potável soa como um sonho que não está próximo a realidade.

Para ilustrar este cenário, é importante referir que as mudanças constantes nos padrões do ciclo da água e os aumentos drásticos na extração para uso humano estão a tornar mais difícil o acesso a água potável segura. Segundo um relatório da UNICEF e da Organização Mundial de Saúde, uma em cada três pessoas no mundo não tem acesso a água potável segura. As catástrofes naturais podem também destruir ou contaminar o abastecimento de água, tornando as comunidades periféricas mais susceptíveis a doenças como a cólera e a febre tifoide.

A UNICEF também aponta que, todos os dias, mais de 700 crianças com menos de cinco anos morrem de diarreia como consequência do consumo de água inadequada, saneamento e higiene.

Outra das consequências do aumento do stress hídrico origina uma maior competição por água. Isto, por sua vez, pode levar a conflitos. A guerra civil da Síria, em grande medida, tem estado ligada a uma seca severa – a título de exemplo.

Embora as técnicas de condensação da água do ar sejam utilizadas há décadas, a maioria dos condensadores modernos concebidos para produzir grandes quantidades de água precisam de ser ligados à rede eléctrica, substituindo um problema por outro, sobretudo de considerarmos os territórios mais pobres. Mas, e se houvesse uma solução? E se for possível retirar água do ar sem utilizar carbono adicional ou existir a necessidade de rede elétrica?

Os hidropanéis da Source Global propõem-se a fazer exatamente isso, com a tecnologia a ser mais ciência do que ficção. Na realidade, os hidropanéis utilizam energia solar para condensar a água potável limpa e sem de poluentes do ar. O reservatório de água incorporado também pode ser canalizado para as casas, diretamente para a torneira de água potável. Posteriormente, o sistema começa a mineralizar a água para a tornar mais dura e o seu sabor mais forte, com isto a resultar na alta qualidade prontamente disponível.

Os hidropanos da Source já chegaram a casas de 52 países. Analisando esta conquista, Thomas Borns, gestor de vendas da Source Global, lembrou que “as raparigas e as mulheres passam em média 200 milhões de horas diárias a recolher água”. Foi, precisamente, essa a principal motivação da empresa para chegar a esta invenção. Para Cody Friesen, fundador, este trabalho e obrigação já não faz qualquer sentido aos dias de hoje, daí ter começado a procurar uma forma alternativa de explorar este recurso ilimitado, chegando assim vapor de água no ar.

Tal como nota o Interesting Engineering, o Hydropanel pode ser uma bênção para as pessoas com fraco acesso a água potável, que têm de se deslocar durante horas para a ir buscar e não possuem acesso a uma fonte de energia fiável. Em todo o mundo, o peso desta responsabilidade recai prioritariamente sobre as mulheres, o que as impede de prosseguir a educação, de se dedicarem a atividades recreativas e desportivas, e de saírem da pobreza.

Naturalmente, esta questão global não afeta apenas as nações em desenvolvimento ou as pessoas que vivem nelas. Infraestruturas deficientes, a falta de transparência na origem da água, segurança e custo são também problemas persistentes nas nações desenvolvidas.

“O impacto mais importante dos hidropanéis pôde ser visto apenas em algumas horas da nossa empresa: na Navajo Nation, no norte do Arizona. Ali, apesar das águas subterrâneas terem sido contaminada em grande parte por minas de urânio empobrecido na área, a instalação de hidropanéis fez-se de imediato, diz Borns.

Ou seja, o impacto da tecnologia pode ser sentido até em territórios como os Estados Unidos. “Acho que é importante para as pessoas compreenderem que a água não é um assunto específico do mundo em desenvolvimento. É um problema nos Estados Unidos hoje em dia”, explicou Borns.

https://zap.aeiou.pt/agua-potavel-a-partir-de-ar-e-luz-do-sol-uma-empresa-norte-americana-ja-o-conseguiu-475096

 

Rússia vai instalar mísseis nucleares até ao outono - Têm capacidade para atacar os EUA !


Depois do teste bem sucedido dos mísseis intercontinentais balísticos Sarmat, o chefe da Roscosmos garante que serão instalados até ao outono.

Esta quarta-feira, a Rússia testou com sucesso os seus mísseis intercontinentais balísticos Sarmat. Como tal, o chefe da agência espacial russa Roscosmos, Dmitri Rogozin, adiantou que há planos para instalá-los até ao outono.

Embora o primeiro teste de lançamento tenha sido um sucesso, especialistas ocidentais argumentam que serão precisos mais testes antes de o míssil ser posicionado. Como tal, o objetivo definido por Rogozin mostra ser algo ambicioso.

Segundo a agência Reuters, os Sarmat têm “capacidade para transportar dez ou mais ogivas nucleares e engodos” e “atingir alvos a milhares de quilómetros de distância”, como os Estados Unidos ou a Europa.

Os Sarmat serão instalados nos silos dos Voevoda, os mísseis do tempo soviético que vão substituir. Os silos estão localizados na região siberiana de Krasnoiarsk, cerca de 3 mil quilómetros a leste de Moscovo.  

A notícia chega numa altura em que se teme o recuso a armas nucleares dada a tensão crescente da guerra na Ucrânia.

O novo míssil Sarmat Satan II “tem as mais altas características tácticas e técnicas e é capaz de superar todos os meios modernos de defesa anti-mísseis”, sublinhou Putin sobre o teste bem-sucedido, salientando que “não tem análogos no mundo” e que “não terá por muito tempo”.

“Esta arma verdadeiramente única fortalecerá o potencial de combate das nossas Forças Armadas, garantirá de maneira confiável a segurança da Rússia contra ameaças externas e dará o que pensar àqueles que, no calor da retórica agressiva frenética, tentam ameaçar o nosso país”, acrescentou ainda Putin.

Com mais de 200 toneladas, o Sarmat é considerado mais eficaz que o seu antecessor, o míssil Voievoda, com um alcance de 11.000 quilómetros.

https://zap.aeiou.pt/russia-instalar-misseis-nucleares-outono-475214

 

Flórida censura 54 livros de matemática !


Em causa estão referências a assuntos proibidos. Há alegadas referências à Teoria Crítica do Racismo, assunto delicado nos EUA.

É um título estranho, é um assunto estranho, mas aconteceu: nesta semana o departamento de educação da Florida, nos Estados Unidos da América, anunciou que censurou livros de matemática.

Foram analisados 132 livros da disciplina e, na segunda-feira, as autoridades locais informaram que rejeitaram quase metade: 54 livros.

Não foi publicado qualquer exemplo dos “assuntos proibidos” incluídos nos manuais. E não foi publicada a lista dos livros recusados.

No entanto, alegadamente, os livros têm referências à Teoria Crítica do Racismo, que estuda o racismo estrutural nos EUA – e que é um assunto constante e muito delicado no país.
 
O departamento explicou em comunicado que os livros não cumprem os padrões de conteúdo do Estado: “A maioria dos livros rejeitados destinava-se aos níveis do infantário ao quinto ano; e uns alarmantes 71% dos livros não estavam alinhados com as regras da Flórida ou incluíam assuntos proibidos”.

Entre esses assuntos proibidos, é referida a Teoria Crítica do Racismo: “21% dos livros foram proibidos porque incorporam conteúdo de tópicos proibidos ou estratégias não solicitadas, incluindo a Teoria Crítica do Racismo”.

Essa teoria é ensinada e partilhada sobretudo a nível académico e tenta estudar o racismo e o seu impacto na sociedade dos EUA; analisa-se a discriminação racial no acesso à educação, ao mercado da habitação e ao apoio jurídico.

“O governador da Flórida está a tentar transformar as salas de aula num campo de batalha político. E isto é apenas o começo”, avisou o congressista Carlos Smith, dirigindo-se ao governador republicano Ron DeSantis.

DeSantis deu os parabéns ao departamento de educação por esta medida e acusou alguns editores de livros escolares de “doutrinar” crianças com “conceitos como essencialismo racial, especialmente entre alunos do ensino fundamental”.

Já no ano passado, o conselho de educação da Flórida decidiu proibir o ensino da Teoria Crítica do Racismo nas escolas públicas.

https://zap.aeiou.pt/florida-censura-livros-matematica-474923

 

Coronavírus: 6 perguntas ainda sem resposta !


Quase dois anos e meio depois do primeiro caso de COVID-19, ainda há “mistérios” que os especialistas estão a tentar perceber.

Novembro de 2019. Surge o primeiro caso, pelo menos conhecido, de COVID-19. Em Wuhan, na China.

Abril de 2022. A pandemia continua por aí, embora mais suave do que noutros tempos, e continua a haver “mistérios” por resolver.

O portal Stat, dedicado a notícias sobre saúde, elaborou nesta semana uma lista de seis perguntas ainda sem resposta consensual, quase dois anos e meio depois do aparecimento do coronavírus.

Evolução

A primeira é talvez a principal: como vai evoluir o vírus SARS-CoV-2?

As variantes Delta e Ómicron foram as mais comentadas. Mas o alfabeto grego deverá continuar a ser explorado, nos próximos tempos.

Os especialistas são cautelosos quando o assunto é a evolução do vírus. O princípio básico e orientador é: o vírus quer sempre replicar-se, espalhar-se. Continuará a ser contagioso e continuará a procurar variantes novas, mutações diferentes, que consigam “fugir” da imunidade dos humanos – sim, há a probabilidade de actualização de vacinas (já vamos lá).

Também há por exemplo o cenário provável de novos casos de “vírus recombinantes”, ou seja, casos de fusão de duas variantes existentes (quando dois vírus infectam a mesma célula).

Resumindo: os vírus podem assumir mutações aleatórias e ser mais – ou menos – perigosos para os humanos. É arriscado fazer previsões; mas há a noção de que é possível surgir uma “combinação desastrosa” numa variante que, ao mesmo tempo, seja muito eficaz no contágio e apresente consequências negativas para a saúde.

Vagas

Segunda pergunta: como serão as novas vagas?

Volta a ser arriscado fazer previsões mas não é arriscado afirmar que a pandemia não acabou. Ainda nem passou para endemia, segundo a Organização Mundial da Saúde

Por isso, pode haver medidas que deixem de ser obrigatórias – tivemos nesta quinta-feira o caso português, em relação às máscaras – mas essas posturas continuam a ser altamente recomendadas.

Não há certezas em relação a novas vagas – sazonais ou não, por exemplo – mas há (praticamente) a certeza de que, quanto maior for o número de pessoas infectadas e/ou vacinadas, maior é a imunidade a nível global. E menor é a probabilidade de casos graves: a maioria das pessoas que têm morrido nos últimos meses não estava vacinada.

Resumindo: o vírus passará a ser um “incómodo” global em vez de crise global.

Estreantes

Terceira questão: quem nunca foi infectado deve estar mais preocupado?

Talvez não. Por um lado, a evidência científica indica-nos que as pessoas que já registaram casos de COVID-19 ganham imunidade maior, sobretudo se também tiverem recebido a vacinação completa.

Por outro lado, a tendência é que a pessoa nunca infectada tenha uma vantagem: a variante que a “apanhar” – se apanhar – será mais leve, com menos sintomas graves.

Transmissão

Quarto ponto: como é transmitido o vírus entre humanos?

Para trás ficaram as “paranóias” de limpar até o corrimão do prédio e de não tocar em campainhas, com receio de contágio. É muito raro uma superfície ser contagiosa.

Está visto que o coronavírus se transmite essencialmente através de fluxos de partículas invisíveis, que circulam pelo ar quando falamos, cantamos, espirramos, tossimos, ou simplesmente quando respiramos.

No entanto, ainda continua a ser difícil definir o processo exacto de contágio. Por exemplo: estão duas pessoas a conversar e uma contagiou a outra – quando? Porque se tocaram? Foi por causa de falarem perto uma da outra? Foi porque a infectada estava a…respirar? Como funcionam os aerossóis?

Descobrir estes pormenores importantes é caro, é “tecnologicamente assustador” e é “eticamente complicado”, avisa o artigo.

Combate

Quinta questão: vem aí uma geração superior de testes, vacinas e terapias?

É quase certo que está para chegar ferramentas de combate mais avançadas, tecnologicamente – mas depois entra o aspecto financeiro e muitas dessas novidades podem nem chegar ao mercado.

Os testes que se vão utilizar deverão ser os que já estão a ser utilizados.

As vacinas poderão ser actualizadas mas aí entra novamente o contexto financeiro: quantas farmacêuticas estão disponíveis a fazer novos ensaios que custam milhões de euros? E quantas pessoas estariam agora disponíveis para esses ensaios? A probabilidade maior é: surgirão novas e melhores vacinas, mas não para já. E não para todos.

Já as terapias devem ter o futuro mais animador, entre este trio. Há medicamentos a surgir, há novas formas de combate a serem desenvolvidas, tratamentos orais que já mostraram que são eficazes.

COVID longa

Última pergunta: até quando vamos procurar explicações sobre a COVID longa?

Ainda se sabe pouco sobre a long COVID, os casos em que a doença persiste no ser humano.

Estão a ser estudados os sintomas, fazem-se comparações com o VIH, vírus da SIDA, estudam-se os problemas cognitivos e físicos em clínicas de reabilitação, procuram-se respostas nas inflamações crónicas, na persistência do vírus.

No fundo, muitos cientistas atravessam uma fase de medicina experimental. O progresso tem sido assinalável mas não há resposta exacta para a pergunta ali acima.

https://zap.aeiou.pt/coronavirus-perguntas-resposta-474885

 

Rússia diz que a Europa não agunta uma semana sem gás russo !


Enquanto o FMI diz que a União Europeia aguentaria seis meses sem o gás natural russo, Moscovo argumenta que a Europa não duraria “nem uma semana”.

Apesar dos vários pacotes de sanções da União Europeia à Rússia, o gás natural continua a ser um recurso que fica esquecido. A Europa sabe da importância deste combustível fóssil e a sua dependência dos russos deixa o Velho Continente muito limitado na sua ação.

Se, de facto, a Europa interrompesse a torneira de gás russo, quanto tempo poderia sobreviver? O Ocidente e a Rússia tem duas respostas completamente diferentes — ainda que nenhum dos cenários seja animador.

Esta sexta-feira, o chefe do Departamento Europeu do Fundo Monetário Internacional (FMI) disse que a Europa seria capaz de aguentar, sem grandes consequências, durante seis meses.

“Ao longo dos primeiros seis meses a Europa consegue lidar com tal embargo, tendo alternativas de fornecimento e usando o stock existente”, explicou Alfred Kammer em declarações à AFP.

“Se o embargo durasse até ao inverno, e durante esse período, isso teria efeitos significativos”, realçou Kammer.

No entanto, há alternativas que podem ser tomadas, como reduzir o consumo ou até reunir mais reservas.

Ora, Moscovo tem uma opinião diferente e acredita que a Europa não duraria nem uma semana sem o gás natural proveniente da Rússia.

“Vamos ser sérios, não durariam uma semana”, disse o vice-presidente do Conselho de Segurança da Federação Russa, Dmitry Medvedev, citado pela agência estatal russa TASS.

Um documento da Comissão Europeia deu conta que as empresas europeias vão poder continuar a comprar gás natural russo em euros e dólares sem quebrarem as sanções em vigor. Medvedev reagiu com ironia nas redes sociais.

“A Comissão Europeia permitiu o pagamento do gás natural em rublos e acredita que o decreto do presidente da Rússia ainda pode ser aplicado nos negócios europeus. Apreciamos a consistência e a integridade dos nossos parceiros europeus”, escreveu Medvedev, no Instagram.

Entre os 27 Estados-membros da UE, Portugal é o terceiro país onde as exportações para a Rússia são menores, apenas atrás da Malta e da Grécia. Portugal será um dos países da União Europeia que menos deve sofrer com o conflito na Ucrânia e as consequentes sanções impostas a Moscovo.

“A nossa dependência em relação à Rússia é residual no domínio do gás. Portugal tem uma dependência mínima face à Rússia”, disse o então ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, no passado mês de março.

https://zap.aeiou.pt/quanto-aguenta-europa-sem-gas-russo-475209

 

sábado, 23 de abril de 2022

Putin e líder checheno tinham plano para assassinar Zelenskyy !

Vladimir Putin e Ramzan Kadyrov.
O Presidente russo, Vladimir Putin, e o líder checheno, Ramzan Kadyrov, tinham preparado três grupos de soldados para assassinar Volodymyr Zelenskyy.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, já sobreviveu a, pelo menos, mais de uma dúzia de tentativas de assassinato desde o início da invasão russa. Isto de acordo com os relatos do seu chefe de gabinete, Mikhail Podolyak, no início do mês passado.

Uma delas envolve Ramzan Kadyrov. O líder checheno terá recebido um plano para assassinar os principais líderes da Ucrânia durante a sua reunião com o presidente russo, Vladimir Putin, no dia 3 de fevereiro, ainda antes da invasão da Ucrânia.

A informação foi avançada esta quinta-feira pelo secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, Oleksiy Danilov, em declarações à Rádio NV, citado pela Ukrinform.

O plano para assassinar o presidente foi acordado nessa reunião entre Putin e Kadyrov, com o último a comprometer-se a que a sua unidade completasse a missão. O líder checheno prometeu ao Presidente russo que iria contratar três grupos para levar a cabo o assassinato.  

Os serviços secretos ucranianos tinham conhecimento deste plano da Rússia, que acabou por falhar, detalhou Danilov.

“Estávamos a monitorizar os três grupos. Um deles foi eliminado pelos nossos militares. Os outros dois mais tarde foram retirados do nosso país. Um está agora na região de Donetsk, o outro está na cidade de Mariupol, mas eles não estão na linha da frente”, disse Danilov.

Os planos originais da Rússia contavam que Kiev caísse apenas ao fim de três dias. Como tal, os grupos de militares chechenos esperavam um “corredor verde” para conseguir chegar à capital ucraniana em segurança para matar o Presidente ucraniano.

Danilov realçou que não sabe onde está atualmente Kadyrov. “Posso dizer com certeza que ele nunca esteve aqui. Todas essas fotos encenadas presumindo que ele estava na zona de guerra são um disparate total”, atirou.

https://zap.aeiou.pt/putin-lider-checheno-assassinar-zelenskyy-474956

 

3 euros por litro de gasolina, em Bissau em garrafas de água !


Capital da Guiné-Bissau ocupada por dezenas de pessoas que estão, na rua, a vender garrafas de 1,5 litros, com gasolina. Custam 4,5 euros.

Dezenas de pessoas estão espalhadas pelas avenidas de Bissau a vender gasolina a 4,5 euros por 1,5 litros depois de vários postos de abastecimento da capital guineense terem esgotado o combustível ou começado a controlar a sua venda.

A maior parte dos jovens que se encontram a vender a gasolina em garrafas de água de 1,5 litros não querem ser identificados e recusaram falar à Lusa, mas adiantaram que vão comprar a gasolina ao Senegal e vendem a garrafa por 3.000 francos cfa (4,5 euros).

Já Malam Sambu, um vendedor de combustível, que tem a sua banca junto à Avenida dos Combatentes da Liberdade da Pátria ou “Nino” Vieira, que liga o mercado do Bandim ao aeroporto, explicou que a foi buscar a uma bomba de Zinguichor.

“Fui uma vez buscar à fronteira um bocadinho, 50 litros. Eu trouxe 50 litros, mas não é o suficiente porque não chega para as pessoas”, afirmou Malam Sambú, que interrompeu as suas explicações à Lusa para ir vender mais três litros de gasolina a um cliente.

Malam Sambú explicou que, como vai comprar ao Senegal, é obrigado a aumentar o preço, mas os jovens que não quiseram ser identificados explicaram que estão a comprar 1,5 litros na fronteira por 1.250 francos cfa (1,90 euros).

Questionado pela Lusa se continuava a vender muita gasolina, Malam Sambú disse que as pessoas continuam a comprar.

“As pessoas compram 10, 25 litros. Compram porque não há nas bombas”, afirmou.

Desde a semana passada que a crise de combustível se agudizou na Guiné-Bissau e já levou à paragem de veículos movidos a gasolina e à especulação de preços no mercado negro.

O porta-voz do Governo e ministro do Turismo, Fernando Vaz, afirmou quinta-feira que a situação será ultrapassada em breve com a chegada de um navio de Portugal.

Fernando Vaz afirmou que o país “está quase em rutura de ‘stock’” de gasóleo e gasolina, mas ainda tem estes produtos.

Entretanto, ao final de quinta-feira o Governo anunciou o aumento do preço dos combustíveis, passando a gasolina a custar 1,15 euros o litro e o gasóleo 1,16 euros por litro.

https://zap.aeiou.pt/gasolina-garrafas-agua-bissau-474995

 

Estudante da Zâmbia acusada de “nazismo” por dançar em frente a memorial de guerra na Rússia !


Uma estudante de 21 anos da Zâmbia foi detida na Rússia e acusada de “nazismo”, por ter dançado twerk em frente a um memorial da II Guerra.

Rebecca Ziba, estudante de 21 anos da Zâmbia, foi detida na Rússia esta quarta-feira, por alegadamente “regenerar” os ideais “nazis”.

Segundo o Observador, a estudante publicou um vídeo nas suas sociais em que dançava twerk, em frente a um memorial da II Guerra Mundial, em Khanty-Mansiysk.

A Rússia considerou que Rebecca Ziba fez uma “dança obscena” no local e publicou o vídeo com uma legenda “insultuosa” nas redes sociais, noticia a Euronews.

A jovem de 21 anos pode enfrentar uma pena de prisão de três anos, e ter de pagar uma multa até três milhões de rublos (cerca de 34 mil euros) se for condenada pelo crime de “profanar um símbolo da glória militar russa”.

Rebecca Ziba pediu “desculpa pelo vídeo que publicou a 16 de abril“, partilhado pelo departamento da polícia de Khanty-Mansiysk.

Alegou que o fez sem saber “quem iria magoar ou irritar”. “Não era para ser ofensivo”, garantiu a estudante, realçando que não queria “desrespeitar as pessoas que morreram” na II Guerra Mundial.

“Não sabia o que eles tinham feito, não sabia que era tão importante. Peço imensa desculpa. Não sabia”, repetiu a jovem, não sendo claro se teve direito a ser representada por um advogado.

O Memorial da Glória em Khanty-Mansiysk é dedicado aos soldados que morreram durante a II Guerra Mundial.

https://zap.aeiou.pt/estudante-da-zambia-acusada-de-nazismo-por-dancar-em-frente-a-memorial-de-guerra-na-russia-474763

 

Falhas de segurança: Dois terços dos telemóveis estiveram em risco !


Detectadas vulnerabilidades nos descodificadores de áudio utilizados por Qualcomm e MediaTek. Código partilhado há 11 anos.

Dois terços dos telemóveis em todo o mundo estiveram em risco de apresentar falhas de segurança, devido a vulnerabilidades em descodificadores de áudio.

A informação foi anunciada nesta quinta-feira pela Check Point Research (CPR), empresa especialista em cibersegurança.

“Descobrimos um conjunto de vulnerabilidades que poderiam ser utilizadas para execução remota e concessão de privilégios em dois terços dos dispositivos móveis de todo o mundo. E as vulnerabilidades eram de fácil exploração”, explicou Slava Makkaveev, da CPR.

“Um cibercriminoso poderia enviar uma música (qualquer ficheiro multimédia) e, assim que reproduzido pela potencial vítima, poderia ser injectado código malicioso no serviço de reprodução. O cibercriminoso poderia ver o que o utilizador via,” acrescentou Slava.

As vulnerabilidades foram descobertas no Apple Lossless Audio Codec (ALAC), ou Apple Lossless. Ao longo dos anos foi incluído em muitos dispositivos e programas de reprodução áudio que não são produzidos pela Apple, como telemóveis Android ou leitores e conversores media Windows e Linux.

Este formato já foi apresentado em 2004 e está em código aberto há mais de uma década, desde 2011. A Apple tem actualizado a versão proprietária do descodificador, foi corrigindo as falhas de segurança, mas o código partilhado não é corrigido desde 2011.

Esse formato de descodificação de áudio é utilizado por dois dos maiores fabricantes de chips: Qualcomm e MediaTek, com quem a CPR partilhou as informações recolhidas e foi corrigindo as falhas – que deixaram de existir, segundo o relatório de Dezembro de 2021.

A CPR acredita que, em algum momento, cerca de dois terços dos telemóveis estiveram em risco – porque o pirata informático poderia aceder remotamente a ficheiros multimédia e conversas áudio.

https://zap.aeiou.pt/falhas-seguranca-telemoveis-474817

 

Satan II - Rússia testou novo míssil de quinta geração “invencível” para dar “o que pensar” aos inimigos !

As Forças Armadas russas anunciaram o primeiro disparo com sucesso do míssil balístico intercontinental Sarmat, uma arma de nova geração com um elevado alcance e que o presidente Vladimir Putin saudou como “única” no mundo, salientando que “dará o que pensar” aos inimigos da Rússia.

O novo míssil Sarmat Satan II “tem as mais altas características tácticas e técnicas e é capaz de superar todos os meios modernos de defesa anti-mísseis”, sublinhou Putin sobre o teste bem-sucedido, salientando que “não tem análogos no mundo” e que “não terá por muito tempo”.

“Esta arma verdadeiramente única fortalecerá o potencial de combate das nossas Forças Armadas, garantirá de maneira confiável a segurança da Rússia contra ameaças externas e dará o que pensar àqueles que, no calor da retórica agressiva frenética, tentam ameaçar o nosso país”, acrescentou ainda Putin.

O presidente russo fez também questão de vincar que “foram apenas utilizadas instalações, componentes e peças de fabrico nacional para a construção do Sarmat”.  

Este míssil balístico intercontinental de quinta geração está incluído num conjunto de diversos mísseis apresentados por Putin, em 2018, como “invencíveis”. Entre o restante armamento, incluem-se designadamente os mísseis hipersónicos Kinjal e Avangard.

Em Março passado, Moscovo afirmou ter utilizado pela primeira vez o Kinjal contra alvos na Ucrânia.

Com mais de 200 toneladas, o Sarmat é considerado mais eficaz que o seu antecessor, o míssil Voievoda, com um alcance de 11.000 quilómetros.

Em 2019, Putin declarou que o Sarmat não tinha “praticamente limites em termos de alcance”, com capacidade para “atingir alvos atravessando tanto o Polo Norte como o Polo Sul”.

O porta-voz do Pentágono, John Kirby, reagiu ao anúncio russo afirmando tratar-se de um teste de “rotina”, que não constitui “uma ameaça” para os EUA ou os seus aliados.

Moscovo “informou apropriadamente” Washington sobre a realização do teste, de acordo com as suas obrigações ao abrigo dos tratados nucleares e, portanto, não foi uma “surpresa” para o Departamento de Defesa dos EUA, acrescentou Kirby.

Apesar disso, o teste surge numa altura de alta tensão geopolítica devido à guerra na Ucrânia e serve como uma demonstração de força da Rússia, até para contrariar a ideia que tem sido avançada de que o exército do país não será assim tão poderoso.

https://zap.aeiou.pt/russia-novo-missil-quinta-geracao-474746
 

quinta-feira, 21 de abril de 2022

“Sinto-me refém”: Ucranianos explorados em condições de “escravatura moderna” no Reino Unido !


Os imigrantes queixam-se de terem de trabalhar ilegalmente para conseguirem ficar no Reino Unido. Há denúncias de quintas que obrigam os trabalhadores a trabalhar sem luvas até que as mãos comecem a sangrar.

Já não é uma novidade que muito do trabalho agrícola mais exigente a nível físico é frequentemente feito por imigrantes. No caso de Portugal, muita tinta escorreu sobre as condições degradantes em que muitos estrangeiros oriundos de países asiáticos, maioritariamente do Nepal e da Índia, estavam a viver em Odemira.

No Reino Unido, muitos destes trabalhos são ocupados por imigrantes vindos do leste da Europa, como polacos e ucranianos, sendo que o impacto na agricultura foi até um dos pontos mais falados na altura do debate antes do referendo do Brexit.

O The Guardian escreve que centenas de ucranianos estão agora a viver e trabalhar informalmente no Reino Unido depois de fugirem de quintas onde denunciam que as condições de trabalho degradantes e exploradoras.

A Ucrânia foi o país de origem de dois terços dos trabalhadores que pediram vistos sazonais no Reino Unido em 2021 e estima-se que vivam 6000 ucranianos nas terras de sua Majestade.

No entanto, apesar de muitos destes ucranianos trabalharem na agricultura, os funcionários deste sector não são elegíveis para os dois principais sistemas criados pelo Governo para o acolhimento de refugiados.

O jornal britânico falou com uma ucraniana que está preocupada com a sua situação depois de ter fugido de uma quinta que compara a “escravatura moderna“. A imigrante tem dois cursos superiores e é especializada em tecnologias de informação, tendo ido para o Reino Unido com o parceiro que está a treinar para ser médico.

Os dois foram explorados numa quinta de cerejas onde trabalharam entre Agosto e Outubro de 2021 e não puderam usar luvas, o que levou a que as suas mãos começassem a sangrar e a pele das mãos a esfolar. Os patrões também impunham um ritmo de trabalho impossível de cumprir e ameaçavam os trabalhadores. O casal trabalha agora ilegalmente nas limpezas e na construção civil.

“Já falamos com muitos outros ucranianos que, como nós, tiveram de fugir das quintas e não podem voltar à Ucrânia, sendo forçados a trabalhar aqui ilegalmente. Sinto-me refém no Reino Unido“, queixa-se.

A imigrante acrescenta que pensava que os seus direitos seriam protegidos no Reino Unido, mas “ninguém quer saber o que acontece a trabalhadores sazonais”. “Os meus pais disseram-que não posso voltar para a Ucrânia em quaisquer circunstâncias porque a nossa cidade está a ser destruída. Sinto-me presa”, lamenta.

As denúncias de abusos nos esquemas de trabalho sazonal no Reino Unido não são novas. Um relatório do Ministério do Interior publicado no final de 2021 detalhou a falta de cuidados de saúde, casos de racismo e discriminação, imigrantes a viver casas sem água ou casas de banho, a falta de equipamentos de protecção no trabalho e ainda as ameaças a que eram sujeitos nas quintas.

Para além das condições degradantes no sector agrícola, o Reino Unido também já está debaixo de fogo devido aos processos burocráticos para o acolhimento dos refugiados. Para entrarem no país, os ucranianos têm de ter um patrocinador e há denúncias de grupos nas redes sociais onde predadores se oferecem para receber mulheres e crianças ucranianas em troca de favores sexuais.

https://zap.aeiou.pt/ucranianos-escravatura-reino-unido-474610

 

Dois mil milhões de mosquitos modificados e uma população descontente !


Nem todos estão de acordo com o plano da Oxitec de libertar 2,4 mil milhões de mosquitos geneticamente modificados na Califórnia e na Florida.

Em março, a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) aprovou os planos da biotecnológica Oxitec para libertar 2,4 mil milhões de mosquitos geneticamente modificados na Florida e Califórnia, para combater as doenças transmitidas pelo próprio animal.

A empresa responsável pela sua produção, a Oxitec, explicou que o plano visa reduzir o número de invasores, que podem transportar doenças como o zika, a febre amarela e a dengue. As espécies em causa serão machos Aedes aegypti, sem capacidade de picar ou reproduzir fêmeas.

Enquanto os mosquitos fêmeas vão morrer, os machos deverão reproduzir-se e espalhar o gene modificado para a geração seguinte, o que acabará por levar ao declínio da população.

Mas nem todos estão de acordo com estes planos, conta o The Los Angeles Times.
 
Muitos cientistas independentes da Oxitec estão preocupados com o novo projeto, e afirmam que há riscos que ainda não foram totalmente estudados.

Estes incluem a possibilidade de a experiência prejudicar outras espécies, ou tornar a população de mosquitos local mais difícil de controlar, relata a Interesting Engineering.

“É preciso haver mais transparência sobre a razão pela qual estas experiências estão a ser feitas”, alertou Natalie Kofler, especialista da Escola Médica de Harvard. “Como estamos a ponderar os riscos e benefícios?”

Kofler acrescentou que as experiências podem também ser mais adequadas para regiões mais tropicais, já que a Califórnia nunca testemunhou um caso em que um Aedes aegypti tenha sido encontrado a transmitir doenças.

“Preocupa-nos que a atual supervisão governamental e avaliação científica dos mosquitos não assegurem a sua utilização responsável”, escrevu Kofler e quatro outros cientistas académicos em 2020.

Os especialista expressaram a sua preocupação de que a EPA dependesse de dados internos — que poderiam ser tendenciosos— das empresas biotecnológicas, para tomar as suas decisões.

Kofler e outros investigadores solicitaram que os cientistas da EPA procurassem a opinião de peritos independentes em vez de confiarem na Oxitec. Kofler acrescentou que a EPA estava possivelmente “a ser apanhada de surpresa”.

“Não é uma estrutura reguladora suficientemente moderna”, realçou Kofler, “para uma tecnologia tão moderna e complicada”.

Os residentes que vivem perto de áreas onde os primeiros insetos modificados podem ser libertados estão também a manifestar preocupação pelo facto de a Oxitec planear libertar um máximo de 3,5 milhões de mosquitos por semana.

“Isto é alarmante”, notou Angel Garcia, residente de Visalia, uma das áreas visadas. “Os residentes não foram consultados e não concordaram em fazer parte disto”.

Garcia é membro da organização sem fins lucrativos “Californians for Pesticide Reform” e queixa-se de que as suas preocupações não têm efeito na Oxitec, apontando para um evento de contratação que a Oxitec organizou em Visalia, a 17 de março. “É como se isto já fosse um negócio feito”, afirmou.

Funcionários do Estado notaram que os comentários do público podem ser enviados por e-mail até 19 de abril.

Mas por enquanto, parece que os planos para avançar com a experiência estão em curso. Será isto um projeto com sucesso ou um incidente catastrófico?

https://zap.aeiou.pt/dois-mil-milhoes-de-mosquitos-modificados-e-uma-populacao-descontente-473715

 

Terra 2.0 ? China junta-se à corrida para encontrar um exoplaneta habitável !


A China está a trabalhar arduamente para se tornar uma das principais potências espaciais do mundo. Agora vai focar-se em encontrar uma Terra 2.0.

O país lançou recentemente os seus primeiros rovers para a Lua e para Marte, e construiu a sua própria estação espacial, segundo a Interesting Engineering.

A agência espacial chinesa está a juntar-se agora à corrida para encontrar exoplanetas habitáveis, revela um relatório da Nature, publicado a 12 de abril.

Este mês, os cientistas divulgarão um esboço detalhado da primeira missão do país, com vista à descoberta de exoplanetas Terra 2.0.

A missão tem como objetivo procurar exoplanetas — o termo para qualquer planeta para além do nosso Sistema Solar — dentro da Via Láctea, com o objetivo de encontrar um semelhante à Terra, orbitando a zona habitável do seu sol.

Os cientistas acreditam que tal planeta hipotético, uma Terra 2.0, poderia ter as condições ideais para receber vida.

A NASA anunciou recentemente que descobriu mais de 5.000 exoplanetas, principalmente graças ao telescópio Kepler, que cessou as suas operações em 2018.

No entanto, nenhum destes se enquadra tecnicamente na definição de Terra 2.0, pois não orbitam a zona habitável de um sol, como o nosso.

A agência espacial chinesa espera ser a primeira a fazer essa descoberta. O seu novo projeto, que será financiado pela Academia Chinesa de Ciências, encontra-se atualmente na fase inicial de conceção, com uma avaliação por um painel de peritos prevista para junho deste ano.

Se tudo correr como planeado, esse painel dará luz verde à equipa para começar a construir um satélite. Espera-se que o observatório espacial seja lançado a bordo de um foguete Long March até 2026.

“O nosso satélite pode ser 10-15 vezes mais potente do que o telescópio Kepler da NASA”, salienta Jian Ge, astrónomo que lidera a missão Terra 2.0, no Observatório Astronómico de Xangai da Academia Chinesa das Ciências.

O satélite Terra 2.0 da China foi concebido para transportar sete telescópios, seis dos quais irão vigiar as constelações Cygnus-Lyra, que foram observadas pelo telescópio Kepler da NASA.

Terá a capacidade de observar aproximadamente 1,2 milhões de estrelas e cobre 500 graus quadrados de céu, que é quase 5 vezes maior do que Kepler.

Terá também a capacidade de observar estrelas mais escuras e mais distantes do que o satélite Exoplanet Survey Satellite (TESS) operacional da NASA, que observa estrelas mais próximas da Terra.

Os seis telescópios principais do satélite Terra 2.0 encontrarão exoplanetas ao detetar o brilho das estrelas — demonstrando que um planeta está em órbita.

O sétimo instrumento do satélite Terra 2.0 será um telescópio de microlente gravitacional, e será utilizado principalmente para procurar planetas que não orbitam qualquer estrela, bem como exoplanetas que orbitam muito longe da sua estrela.

“O nosso satélite pode essencialmente realizar um censo que identifica exoplanetas de diferentes tamanhos, massas e idades. A missão fornecerá uma boa coleção de amostras de exoplanetas para investigação futura”, relata Ge.

Para encontrar uma Terra 2.0, os cientistas terão de verificar que ela tem uma órbita semelhante à da Terra, orbitando o seu Sol aproximadamente uma vez por ano, o que significa que poderá levar vários anos a recolher os dados necessários.

É por isso que o satélite Terra 2.0 da China será treinado numa secção particularmente povoada da Via Láctea, durante quatro anos.

“Haverá muitos dados, por isso precisamos de todas as informações que conseguirmos obter”, sublinha Ge. “A Terra 2.0 é uma oportunidade para uma melhor colaboração internacional“.

A Agência Espacial Europeia (ESA) também está a trabalhar no seu próprio projeto Terra 2.0, chamado Trânsito Planetário e Oscilações de Estrelas (PLATO). Transporta 26 telescópios e mudará a sua área de observação de dois em dois anos.

A NASA em breve também irá treinar o seu telescópio James Webb para mundos extraterrestres. Independentemente de quem ganhar a corrida, a probabilidade de encontrar a Terra 2.0 vai aumentando com cada missão que surge.

https://zap.aeiou.pt/terra-2-0-china-junta-se-a-corrida-para-encontrar-um-exoplaneta-habitavel-473669

 

Dormir na Tesla, fome e raiva: O “pesadelo interminável” em Shanghai !


Consequências de um confinamento que parecem ser cenas de um filme. Mas não são. Trabalhadores da Tesla dormem na fábrica.

Números recorde e um cenário alarmante originaram medidas apertadas em Shanghai, cidade que ficou quase isolada por causa da COVID-19.

São quase três semanas de confinamento para cerca de 26 milhões de pessoas, numa das cidades mais movimentadas e importantes da China. Shanghai é mesmo o maior centro financeiro do país.

As medidas devem ser aliviadas ainda nesta semana. Mas não é de admirar que, até aqui, em cenário que faz lembrar os primeiros tempos da pandemia na China (há quase dois anos e meio), surjam relatos que poderiam ser incluídas num filme de ficção.
Dormir no chão da Tesla

Mas a realidade é que, por exemplo na Tesla, empresa de Elon Musk dedicada a automóveis eléctricos, o regime mudou.
 
Após não terem trabalhado durante três semanas, agora é preciso recuperar a produção e, para isso, os funcionários trabalharão nas próximas duas semanas durante 12 horas por dia e seis dias por semana; terão direito a um saco-cama e a um colchão para dormirem na própria fábrica da Tesla em Shanghai.

A indicação partilhada pela Bloomberg acrescenta que as instalações da empresa não têm qualquer zona de dormitórios; mas improvisaram-se locais de banho e as pessoas dormem no chão.
“Fiquei com fome e maluco”

O jornal The Guardian publica o relato de um residente em Shanghai que, conta o próprio, ficou “com fome e maluco” ao longo destas três semanas de confinamento no seu pequeno estúdio.

Milhões de pessoas na China já aprenderam a viver em confinamento: “Já aprendi e pratiquei a arte de me sentar em silêncio num quarto sozinho de forma repetitiva e religiosa nos últimos dois anos”.

“Já tenho todas as aplicações de fitness indoor, audiolivros, assinaturas de streaming, aplicações de meditação, aplicações de reuniões remotas de todos os tipos e entregadores de comida que já conheço”, continua o relato.

Março ainda começou em “câmara lenta”, com alguns ajustes pontuais e localizados, mas a situação ficou “cada vez pior”, com “cenas caóticas”. E com um desabafo: “Quanto mais mergulhei no confinamento de Shanghai, mais percebi que acabara de mergulhar num buraco negro”. A cidade está repleta de “moradores desesperados”.
Fome na cidade

O desespero não é só a nível mental: há muitas pessoas com fome em Shanghai porque não há alimentos disponíveis para todos.

Na CNN, Steven Jiang descreve o seu “pesadelo interminável” e conta que percebeu que a “catástrofe” chegou a sua casa quando o seu pai reparou que o fornecimento de alimentos iria terminar poucos dias depois, sem intervenção do Governo local. Só sobrava arroz, bolachas e café para o homem de 73 anos.

O extremo é histórico: os pais de Steven, que viveram a Revolução Cultural Chinesa e o período sob a liderança Mao Tsé-Tung, nunca recearam o cenário de fome, nunca tiveram essa perspectiva. Agora o pai tem.

Aliás, há realmente pessoas a passar fome, já. Faltou planeamento, faltou coordenação e há escassez de alimentos, reconhecem as autoridades locais.

Outras medidas – como “fechar” uma comunidade residencial inteira se houver um caso positivo naquele local – criaram um cenário inédito, explica Steven: “Pela primeira vez, milhões de pessoas em Shanghai – jovens e velhos, ricos e pobres, liberais e conservadores – parecem unidas por uma raiva crescente”.

Embora a propaganda dos canais oficiais do Governo chinês tente esconder o “caos e a miséria” da população, que tenta “fugir na escuridão” às experiências “angustiantes” que têm vivido.

https://zap.aeiou.pt/covid-tesla-shanghai-pesadelo-fome-474378

 

Desfile de escravos em casamento no Peru gera polémica - São “os de cima a humilhar os de baixo” !


“É como lembrar o holocausto em festa de aniversário”, realça a ex-ministra peruana, sobre o casamento entre a filha do ex-candidato presidencial do país, com o neto de um conde espanhol.

No casamento da socialite peruana foi realizada uma dança indígena com homens amarrados entre si, e mulheres sentadas no chão com longas tranças, enquanto simulavam fazer artesanato, segundo o Observador.

Este foi o cenário do casamento de Belén Barnechea, filha do ex-candidato presidencial peruano Alfredo Barnechea, e Martín Cabello de los Cobos, neto do Conde de Fuenteblanca de Espanha.

Estas e outras performances do casamento estão a causar uma onda de indignação em vários quadrantes, desde historiadores até ao governo espanhol.

Após as críticas relativas ao casamento de 9 de abril em Trujillo, Belén Barnechea viu-se “obrigada” a responder e justificou o desfile como uma amostra “do quão maravilhoso e culturalmente rico” é o seu país.

Trome, o tabloide mais lido do Peru, fez do assunto a manchete do seu site e, com o passar das horas, vídeos espalharam-se nas redes sociais e tornaram-se virais.

“Somos um país cheio de diversidade, culturas e tradições diferentes que souberam conviver e unir-se num sincretismo único no mundo. Em todos os dias de celebração ensinamos com amor e respeito algo sobre o Peru, sobre a nossa cultura, sobre a minha cultura”, disse a recém-casada no Instagram, figura do jet set nacional.

“Vi que alguns meios de comunicação se referiram à representação Moche que fizemos como sendo de escravos, de mulheres indígenas, do vice-reinado. O que fizemos foi retratar a cultura Moche que se desenvolveu entre os séculos II e VII. Por isso, nunca se cruzou com os Incas nem com os espanhóis”, acrescentou a empresária, conhecida como “la repostera de la jet” devido à sua profissão e amizade com figuras de alta sociedade madrilena e europeia.

O gabinete antirracismo do Ministério da Cultura de Espanha pediu aos cidadãos que promovam a “diversidade cultural, expressa através da identidade, línguas e culturas”, para eliminar a discriminação étnico-racial, em comunicado, esta quinta-feira.

Barnechea assegurou que o cortejo nupcial “foi uma recriação da danza de la soga [dança da corda, em tradução livre], uma dança ancestral que não representa os escravos, mas sim um ritual dos guerreiros“.

José Ragas, historiador peruano, sublinhou que não se pode colocar o rótulo “ancestral” à famosa danza de la soga, em entrevista ao El País.

“Embora seja verdade que se trata da interpretação de uma aparente dança ancestral regional, o contexto em que ocorreu — uma boda de elite — com alguém da nobreza de um país como Espanha, pode levar a outras interpretações”, realça Ragas.

“É uma representação reinventada, não necessariamente fidedigna, e que pode terminar a ‘exotizar’ a população”, acrescentou o também professor da Universidade Católica do Chile, e investigador em estudos do colonialismo.

“Qual é a relevância de encenar a prática de exibir o vencido numa batalha? É um ato humilhante: a corda seria o instrumento de domínio e conquista com que o amarravam. Se quisesses mostrar-te orgulhosa, participarias na encenação, mas se não te comprometes com o outro ou não o incluis — na festa—, não sabes e acabas a fazer estas coisas: justificas-te, sem entender as objeções“, criticou Sonaly Tuesta, ex-vice-ministra de Património Cultural, citada também pelo jornal espanhol.

Para Tuesta, que passou 20 anos a documentar festividades tradicionais na televisão estatal, teria sido “interessante” se o casamento em vez de fazer do povo Moche “uma decoração”, tivesse tido um momento de partilha.

Barnechea explicou que as mulheres sentadas no chão “simbolizaram os trabalhos e as formas de cultivo da terra na época”, ainda na publicação do Instagram.

Mas Guillermo Rebaza, advogado e administrador cultural de Trujillo, cidade onde nasceu a mãe da noiva e onde existem elementos de arquitetura colonial, não entende isso da mesma forma.

“É impossível perder de vista as circunstâncias sociais e políticas em que vivemos, facto que por si só torna esta representação condenável, sobretudo porque vem de uma elite, a neo oligarquia nacional, que continua a olhar com acentuado desprezo para os setores populares”, insiste o advogado.

Chirapaq, a organização não governamental de defesa dos direitos dos povos andinos, salientou que a diversidade cultural é um valor “desde que os envolvidos interajam de igual para igual”.

“As personagens indígenas e afro-peruanos eram apenas decoração. Não falam, não bebem nem comem, não se divertem com os convidados, não vivem”, esclareceu a Chirapaq, numa publicação no Twitter.

“Há histórias que documentam de forma semelhante a entrada dos vice-reis em Lima e noutras partes da colónia: o público em submissão, a exibição de trajes, frutas, sementes, ouro e prata, e a pompa que seguia pelas ruas e pelas praças”, descreveu a ONG, com uma pintura da época do vice-reinado peruano (1540-1821).

A cantora peruana Susana Baca, três vezes vencedora do Grammy Latino, afirma que não compreende a relação entre “um infame facto histórico da humanidade que é a escravatura e a colónia vexatória com um ato de celebração supostamente de amor”.

O Governo espanhol já tinha alertado para “a banalização da História por alguns setores sociais”, enquanto era ministra da Cultura.

Baca lamenta que esta seja outra amostra do estado de “decadência política”, com “os de cima a humilhar os de baixo”, num texto publicado este sábado no Facebook. “É como relembrar o holocausto numa festa de aniversário“, lê-se.

“Mas, além disto, devo desejar a este casal que se une com amor muita felicidade”, acrescentou Baca, horas depois, através de outra publicação na mesma rede social.

Os noivos também dançaram “reggaetón” com “tocados” dourados, semelhantes aos encontrados nos túmulos do Senhor de Sipán e do Senhor de Sicán (descobertas arqueológicas dos anos 80 e 90). Assemelhavam-se aos dos antigos chefes Moche.

Este foi outro dos momentos polémicos da celebração do casamento, tal como se pode ver no vídeo da revista Hola, ao primeiro minuto e 30 segundos.

https://zap.aeiou.pt/desfile-de-escravos-em-casamento-no-peru-gera-polemica-sao-os-de-cima-a-humilhar-os-de-baixo-474220

 

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