Novas observações que permitiram analisar a mais antiga luz
do Cosmos revelam que o Universo tem 13,77 mil milhões de anos, tendo o
cálculo um erro associado de, mais ou menos, 40 milhões de anos.
Esta não é a primeira vez – nem certamente a segunda – que uma equipa de especialistas se dedica a tentar perceber com precisão o quão “velho” é o Universo.
No entanto, os novos cálculos, que têm por base dados recolhidos a partir do Atacama Cosmology Telescope (ACT) da National Science Foundation, localizado no deserto do Chile, estão em linha com previsões anteriores, pondo, por isso, água na fervura num debate que estava em crescendo no seio da comunidade científica.
Afinal, que idade tem o Universo?
De acordo com a nova investigação, detalhada em dois artigos científicos, um dos quais publicado na Journal of Cosmology and Astroparticle Physics, o Universo tem 13,77 mil milhões de anos, uma idade que coincide com os números que constam no Modelo Padrão do Universo, bem como com as medições realizadas pelo satélite Planck da Agência Espacial Europeia, que mediu resquícios do Big Bang.
A discórdia sobre a idade do Universo remonta a meados de 2009, altura em que uma equipa concluiu, medindo o movimento de galáxias, que o Universo é centenas de milhões de anos mais jovem do que a equipa do Planck tinha previsto.
Esta discrepância fez alguma mossa entre a comunidade científica e chegou a colocar-se a hipótese de ser necessário um novo modelo sobre o Universo, gerando-se também dúvidas sobre a viabilidade dos cálculos anteriores.
“Agora chegamos a uma resposta em que Planck e o ACT concordam”, disse Simone Aiola, investigadora do Centro de Astrofísica Computacional do Flatiron Institute e autora principal de um dos estudos, citada em comunicado.
E remata: “Isto mostra realmente que estas medições difíceis são confiáveis”.
Medicação da expansão do Universo
É também a partir da idade do Universo que os cientistas conseguem apurar o quão rápido o Universo se expande, num número quantificado pela constante de Hubble – e é também aqui que as medições do ACT se assemelham às do satélite Planck.
As novas medições sugerem uma constante de Hubble de 67,6 quilómetros por segundo por megaparsec. Na prática, este valor significa que um determinado objeto a 1 megaparsec (cerca de 3,26 milhões de anos-luz) da Terra está está a afastar-de do nosso planeta a 67,6 quilómetros por segundo devido à expansão do Cosmos.
Este número é quase o mesmo do que a estimativa anterior do Planck (67,4 quilómetros por segundo por megaparsec), sendo, no entanto, mais lento do que previu o outro estudo baseado na medição de galáxias (74 quilómetros por segundo por megaparsec).
“Não tinha uma preferência particular por nenhum valor específico, seria interessante de uma forma ou de outra”, explicou Steve Choi, investigador da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, e co-autor do novo estudo.
“Encontramos uma taxa de expansão que está de acordo com a estimativa da equipa do satélite Planck e isso dá-nos mais confiança nas medições da luz mais antiga do Universo”.
https://zap.aeiou.pt/astronomos-finalmente-concordam-universo-370477
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