A Índia tem a pior poluição do ar do mundo. Lar de 21 das 30 cidades mais poluídas do mundo, o seu ar tóxico mata mais de um milhão de pessoas por ano.
Isto ocorre em parte porque o país do sul da Ásia é o segundo maior produtor de tijolos do mundo. Os fornos de tijolos – que respondem por 20% das emissões de carbono negro em todo o mundo – contribuem significativamente para a poluição do ar da Índia.
De acordo com a CNN, o arquiteto indiano Tejas Sidnal, fundador da Carbon Craft Design, ficou chocado ao descobrir o papel da indústria da construção na crise da poluição. “Isto foi um abrir de olhos. Como arquitetos, somos responsáveis por muita poluição do ar. Podemos fazer melhor”, disse.
O ar que envolve as cidades da Índia frequentemente contém níveis perigosamente altos de partículas finas, conhecidas como PM2.5, que já foram associadas a doenças pulmonares e cardíacas e podem prejudicar as funções cognitivas e imunológicas.
PM2.5 inclui o carbono negro, uma substância que pode absorver um milhão de vezes mais energia do Sol do que o dióxido de carbono nos dias ou semanas em que permanece na atmosfera.
Em 2019, Nova Deli declarou uma emergência de saúde pública após sofrer recordes de poluição.
A redução de poluentes como o carbono negro pode ajudar a desacelerar o aquecimento global e melhorar a qualidade do ar, segundo os especialistas. Muitas empresas estão a explorar o potencial comercial de captura das emissões de dióxido de carbono, mas poucas estão focadas no carbono negro, de acordo com Sidnal. “Encontrámos uma forma de agregar valor a esse carbono recuperado, usando-o como pigmento em telhas de carbono”, afirma.
Para criar as telhas de carbono, a Carbon Craft Design fez uma parceria com a Graviky Labs, uma empresa indiana que criou anteriormente a Air Ink, uma tecnologia que captura a fuligem de carbono de carros e fábricas e converte-a em tinta.
A Graviky Labs usa um dispositivo de filtro para capturar a fuligem de carbono do escapamento de diesel e geradores de combustível fóssil, remove contaminantes como metais pesados e poeira da fuligem e dá o carbono purificado ao Carbon Craft Design em forma de pó.
“A Graviky Labs vê a poluição como um recurso”, disse Anirudh Sharma, fundador da empresa, em declarações à CNN. “Somos uma das poucas empresas no mundo a capturar estas emissões de carbono e transformá-las em novos materiais”.
A Carbon Craft Design mistura o carbono capturado com resíduos de cimento e mármore de pedreiras para produzir telhas monocromáticos. Segundo Sidnal, o objetivo é garantir que cada telha contem pelo menos 70% de resíduos. A empresa vende as telhas a arquitetos por 29 dólares por metro quadrado – um preço alto em comparação com as telhas cerâmicas normais.
À medida que a empresa aumenta a produção, Sidnal espera reduzir os preços e produzir uma gama mais barata de telhas de carbono. “Queremos atingir o setor de preços acessíveis”, disse. “Sustentabilidade não é apenas para a elite.”
Desde o lançamento das primeiras telhas há um ano, os clientes da Carbon Craft Design incluem marcas de moda globais e empresas de arquitetura na Índia. Em novembro, a empresa reformou uma loja Adidas em Mumbai, cobrindo as paredes e o chão com as suas telhas de carbono.
O arquiteto Manan Gala, cuja empresa Bombay Contractors projetou a loja Adidas, descreve a telha de carbono como uma “vencedora” para a indústria de construção. Além de ser sustentável, “o produto tem resistência superior às telhas convencionais de cimento devido ao teor de carbono, e o toque cru e rústico confere charme ao conjunto”.
A Carbon Craft Design está atualmente a angariar investimentos e espera iniciar a distribuição na Europa este ano. Segundo Sidnal, a empresa está a ser “inundada com pedidos de dentro e fora da Índia.”
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