Há mais de duas décadas, Jair Bolsonaro ameaçou que faria um golpe militar se fosse Presidente. Agora, os brasileiros temem que ele cumpra com a sua “promessa”.
Numa entrevista televisiva de 1999, o então deputado Jair Bolsonaro afirmou que se ele fosse Presidente, fecharia o Congresso brasileiro e encenaria um golpe militar.
“Não há a menor dúvida. Daria golpe no mesmo dia. Não funciona e tenho a certeza que pelo menos 90% da população ia fazer festa e bater palmas. O congresso hoje em dia não vale para nada”, disse o agora Presidente brasileiro.
Nessa mesma entrevista, o então deputado federal atacou ainda o economista Chico Lopes, ex-presidente do Banco Central, que se recusou naquele ano a depor à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bancos na condição de testemunha. Jair Bolsonaro chega mesmo a defender o recurso à tortura.
“Dá porrada no Chico Lopes. Eu até sou favorável que a CPI, no caso do Chico Lopes, tivesse pau de arara lá. Ele merecia isso: pau de arara. Funciona! Eu sou favorável à tortura, tu sabes disso. E o povo é favorável a isso também”, disse Bolsonaro numa entrevista ao programa Câmera Aberta, da TV Bandeirantes.
Agora, os brasileiros temem que Bolsonaro cumpra a sua “promessa” e avance com um golpe militar no país.
Estão marcados protestos contra o Presidente brasileiro para este sábado, dia 24 de julho, que devem subir de tom face à ameaça de um golpe militar.
Os organizadores creem que os próximos atos serão uma oportunidade de dar uma resposta imediata às intenções de rompimento democrático manifestadas por setores das Forças Armadas. Estes afirmam que só haverá eleição em 2022 se o Congresso aprovar o voto impresso, escreve o jornal CartaCapital.
O próprio Presidente reitera: “As eleições do próximo ano têm de ser limpas. Ou teremos eleições limpas ou não teremos eleições”.
No ano passado, Bolsonaro já tinha negado a intenção de fazer uma intervenção militar no Brasil, apesar da sua participação em manifestações antidemocráticas.
“Como é que darei um golpe se sou Presidente da República e Chefe Supremo das Forças Armadas?”, perguntou Bolsonaro, em junho de 2020, citado pelo Estadão.
No entanto, algumas das vozes políticas mais poderosas do país expressam preocupação de que Bolsonaro possa tentar usar a ameaça infundada de fraude eleitoral para evitar perder as eleições.
A situação é em muito semelhante àquilo que aconteceu nos Estados Unidos, com Donald Trump, diz o The Washington Post.
“A situação é extremamente preocupante no Brasil”, disse Marcos Nobre, cientista político da Universidade Estadual de Campinas. “É muito, muito grave o que está acontecendo aqui”.
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