segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Ugandense Chris Nsamba quer lançar do seu quintal a primeira nave do Programa Africano de Pesquisas Espaciais

Nave espacial africana
Você já ouviu falar no Programa Africano de Pesquisas Espaciais? Provavelmente, não. Afinal, o centro nervoso do complexo fica no quintal da casa de Chris Nsamba, um engenheiro ugandense que está projetando uma nave para levar o primeiro astronauta africano ao espaço na próxima década.
Ao contrário dos grandes centros espaciais, na sede do centro espacial africano não existe qualquer equipamento de alta tecnologia ou ferramentas sofisticadas. Ali, a maioria dos engenheiros voluntários trabalha com lixas, pincéis e serras comuns e a nave que levará o primeiro ugandense ao espaço ainda não existe de fato.
Atualmente, a espaçonave está sendo construída em madeira e alumínio e de acordo com Nsamba o objetivo é testar as habilidades de engenharia, necessárias para que a nave espacial saia do chão.
A construção da nave está sendo feita entre os dois galpões no quintal de Nsamba. Já está pintada de azul e branco e na lateral da cabine, em destaque, está pintada a bandeira de Uganda. O protótipo ainda não tem nome nem foguetes propulsores e está apoiado por uma grande pilha de tijolos e cabos, necessários para contrabalancear o peso da nave.
Apesar de tudo parecer improvisado, Nsamba tem muito orgulho do local e do trabalho desenvolvido acredita que se a equipe tiver sucesso, essa será a primeira aeronave totalmente projetada e construída na Uganda. Todos os envolvidos no projeto são voluntários, a maioria estudantes de engenharia. 

 Dificuldades

De acordo com Nsamba, ainda vai levar algum tempo para que a nave consiga entrar em órbita. "Vou te contar uma coisa. Construir uma aeronave não é uma tarefa fácil. Dá bastante trabalho e exige muita dedicação", disse. No seu entender, isso deverá acontecer num prazo entre quatro e seis anos.
Nave espacial africana
As dificuldades de Nsamba realmente são grandes. Uganda não tem universidades especializadas na área aeronáutica ou espacial e todos os candidatos a astronautas deverão ser certificados pelo próprio Nsamba, já que não há ninguém no país capaz de fazê-lo.
Nsamba também está treinando pessoalmente a equipe, dando aulas de astronomia e física onde ensina fundamentos básicos de como calcular a distância entre planetas ou os perigos envolvidos na reentrada espacial.
A falta de instalações adequadas prejudica o avanço das pesquisas, mas não impede que a criatividade contorne os obstáculos. Um dos exemplos é a simulação do ambiente de microgravidade encontrado no espaço.
"Vai ser fácil", diz Nsamba. “Fiz um pedido de uma turbina de jato. Vamos construir um túnel vertical e instalar o motor na parte inferior. Quando colocarmos o astronauta lá dentro, ele vai flutuar de maneira bastante semelhante à que flutuaria no espaço", garante.

Orgulho


O programa espacial africano de Nsamba depende das doações feitas pelos 600 associados, que colaboram com quanto podem para ver a aeronave sair do chão e entrar em órbita.
À primeira vista é muito fácil ridicularizar o projeto de Nsamba e se você está lendo este artigo com um sorriso no rosto ou em tom de deboche, saiba que os ugandenses veem com muito orgulho essa contribuição do país para a exploração espacial.
O presidente do país, Yoweri Musevei, frequentemente se refere a Kwatsi Alibaruho - primeiro negro diretor de voo na Nasa - como um exemplo do que o povo de Uganda é capaz de alcançar. Para o presidente, seus feitos contradizem a visão do mundo de que Uganda é um país subdesenvolvido e atrasado.
Considerando que o Brasil até hoje nunca colocou um satélite no espaço e já torrou milhões de dólares em pequenos foguetes que nunca entraram em órbita, não há como não ter uma certa admiração pelo trabalho de Nsamba, que com muita dificuldade e grande confiança trabalha duro para colocar a primeira espaçonave tripulada de Uganda na órbita da Terra.

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