segunda-feira, 7 de março de 2022

O fígado pode “mudar de sexo” !


Um novo estudo sugere que o fígado masculino pode mudar de sexo em resposta a certas doenças, numa resposta fisiológica autoprotetora.

O fígado pode ter uma resposta fisiológica autoprotetora fora do comum. Essa é a conclusão de uma investigação levada a cabo pela Universidade de Queensland, na Austrália, que descobriu que, perante determinadas lesões, o órgão ganha características “femininas”.

Para melhor entender este estudo, publicado este mês na PNAS, é preciso salientar que o fígado é um órgão sexualmente dimórfico, o que significa que existem diferenças detetáveis entre o fígado masculino e o feminino.

Nesta recente investigação, os cientistas utilizaram ratos de laboratório para investigar o efeito de “desligar” genes associados ao relógio circadiano para ver como os corpos reagiam a uma mudança na dieta.

O objetivo era perceber por que razão uma perturbação no padrão do sono está associada a doenças metabólicas e hepáticas, mas o resultado foi muito mais surpreendente do que isso: a “mudança de sexo” surpresa do órgão.

Segundo o IFL Science, os cientistas alimentaram ratos de laboratório com uma dieta rica em gordura após a remoção de um gene essencial para o funcionamento do relógio circadiano.

A expectativa era que os animais desenvolvessem diabetes ou doença hepática gordurosa não alcoólica, mas, em vez disso, o fígado dos roedores machos recorreu à hormona sexual feminina, o estrogénio.

Intrigados com este resultado, os cientistas estudaram amostras humanas e, surpreendentemente, obtiveram o mesmo resultado.

Quanto mais avançada a doença, mais feminização observamos no tecido do fígado. Parece que a interrupção do relógio circadiano pode proteger o órgão, influenciando os níveis de hormonas como o estrogénio e a testosterona”, resumiu Frederic Gachon, co-autor do artigo científico.

Depois de combinarem as descobertas, os cientistas estão convencidos de que o relógio circadiano pode mesmo desempenhar um papel na desaceleração da progressão da doença, ajustando as vias metabólicas.

No futuro, a equipa quer investigar se intervenções comportamentais e hormonais podem ser eficazes enquanto possíveis tratamentos para doenças do fígado.

https://zap.aeiou.pt/o-figado-pode-mudar-de-sexo-465319

 

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