George Henríquez está a fazer história na luta pelos direitos das populações negras e indígenas na Costa Atlântica. O nicaraguense é o primeiro candidato presidencial negro do país.
Henríquez tornou-se um alvo da polícia, uma vez que é um dos principais ativistas no crescente movimento de oposição ao Presidente de Nicarágua, Daniel Ortega.
“Tenho a polícia constantemente em minha casa, durante a manhã, durante a tarde, durante a noite”, disse Henríquez numa entrevista por telefone à Vice. “E eles têm estas espingardas e AKs, ficam na frente da minha casa a garantir que eu não apareço para ajudar nalgum protesto ou assim”
Em janeiro, anunciou que competiria contra outros líderes da oposição na corrida para selecionar um único candidato para desafiar Ortega nas eleições de 7 de novembro.
A visibilidade que sua ambição traz à população afro-descendente há muito marginalizada da Nicarágua pode ajudar a quebrar preconceitos contra a sua comunidade.
Para se perceber um pouco a dimensão do preconceito, quando Henríquez anunciou a sua candidatura, José Manuel Urbina, aliado de um partido de direita, publicou uma fotografia de Henríquez no Facebook com a descrição: “Candidaturas: A Nova Pandemia”.
“Que bárbaro! Que vulgar! Agora, até um primo do Bob Marley está a concorrer à presidência”, escreveu Urbina.
As suas rastas, brincos e roupas descontraídas batem de frente com o racismo estrutural que existe no país. Muitos pensam que pelo seu visual, George Henríquez não será um candidato sério, embora este tenha um mestrado em Género, Etnia e Cidadania Intercultural.
“Há racismo contra a população negra. Há racismo contra a população indígena. Há racismo contra a área geográfica a que você pertence”, disse Henríquez.
Para estas eleições, a oposição permanece dividida. Seis partidos reuniram-se para criar uma coligação de oposição e vão escolher um único candidato para concorrer contra o presidente, com Henríquez a representar inicialmente o partido indígena YATAMA.
Mas o processo de seleção foi marcado por lutas internas e o YATAMA saiu da coligação. Apesar de tudo, Henríquez não vacilou e permanece na corrida como independente.
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