O
engenheiro espanhol da NASA Carlos García-Galan disse ao ZAP que não
tem dúvidas que o Homem vai chegar a Marte na próxima década. Mas
primeiro, ainda vai regressar à Lua.
Carlos García-Galan nasceu em Espanha, mas desde pequeno percebeu que a sua paixão pelo Espaço não tinha fronteiras físicas. O engenheiro aeroespacial trabalha há mais de 20 anos na NASA e é um dos líderes da missão Orion, que pretende voltar a levar o Homem à Lua e chegar a Marte até 2030.
O espanhol esteve na Web Summit, onde conversou com o ZAP e falou sobre o seu trabalho na agência espacial norte-americana. O seu papel nesta história não é dentro da nave, mas sim colaborar com a equipa que a desenha. A pergunta que se impõe é: será mesmo possível chegar a Marte na próxima década?
Carlos não tem dúvidas que sim. O primeiro passo, obviamente, passar por regressar à Lua, “habituarmo-nos a trabalhar neste ambiente, testar a tecnologia e as operações e acostumarmo-nos à logística”. O seu objetivo é fazer parte deste pedaço de História.
“Temos de estar preparados para nos fixarmos na Lua”, atirou. O primeiro passo é desenvolver a tecnologia para chegar lá e torná-la sustentável para estadias mais longas. Depois, é preciso aprender o know-how e perceber o que ainda falta. Depois desta primeira fase, Marte pode tornar-se uma realidade palpável.
Uma questão que também motiva o interesse de muitas pessoas ao redor da exploração espacial é perceber se podemos encontrar um novo planeta habitável num futuro próximo. A esta pergunta, Carlos García-Galan não consegue dar resposta. Está no segredo dos deuses.
“A NASA está sempre à procura de oportunidades para ir a diferentes lugares. Não tenho a certeza se vamos encontrar um planeta habitável, especialmente a um que possamos chegar”, começou por dizer. A melhor hipótese que temos é Marte ou talvez uma das suas luas. “Estas são coisas que não estão totalmente fora das nossas capacidades tecnológicas”, sublinhou.
Inicialmente, o foco da NASA vai ser o regresso à Lua, que vai servir de trampolim para futuros avanços. Na próxima década, o objetivo passará por “encontrar um lugar permanente ou semi-permanente para ficar”.
Embora o seu lugar seja nos bastidores da ação, Carlos não esconde que gostaria de ir ao Espaço. “Para a raça humana, é a derradeira fronteira”, disse o engenheiro com um brilho nos olhos. Carlos tem ADN de explorador. O pai era piloto, a mãe era comissária de bordo e o irmão seguiu o mesmo caminho e é agora piloto comercial.
Para Carlos, há três bases em que a exploração espacial deve assentar por enquanto. A primeira é o desenvolvimento de tecnologia.
“Sempre que o fizemos, em qualquer área, os benefícios foram enormes na Terra. Pense no programa Apollo e na tecnologia que agora temos no Espaço: GPS, comunicações, Internet…”, descreveu o espanhol ao ZAP.
A segunda é a aprender o know-how e a terceira — “e talvez a mais importante” — é inspirar as pessoas. Uma forma de o fazer, salienta, é chegar novamente à Lua ou ir a Marte.
Na sua ótica, o recente boom de turismo espacial tem o potencial de servir de condão para inspirar os mais jovens.
Em 28 de abril de 2001, Dennis Tito, um empresário rico, pagou 20 milhões de dólares por um lugar numa nave russa Soyuz para ser o primeiro turista a visitar a Estação Espacial Internacional. Agora, as viagens suborbitais da Blue Origin e da Virgin Galactic têm um custo muito mais razoável, com preços entre 200 mil e 250 mil dólares. Uma empresa norte-americana até espera vir a cobrar 50 mil dólares por viagem em 2024.
“Eu sei que as pessoas, com alguns voos que ultimamente levaram celebridades, estão a concentrar-se apenas na alegria de ir ao Espaço, certo? Porque é que estamos a investir tanto dinheiro para que essa celebridade possa ir para o Espaço? A verdade é que isto é apenas uma das consequências”, começou por explicar Carlos García-Galan.
“O importante aqui é o que foi necessário fazer para lançar algo de forma sustentável e voltar em apenas algumas semanas”, acrescentou. “Devemos pensar: ‘Uau, desenvolveram um foguetão reutilizável que consegue levar pessoas normais ao Espaço, sem que seja preciso um astronauta profissional”.
Além disto, a redução dos preços de lançamento de foguetões tem outras vantagens. Por exemplo, para empresas que queiram fornecer banda larga a países pobres. “Há provavelmente um milhão de outras coisas que se pode fazer”, rematou.
Com mais de 20 anos de experiência na NASA, Carlos García-Galan leva uma grande bagagem. Quando lhe perguntamos qual a coisa mais impressionante que já viu ao longo da sua carreira, o espanhol teve dificuldades. “Uau, essa é uma pergunta muito difícil. Posso escolher duas?”, perguntou, entre risos.
“Uma delas foi a montagem em órbita da Estação Espacial Internacional da qual fiz parte”, disse Carlos com um brilho no olhar. “A complexidade de montar em órbita aquela imensa infraestrutura, conectando, no Espaço, peças que nunca tinham sido conectadas” faz deste um feito impressionante.
A segunda coisa que mais o fascina é os preparativos para regressar à Lua e permanecer lá. “Estou extremamente impressionado com a complexidade disso e tenho o privilégio de participar”, admitiu.
https://zap.aeiou.pt/astronauta-nasa-chegar-marte-443567
Carlos García-Galan nasceu em Espanha, mas desde pequeno percebeu que a sua paixão pelo Espaço não tinha fronteiras físicas. O engenheiro aeroespacial trabalha há mais de 20 anos na NASA e é um dos líderes da missão Orion, que pretende voltar a levar o Homem à Lua e chegar a Marte até 2030.
O espanhol esteve na Web Summit, onde conversou com o ZAP e falou sobre o seu trabalho na agência espacial norte-americana. O seu papel nesta história não é dentro da nave, mas sim colaborar com a equipa que a desenha. A pergunta que se impõe é: será mesmo possível chegar a Marte na próxima década?
Carlos não tem dúvidas que sim. O primeiro passo, obviamente, passar por regressar à Lua, “habituarmo-nos a trabalhar neste ambiente, testar a tecnologia e as operações e acostumarmo-nos à logística”. O seu objetivo é fazer parte deste pedaço de História.
“Temos de estar preparados para nos fixarmos na Lua”, atirou. O primeiro passo é desenvolver a tecnologia para chegar lá e torná-la sustentável para estadias mais longas. Depois, é preciso aprender o know-how e perceber o que ainda falta. Depois desta primeira fase, Marte pode tornar-se uma realidade palpável.
Uma questão que também motiva o interesse de muitas pessoas ao redor da exploração espacial é perceber se podemos encontrar um novo planeta habitável num futuro próximo. A esta pergunta, Carlos García-Galan não consegue dar resposta. Está no segredo dos deuses.
“A NASA está sempre à procura de oportunidades para ir a diferentes lugares. Não tenho a certeza se vamos encontrar um planeta habitável, especialmente a um que possamos chegar”, começou por dizer. A melhor hipótese que temos é Marte ou talvez uma das suas luas. “Estas são coisas que não estão totalmente fora das nossas capacidades tecnológicas”, sublinhou.
Inicialmente, o foco da NASA vai ser o regresso à Lua, que vai servir de trampolim para futuros avanços. Na próxima década, o objetivo passará por “encontrar um lugar permanente ou semi-permanente para ficar”.
Embora o seu lugar seja nos bastidores da ação, Carlos não esconde que gostaria de ir ao Espaço. “Para a raça humana, é a derradeira fronteira”, disse o engenheiro com um brilho nos olhos. Carlos tem ADN de explorador. O pai era piloto, a mãe era comissária de bordo e o irmão seguiu o mesmo caminho e é agora piloto comercial.
Para Carlos, há três bases em que a exploração espacial deve assentar por enquanto. A primeira é o desenvolvimento de tecnologia.
“Sempre que o fizemos, em qualquer área, os benefícios foram enormes na Terra. Pense no programa Apollo e na tecnologia que agora temos no Espaço: GPS, comunicações, Internet…”, descreveu o espanhol ao ZAP.
A segunda é a aprender o know-how e a terceira — “e talvez a mais importante” — é inspirar as pessoas. Uma forma de o fazer, salienta, é chegar novamente à Lua ou ir a Marte.
Na sua ótica, o recente boom de turismo espacial tem o potencial de servir de condão para inspirar os mais jovens.
Em 28 de abril de 2001, Dennis Tito, um empresário rico, pagou 20 milhões de dólares por um lugar numa nave russa Soyuz para ser o primeiro turista a visitar a Estação Espacial Internacional. Agora, as viagens suborbitais da Blue Origin e da Virgin Galactic têm um custo muito mais razoável, com preços entre 200 mil e 250 mil dólares. Uma empresa norte-americana até espera vir a cobrar 50 mil dólares por viagem em 2024.
“Eu sei que as pessoas, com alguns voos que ultimamente levaram celebridades, estão a concentrar-se apenas na alegria de ir ao Espaço, certo? Porque é que estamos a investir tanto dinheiro para que essa celebridade possa ir para o Espaço? A verdade é que isto é apenas uma das consequências”, começou por explicar Carlos García-Galan.
“O importante aqui é o que foi necessário fazer para lançar algo de forma sustentável e voltar em apenas algumas semanas”, acrescentou. “Devemos pensar: ‘Uau, desenvolveram um foguetão reutilizável que consegue levar pessoas normais ao Espaço, sem que seja preciso um astronauta profissional”.
Além disto, a redução dos preços de lançamento de foguetões tem outras vantagens. Por exemplo, para empresas que queiram fornecer banda larga a países pobres. “Há provavelmente um milhão de outras coisas que se pode fazer”, rematou.
Com mais de 20 anos de experiência na NASA, Carlos García-Galan leva uma grande bagagem. Quando lhe perguntamos qual a coisa mais impressionante que já viu ao longo da sua carreira, o espanhol teve dificuldades. “Uau, essa é uma pergunta muito difícil. Posso escolher duas?”, perguntou, entre risos.
“Uma delas foi a montagem em órbita da Estação Espacial Internacional da qual fiz parte”, disse Carlos com um brilho no olhar. “A complexidade de montar em órbita aquela imensa infraestrutura, conectando, no Espaço, peças que nunca tinham sido conectadas” faz deste um feito impressionante.
A segunda coisa que mais o fascina é os preparativos para regressar à Lua e permanecer lá. “Estou extremamente impressionado com a complexidade disso e tenho o privilégio de participar”, admitiu.
https://zap.aeiou.pt/astronauta-nasa-chegar-marte-443567
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