Os
carros eléctricos podem ajudar a produzir energia para milhões de casas
nos próximos anos, simplesmente ao aproveitarem a energia das suas
baterias.
A electricidade na bateria do veículo pode ser ligada
de volta à rede em vez de ser armazenada. A técnica foi criada no Japão e
a nossa investigação vai ajudar na compreensão sobre como a utilizar
melhor no Reino Unido.
Muitos veículos elétricos (VEs) estão a
ser produzidos com a capacidade de usar a sua bateria a bordo para
enviarem energia para o fornecedor de eletricidade a que estão ligados.
Seja
a casa do dono, ou a rede de eletricidade mais no geral, estas
tecnologias têm sido lideradas por governos e produtores de carros
elétricos principalmente para equilibrar as exigências sobre a rede.
A
capacidade de usar estas enormes baterias cumpre com o objectivo futuro
de gestão e criação de redes mais limpas — em vez de queimar
combustíveis fósseis para gerar eletricidade, devemos aproveitar os
recursos renováveis limpos como o vento ou o Sol quando abundantes, e
armazenar a eletricidade nas baterias quando não é possível.
Então ao carregar os veículos elétricos com fontes renováveis, podemos reduzir as emissões de gases com efeitos de estufa.
O
plano é bom, mas é difícil porque a eletricidade é difícil de
armazenar. Mas já podemos armazenar enormes quantidades de eletricidade —
nos nossos carros. Com cerca de 1% dos 27 milhões de agregados
familiares no Reino Unido com um VE, cada um com uma bateria de 60kWh em
média, estes 300 mil EVs podem armazenar uns incríveis 18GWh de
eletricidade que podem ser úteis para dar energia às casas.
Isso
é mais do que a central elétrica de Dinorwin, em Snowdonia, a maior
instalação de armazenamento do Reino Unido, que armazena cerca de 9GWh.
Até
2030, o Reino Unido pode ter quase 11 milhões de veículos elétricos nas
estradas. Assumindo que 50% destes veículos têm capacidade de dar a
energia que não é usada de volta à rede, isto abre a oportunidade de dar
energia a 5.5 milhões de agregados familiares.
Como é que tornamos isto realidade?
Para
os carros poderem alimentar a rede a nível técnico, três coisas
precisam de acontecer. Primeiro, uma transferência de energia em mão
dupla do carro para o ponto de carregamento deve ser possibilitada. Este
sistema é conhecido como veículo-para-rede e foi introduzido
inicialmente no Japão depois do desastre de Fukushima e a crise
energética que se seguiu.
Mas há mais áreas de desenvolvimento
precisas para a tecnologia avançar. Estas incluem instalações de
hardware em casa para carregamentos veículos-para-rede, a
compatibilidade dos veículos e as mudanças no mercado energético.
Também
há dois tipos de equipamentos de carregamento rápido que competem, que
precisariam de ser resolvidos, talvez com unidades que têm ambos os
tipos de conectores.
A terceira parte do puzzle técnico é a
garantia de apoio da rede de distribuição de energia. Algumas partes da
rede são incapazes de ter uma quantidade significativa de energia a ser
despejada de volta através de ligações simultâneas, por isso as redes
locais precisam de ter a certeza de que conseguem lidar com isso.
Quando a tecnologia estiver pronta, como é que garantimos que as pessoas aderem ao esquema? Estamos a investigar a aceitação dos consumidores e o conhecimento de sistemas veículo-para-rede, com uma visão para mostrar aos condutores como a tecnologia funciona e evitar que as suas baterias fiquem paradas quando são úteis.
De momento, a maioria dos testes são feitos por empresas energéticas e empresas de distribuição, que querem entender como a tecnologia funciona comercialmente e ajudar a equilibrar a rede energética. Mas nós acreditamos o foco deve também estar direccionado ao custo-benefício, às credenciais ecológicas e à conveniência para os condutores.
Carregar veículos elétricos com a energia mais barata e vender a energia de volta para a rede no momento de pico de preços pode permitir aos consumidores ganhar até 725 libras por ano. Isto aliado às poupanças no combustível: um VE custa em média 500 libras por ano versus 1435 libras por ano para um a gasolina ou gasóleo.
A redução do impacto no ambiente, a poupança nos custos de combustível e alimentar a casa com energia limpa e barata são todos ótimos benefícios, mas os casos de carros com baterias fracas podem levar a muitos donos desapontamos.
Outras preocupações também incluem: o potencial custo de instalar carregadores compatíveis para veículo-para-rede em casa, o impacto no estilo de vida, as inconveniências de carregamentos demorados no carro (se o carro estiver a dar energia à casa); e o medo da degradação da bateria (que algumas pesquisas indicam que é justificado, mas superado pelos benefícios potenciais).
O regulador de eletricidade e gás no Reino Unido, Ofgem, tem a intenção de investir milhões de libras na criação de um sistema energético mais flexível para apoiar a eletrificação de veículos e a criação de energia renovável, e para fazer a transição para uma economia de poucas emissões de carbono, mais justa, inclusiva e barata.
Se condutores suficientes aproveitarem a tecnologia veículo-para-rede, o Reino Unido pode ganhar uma capacidade de produzir energia de até 10 centrais nucleares grandes e reinvestir o dinheiro poupado no desenvolvimento de energia limpa e um sistema energético flexível.
O processo não vai ser fácil. As soluções são numerosas, mas precisam de apoio das empresas energéticas, e até dos produtores de carros e de empresas financeiras. Há muitas partes do puzzle para resolver, mas como o carro médio não é usado 95% do tempo, a probabilidade de que a sua fonte energética possa ser usada para um estilo de vida mais verde e barato é enorme.
https://zap.aeiou.pt/carros-eletricos-fornecer-energia-casas-446245
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