sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Detetor de neutrinos encontra novo tipo de “partícula fantasma” do Sol !

 

O balão gigante de nylon do detetor de neutrinos Borexino, na Itália

Borexino, um enorme detetor de partículas subterrâneo na cordilheira dos Apeninos, em Itália, descobriu um tipo de neutrino, nunca antes visto, vindo do Sol.

Os neutrinos são partículas ultraleves produzidas em reações nucleares, sendo que a maioria dos neutrinos detetados na Terra são produzidos pelo Sol. Na década de 1930, os cientistas sugeriram que a nossa estrela também produzia um outro tipo de neutrino através de reações que envolviam carbono, nitrogénio e oxigénio – os neutrinos CNO.

Segundo o New Atlas, o Borexino, um detetor de partículas subterrâneo que se localiza em Itália, encontrou estas partículas pela primeira vez.

Apesar de este tipo de reação ser responsável por uma pequena fração da energia do Sol, em estrelas mais massivas pode ser o principal condutor de fusão. A recente descoberta, cujo artigo científico foi publicado na Nature, significa que os cientistas conseguiram decifrar o ciclo de fusão solar.

Detetar neutrinos não é uma tarefa fácil, já que muito raramente interagem com a matéria, e os sinais de neutrinos CNO são ainda mais difíceis de detetar – as suas assinaturas são muito semelhantes às das partículas produzidas pelo enorme balão de nylon que envolve os hidrocarbonetos líquidos que o Borexino usa como detetor.

Para ultrapassar esta dificuldade, a equipa passou vários anos a ajustar a temperatura do detetor de partículas para desacelerar o movimento do fluido, concentrando-se nos sinais vindos do centro. Em fevereiro, a equipa conseguiu captar o sinal que há tanto tempo ansiava encontrar.

Como a parte central do detetor se tornou ainda mais sensível, novas descobertas podem vir a caminho. Estes dados ajudam a comunidade científica a entender o ciclo de fusão das estrelas e a descobrir o quão “metálico” é o Sol.

https://zap.aeiou.pt/detetor-de-neutrinos-encontra-novo-tipo-de-particula-fantasma-do-sol-366182

Mudança drástica no Ártico - Com o degelo, a região está a tornar-se cada vez mais verde !

O gelo marinho do Ártico tem tido um acentuado decréscimo nas últimas duas décadas. Agora, um novo estudo mostra que à medida que o gelo marinho desaparece, o Ártico está a tornar-se cada vez mais verde e castanho.

O declínio do gelo marinho é um fator de peso nas mudanças climáticas. Na região do Ártico tem contribuído bastante para o aquecimento global, mas está também a dar origem a um novo fenómeno que se carateriza por um cenário onde se encontra cada vez menos gelo e mais tundra – trata-se da formação vegetal mais degradada e pobre da superfície da Terra, é muito rasteira pois tem apenas com alguns centímetros de altura e é constituída por ervas, musgos e líquenes.

No entanto, o papel que a dinâmica do gelo marinho desempenha em impulsionar as mudanças na vegetação terrestre ainda é relativamente pouco estudado, realça o Phys.

Para realizar o estudo, que foi publicado no jornal PNAS no dia 15 de dezembro, uma equipa internacional liderada por Agata Buchwal, reuniu 23 cronologias de arbustos e investigou a sua relação com as mudanças na extensão do gelo marinho, temperatura do ar e precipitação. O conjunto de dados incluiu bétulas e salgueiros do Alasca, do Ártico canadense, Gronelândia, Svalbard e Sibéria.

“Este tipo de vegetação não deverá anunciar os efeitos da mudança climática no Ártico”, disse Buchwal. “Em vez disso registam pacientemente as suas respostas às mudanças nos seus anéis de crescimento. E é nossa função aprender com os seus registos”, explicou.

O estudo descobriu que a maioria dos arbustos do Ártico “aproveita” o aquecimento induzido pelo declínio do gelo marinho para aumentar o seu crescimento. Ainda assim, um vasto grupo de arbustos diminuiu progressivamente o seu crescimento durante o período de perda do gelo marinho, pois este tipo de arbustos têm tendência a viver em áreas mais secas.

As descobertas agora apresentadas têm implicações locais e globais a nível das mudanças climáticas, incluindo o potencial de absorção de carbono e os efeitos do albedo (processo onde o gelo nos polos funciona como um espelho para as radiações solares que chegam à Terra, sendo que se a sua superfície diminuir, a temperatura média do planeta vai aumentar).

As áreas dominadas por tundra que apresentam maior crescimento podem absorver e armazenar mais carbono. Enquanto isso, as regiões com menos crescimento podem sofrer mais perda de carbono para a atmosfera.

“As mudanças climáticas estão a alterar fundamentalmente o próprio caráter do Ártico”, frisou o co-autor Eric Post, ecologista da UC Davis.

O especialista garante que “este novo estudo combina duas áreas de foco: perda de gelo marinho e crescimento de arbustos de tundra”. Ainda assim, a equipa garante, no seu estudo, que o assunto é merecedor de novas e mais detalhadas investigações.

https://zap.aeiou.pt/mudanca-artico-degelo-mais-verde-365913

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