Uma sondagem recente revela que, se as eleições presidenciais do Brasil se realizassem hoje, Lula da Silva estaria à frente de Bolsonaro. O ex-secretário de Comunicação da Presidência do Brasil, Fábio Wajngarten, disse esta quarta-feira à CPI sobre a pandemia que o governo ignorou contactos da Pfizer e Dilma Rousseff considera gestão de Bolsonaro na pandemia de “genocídio”.
Se as eleições presidenciais do Brasil se realizassem hoje, o ex-Presidente brasileiro Lula da Silva estaria à frente o atual chefe de Estado numa primeira volta com 41% das intenções de voto contra 23% de Jair Bolsonaro e numa eventual segunda volta, com 55% dos votos contra 32% segundo uma sondagem – que é já a segunda – do Instituto Datafolha, divulgada esta quinta-feira.
A sondagem, feita pelo centro de sondagens do grupo da Folha de São Paulo, apontou ainda como candidatos o ex-ministro e antigo juiz da Lava Jato Sergio Moro com 7% dos votos, o ex-candidato presidencial e antigo ministro Ciro Gomes com 6%, o apresentador de televisão Luciano Huck (4%) e o governador de São Paulo, João Doria, com 3%.
O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e o antigo candidato à Presidência e empresário João Amoedo também figuram na suposta disputa e aparecem empatados com 2% das intenções de voto.
Luiz Inácio Lula da Silva receberia assim a maioria dos votos dados a Doria, Ciro e Huck, enquanto o atual chefe de Estado herdaria a maior fatia dos que optaram por Moro. Esta é a primeira sondagem desde que a justiça anulou as condenações de Lula da Silva no âmbito da operação da Lava Jato, há pouco mais de dois meses, e que lhe restabeleceu os seus direitos políticos.
Além de anular as condenações, o Supremo Tribunal Federal do Brasil também reconheceu que Sergio Moro foi parcial ao condenar Lula da Silva no caso do tríplex de Guarujá, numa nova vitória para o “petista”
Apesar de as condenações de Lula terem sido anuladas e de voltar a estar elegível, isso não significa que o antigo Presidente brasileiro tenha sido inocentado, já que os casos serão remetidos para a justiça do Distrito Federal, que os vai reavaliar e pode receber novamente as denúncias e reiniciar os processos anulados.
A sondagem foi feita com 2.071 pessoas, de forma presencial, em 146 municípios, nos dias 11 e 12 de maio, segundo a Folha de S.Paulo. A margem de erro é de dois pontos percentuais. A sondagem apontou 9% de votos em branco e nulos e 4% dos brasileiros ouvidos disseram estar indecisos.
Quer Lula, quer Bolsonaro, já admitiram a possibilidade de concorreram às presidenciais de 2022, apesar de ainda não ter confirmado a recandidatura.
Brasil ignorou carta da Pfizer sobre vacinas
Em depoimento à investigação parlamentar à resposta do governo brasileiro à crise sanitária, Fábio Wajngarten afirmou que uma carta enviada pela farmacêutica a oferecer vacinas, em 12 de setembro de 2020, ao Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e ao Ministério da Saúde e outros membros do governo, não recebeu resposta até 9 de novembro, quando tomou conhecimento do documento.
“A carta foi enviada dia 12 de setembro. O dono de um veículo de comunicação [social] me avisa em 9 de novembro que a carta não foi respondida. Nesse momento, envio um email ao presidente da Pfizer. Quinze minutos depois, o presidente da Pfizer no Brasil – eu liguei para Nova Iorque -, me responde. Ele disse: Fabio, obrigado pelo seu contacto”, relatou Wajngarten.
Parlamentares da oposição avaliam que Bolsonaro dificultou a aquisição de vacinas contra a Covid-19, nomeadamente da Sinovac e da Pfizer, por defender a tese da chamada imunidade de grupo.
Jair Bolsonaro chegou a insinuar que o imunizante da Pfizer poderia transformar as pessoas em “jacaré” numa conversa com apoiantes antes de o governo brasileiro decidir comprar a vacina.
Respondendo a uma pergunta do relator da investigação, Renan Calheiros, sobre uma entrevista que Wajngarten deu à revista Veja em que alegadamente acusou a equipa do Ministério da Saúde de ter falhado na negociação da vacina, o antigo secretário foi evasivo e caiu em contradição em diversos momentos, irritando os senadores da CPI.
Wajngarten disse que teve reuniões com a equipa da Pfizer para ajudar na negociação e “destravar burocracias”, mas depois negou ter participado das negociações quando foi questionado sobre o número de doses oferecidas ao Brasil.
“Nunca procurei a Pfizer, nunca pedi a reunião, eu nunca nada. Sempre me comportei de forma reativa para acelerar a chegada da melhor vacina naquele momento”, declarou, noutro momento.
O ex-secretário de Comunicação participa na CPI na condição de testemunha e, portanto, não pode negar-se a responder ou mentir.
Ao contrário do que terá dito à revista Veja, Wajngarten também se negou a criticar membros do governo brasileiro. Questionado se houve “procrastinação” por parte do governo brasileiro na aquisição das vacinas da Pfizer, disse aos senadores que não, alegando que o contrato oferecido tinha “cláusulas leoninas”.
“Acho que a burocracia, a morosidade na tomada de decisão que é característica da administração pública é um problema nos casos excecionais como a gente tem na pandemia”, declarou.
Confrontado com as declarações que alegadamente deu em entrevista à Veja em diversos momentos, Wajngarten foi acusado de mentir pelos parlamentares na sessão, que teve confrontos verbais entre senadores apoiantes e que fazem oposição ao governo Bolsonaro.
“Se mentiu à Veja e a esta comissão, vou requerer a forma da legislação processual a prisão do depoente”, afirmou o relator da investigação, Renan Calheiros. A pedido do relator, a comissão requisitou a gravação da entrevista de Wajngarten à revista.
O presidente da CPI, Osmar Aziz, também criticou o ex-secretário afirmando que se não fosse objetivo nas respostas a CPI iria “dispensá-lo” da comissão. “Pediremos à revista Veja que mande a gravação e o chamaremos de novo, não como testemunha, mas como investigado”, avisou.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo ao contabilizar 425.540 vítimas mortais e mais de 15,2 milhões de casos confirmados de Covid-19. A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 3.319.512 mortos no mundo, resultantes de mais de 159,5 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Dilma Rousseff classifica de “genocídio” gestão de Bolsonaro na pandemia
Esta quarta-feira, numa cerimónia na Cidade do México, a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff classificou de “genocídio” a gestão da pandemia feita pelo atual chefe de Estado.
“O meu país vive uma situação difícil. Temos a presença do neoliberalismo que, com um Governo neofascista, é responsável talvez por um dos maiores processos de genocídio da história da humanidade”, disse a ex-presidente, referindo-se às mais de 425 mil mortes que o novo coronavírus já fez no Brasil.
Além disso, considerou que o atual Governo do seu país “entregou uma população inteira à morte” e voltou “a uma situação terrível de insegurança alimentar”, escreve o Dinheiro Vivo.
Dilma Rousseff, membro do Partido dos Trabalhadores (PT), foi destituída da presidência do Brasil em 2016, pelo Congresso, por irregularidades na gestão das contas públicas, o que considera um “golpe de Estado”.
https://zap.aeiou.pt/lula-silva-derrotaria-bolsonaro-2022-402154
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