O líder norte-coreano Kim Jong-un inaugurou na segunda-feira a
nova cidade de Samjiyon, localizada perto do Monte Paektu, berço do
regime. O projeto, mantido em sigilo até à sua exposição mediática, foi
definido pelos meios de comunicação norte-coreana como o “epítome da
civilização moderna”, mas há que ONG’s denunciam a utilização de
trabalho forçado na sua construção.
De acordo com a AFP, citada pelo Sapo 24,
o governo chinês investiu elevadas somas na reconstrução da cidade,
projeto que ainda não está finalizado. Samjiyon já foi a capital de um
condado fronteiriço com a China e, de acordo com a propaganda
norte-coreana, é o local onde nasceu Kim Jong-il, pai e antecessor de Kim Jong-un.
O líder norte-coreano, continuou o Sapo 24, visitou os projetos de construção várias vezes. O Rodong Sinmun, órgão de propaganda do Comité Central do Partido dos Trabalhadores da Coreia, publicou fotografias de Kim Jong-un a cortar uma fita para inaugurar a cidade perante milhares de pessoas.
A cidade inclui um museu sobre a revolução, um estádio para desportos
de inverno, uma estância de esqui, uma nova linha ferroviária e uma
fábrica de tratamento de mirtilo e batata – recursos mais importantes da
região. Incluirá ainda 10 mil residências, capazes de acomodar quatro mil famílias e 360 quarteirões de edifícios, referiu a agência noticiosa oficial norte-coreana KCNA.
A Coreia do Norte tem sido alvo de várias sanções da comunidade
internacional devido aos programas nucleares e balísticos, o que tem
prejudicado a sua economia. Contudo, a KCNA apresentou Samjiyon
como um sinal da resiliência económica do país. A inauguração coincide
com um momento de estagnação nas negociações com Washington, após a
cimeira de Hanói entre Kim Jong-un e o presidente dos EUA, Donald Trump,
em fevereiro.
Numa visita recente, a AFP relatou ter visto milhares de
pessoas a trabalhar nas obras de Samjiyon, incluindo militares.
Estudantes foram também mobilizadas durante as férias.
Segundo a Reuters, alguns críticos – desde desertores a ativistas dos direitos humanos – consideraram os trabalhos como “escravatura”,
visto que os envolvidos não são pagos, têm más condições de alimentação
e poderão ter de trabalhar mais de 12 horas por dia nos próximos 10
anos para garantir a entrada na universidade ou nas bases do partido
único.
“Kim entregou-se de corpo e alma para fazer do condado de Samjiyon o
lugar sagrado da revolução, uma utopia urbana do socialismo”, divulgou
na terça-feira a KCNA.
Pyongyang não informou quanto custou o projeto, que em princípio será
realizado em fases. Kim Jong-un pediu que estivesse pronto para o 75.º
aniversário da fundação do Partido dos Trabalhadores da Coreia em outubro de 2021, mas a falta de materiais de construção e de trabalhadores têm resultado em sucessivos atrasos.
Fonte: https://zap.aeiou.pt/coreia-norte-nova-cidade-ongs-governo-recorrer-trabalho-forcado-295047
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