O relatório divulgado esta terça-feira mostra que Donald
Trump tentou usar a Ucrânia para interferir nas eleições presidenciais
de 2020, de forma a “favorecer a sua campanha de reeleição”.
A Comissão das Informações da Câmara dos Representantes divulgou na
terça-feira os argumentos de um possível julgamento político contra o
presidente norte-americano, acusado de ter colocado os seus “interesses pessoais e políticos” à frente dos do país.
Ao longo de 300 páginas é relatado como Donald Trump condicionou
alegadamente a entrega da ajuda militar à Ucrânia à abertura de uma
investigação por parte de Kiev ao ex-vice-presidente democrata Joe Biden
e ao seu filho Hunter, por presumível corrupção no país europeu, o que iria beneficiar a campanha eleitoral do inquilino da Casa Branca e desembocou na atual investigação do Congresso a Trump.
Em resultado da investigação dos congressistas, os democratas da Câmara de Representantes consideram que Trump abusou do poder, obstruiu as investigações do Congresso e comprometeu a segurança nacional, pelo que consideram que, tudo junto, há motivos suficientes para a sua destituição.
O documento vai servir de base à Comissão Judicial da Câmara dos
Representantes, que vai agora redigir os designados “artigos de juízo
político”, isto é, as acusações contra o presidente dos EUA, caso venha a
ser aberto o processo de destituição. As principais conclusões do
documento apontam, entre outras, para abuso de poder, obstrução inédita e
para comprometer a segurança dos EUA.
Assim, o texto recordou o telefonema entre Trump e o presidente
ucraniano, Vladimir Zelenski, em que aquele lhe pediu “um favor”, e
denunciou que o multimilionário republicano procurou interferir no resultado das próximas eleições.
“Durante um telefonema em 25 de julho, o presidente Trump pediu ao presidente Zelenski, da Ucrânia, que lhe ‘fizesse um favor’ e investigasse Joe Biden”, sublinhou a comissão.
Outra acusação a Trump foi a de fazer uma “obstrução sem precedentes”,
considerando a comissão que este foi mesmo “o primeiro e único
presidente na história dos EUA que desafia indiscriminada e abertamente
todos os aspetos do processo constitucional de destituição ao ordenar a
todas as agências federais e funcionários, de maneira categórica, que
não cumpram as intimações”.
Os democratas consideraram que esta “falta de cooperação sem precedentes”
pode ser vir como “fundamento” da proposta de destituição de Trump.
Comprometer a segurança dos EUA é outra acusação feita a Trump, uma vez
que este usou os poderes do seu cargo para solicitar a interferência
estrangeira nas eleições de 2020.
Acresce, salientaram os democratas, que a Ucrânia, para Trump, pouco
ou nada importava, baseando-se nas declarações prestadas no Congresso
pelo embaixador dos EUA na União Europeia, Gordon Sondland.
“Pelo contrário”, destacou-se no documento, a Trump só lhe importavam as “coisas importantes” que o beneficiavam pessoalmente, como “a investigação a Biden”.
No documento, particularizou-se ainda que, “em 11 de setembro, o presidente Trump levantou o bloqueio da assistência militar à Ucrânia, depois de a Casa Branca considerar que a sua conspiração tinha sido exposta”.
Os democratas argumentaram que Trump só desbloqueou a ajuda militar à
Ucrânia quando os meios de comunicação e vários congressistas começaram
a denunciar a existência de um ‘quid pro quo’, expressão que designa troca de favores, nas atitudes de Trump em relação a Kiev.
Fonte: https://zap.aeiou.pt/provas-conduta-inapropriada-trump-295099
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