domingo, 29 de dezembro de 2019

Há planetas que “comem” o seu próprio céu e por isso não crescem !

A evolução da tecnologia, mais concretamente dos Telescópios, abriu um novo olhar sobre o espaço. Antes desta revolução tecnológica, pouco era conhecido e, desse pouco, o nosso Sistema Solar estava sozinho no Universo. Posteriormente, com a chegada dos telescópios mais avançados, o Homem percebeu que existe um tesouro de planetas em órbita de estrelas distantes.
Com o equipamento mais desenvolvido nalguns observatórios espaciais, foram “trazidos para Terra” centenas de novos planetas. Contudo, nessa altura foi revelada uma realidade intrigante.
Ilustração NASA de um exoplaneta mais pequeno que Neptuno, que os seus oceanos de magma "comem" o céu dos planetas.


Telescópio Kepler da NASA, revelou centenas de planetas 

A sonda Kepler era um observatório espacial projetado pela NASA que procurou planetas com características habitáveis fora do Sistema Solar durante nove anos e meio. Lançado em 2009, este telescópio varreu o espaço como nunca outro o havia feito.
Em 2014, esta sonda americana entregou aos cientistas mais de 700 planetas distantes “novinhos em folha” para estudarem. Muitos deles tinham características totalmente diferentes do que havia sido observado anteriormente. Em vez de gigantes gasosos como Júpiter, que as investigações anteriores haviam captado primeiro porque são mais fáceis de observar, estes planetas eram mais pequenos e, na maioria, rochosos em termos de massa.

A Terra como medida certa 

Com os dados compilados e mais escrutinados, os cientistas notaram que existiam muitos destes planetas de tamanho idêntico ou pouco superior ao da Terra. Contudo, perceberam que havia também um corte acentuado antes dos planetas alcançarem o tamanho de Neptuno.
É como se fosse um ‘precipício’ nos dados, e é bastante dramático. O que temos discutido é o porquê de os planetas tenderem a parar de crescer além do triplo do tamanho da Terra.
Referiu o cientista planetário Edwin Kite da Universidade de Chicago.
Num artigo publicado dia 17 de dezembro na revista The Astrophysical Journal Letters, Kite e colegas da Universidade de Washington, da Universidade de Stanford e da Universidade Estatal da Pensilvânia fornecem uma explicação inovadora para esta queda: os oceanos de magma à superfície destes planetas absorvem rapidamente as suas atmosferas assim que os planetas atingem cerca de três vezes o tamanho da Terra.
Kite, que estuda a história de Marte e os climas de outros mundos, estava bem posicionado para estudar a questão. Ele pensou que a resposta podia depender de um aspeto pouco estudado de tais exoplanetas. Pensa-se que a maioria dos planetas um pouco mais pequenos do que a queda de tamanho tenham oceanos de magma às suas superfícies – grandes mares de rocha derretida como os que outrora cobriram a Terra. Mas, em vez de solidificarem como o nosso, são mantidos quentes por uma espessa camada atmosférica rica em hidrogénio.
Até agora, quase todos os modelos que temos ignoram este magma, tratando-o como quimicamente inerte, mas a rocha derretida é quase tão líquida quanto a água e muito reativa.
Explicou Kite.

Planetas que comem os seus próprios céus 

A questão que agora estava a ser levantada foi se, à medida que os planetas adquiriam mais hidrogénio, o oceano podia começar a “comer” o céu. Neste cenário, à medida que o planeta adquire mais gás, este acumula-se na atmosfera e a pressão em baixo, onde a atmosfera encontra o magma, começa a aumentar. A princípio, o magma absorve o gás adicionado a um ritmo constante, mas à medida que a pressão aumenta, o hidrogénio começa a dissolver-se muito mais facilmente no magma.
Não apenas isso, mas o pouco gás adicionado que permanece na atmosfera faz subir a pressão atmosférica e, assim, uma fração ainda maior do gás que chega mais tarde dissolve-se no magma.
Explicou Kite.

Assim sendo, o crescimento do planeta para antes de atingir o tamanho de Neptuno (porque a maioria do volume destes planetas está na atmosfera, o encolhimento da atmosfera encolhe os planetas).
Os autores chamam a isto a “crise de fugacidade”, que pega no termo que mede quanto mais facilmente um gás se dissolve numa mistura do que seria de esperar com base na pressão.
Imagem calendário da NASA sobre lançamentos de telescópios para caçar planetas

Pistas para se encontrarem novos planetas no futuro 

Existem vários marcadores que os astrónomos podem procurar no futuro. Por exemplo, se a teoria estiver correta, os planetas com oceanos de magma que são frios o suficiente para se cristalizarem à superfície devem exibir perfis diferentes, pois isso impediria o oceano de absorver tanto hidrogénio.
As investigações atuais e futuras do TESS da NASA, e de outros telescópios deverão fornecer aos astrónomos mais dados com que trabalhar.
No nosso Sistema não há nada como estes mundos. Embora o nosso trabalho sugira uma solução para um dos quebra-cabeças dos exoplanetas sub-Neptuno, ainda têm muito para nos ensinar!
Concluiu Edwin Kite.

Em suma, ainda há muita informação que pode servir como indicadores sobre esses novos planetas descobertos. Dessa forma, estão abertas muitas hipóteses para perceber como acontece o crescimento dos planetas. A Terra parece ser a medida certa.

Fonte: https://pplware.sapo.pt/ciencia/ha-planetas-que-comem-o-seu-proprio-ceu-e-por-isso-nao-crescem/

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