Num estudo sobre alterações climáticas publicado na semana passada na revista Science,
e que está sendo considerado épico pelas suas conclusões, pesquisadores
analisaram elementos químicos em milhares de amostras de “forames” para
construir o maior registro climático da Terra de todos os tempos.
Os forames são minúsculas amebas submarinas que, mesmo após o impacto do grande asteroide
que destruiu parte da vida na Terra há 66 milhões de anos, continuaram a
se reproduzir e construir conchas de cálcio e outros minerais
resistentes no fundo do mar que, fossilizadas, hoje auxiliam esse tipo
de estudo.
Os saltos climáticos
Fonte: University of Hawaii/Reproduçãoi
Cerca
de 10 milhões de anos após a extinção dos dinossauros, a Terra saltou
de um estado de Warm House para Hot House. Isso significou uma elevação
de temperaturas até 16 ºC acima dos níveis atuais. O efeito é conhecido
como Máximo Térmico Paleoceno-Eoceno.
Da mesma forma, quando o dióxido de carbono
sumiu da atmosfera nos 20 milhões de anos seguintes, mantos de gelo se
formaram na Antártida, e o planeta ingressou numa fase mais refrigerada
(Cool House), com temperaturas de superfície na casa dos 4 ºC acima dos
níveis modernos.
Impulsionada pela ação crescente e decrescente
das camadas de gelo do Hemisfério Norte, a Terra entrou numa era
refrigerada (Ice House) há cerca de 3 milhões de anos. Atualmente, as
emissões humanas de gases de efeito estufa estão fazendo com que as
temperaturas voltem a subir numa velocidade nunca vista em dezenas de
milhões de anos.
Perspectivas futuras do efeito estufa
Mapa dos últimos 66 milhões de alterações climáticas e previsões para os próximos 300 anos (Fonte:Westerhold et al., CENOGRID)
Esse aumento brutal está muito acima das variações naturais desencadeadas pelas mudanças orbitais do planeta. Mesmo que as atuais emissões
de efeito estufa se mantenham nos níveis atuais, o clima pode disparar
de volta a níveis nunca experimentados desde o Máximo Térmico
Paleoceno-Eoceno pós-dinossauros.
"O período de 66 a 34 milhões de
anos atrás, quando o planeta era significativamente mais quente do que
hoje, é de particular interesse, pois representa um paralelo no passado a
que futuras mudanças antropogênicas [interferência humana] podem
levar", conclui o estudo.
https://www.megacurioso.com.br/ciencia/116050-efeito-estufa-estudo-mostra-aquecimento-recorde-na-terra.htm
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