A China está em processo de construção de um muro de arame farpado ao longo da fronteira de 2.100 quilómetros ao sul com o Myanmar para evitar travessias ilegais, de acordo com relatórios recentes.
De acordo com a Radio Free Asia (RFA), financiada pelo governo dos Estados Unidos, imagens divulgadas nas redes sociais na cidade de Wanding e da cidade de Ruili – ambas na província de Yunnan, no sudoeste da China – mostram cercas de metal de arame farpado de 1,8 a 2,7 metros.
A Newsweek relata que, embora relatos dos media chineses afirmem que a muralha na fronteira ajude a prevenir cruzamentos ilegais e surtos de covid-19, o relatório da RFA revela que poderia impedir os dissidentes chineses de fugir do país.
Uma publicação no Twitter citada pela RFA refere mesmo que o empreendimento gigante, que recebeu o nome de “Grande Muralha do Sul”, começou a ser construído este ano. Atualmente estende-se por 660 quiómetros após a conclusão da sua primeira fase.
No mês passado, o site de notícias birmanês The Irrawaddy informou que os militares e oficiais do Myanmar, em Kokang, uma zona autoadministrada no norte do estado de Shan, tinham apresentado objeções a Pequim sobre a proximidade da muralha à linha de demarcação. A infraestrutura foi construída sem qualquer aviso prévio dado a Yangon.
Porém, os protestos do Governo de Myanmar e de líderes locais na Zona de Autoadministração de Kokang foram em vão.
Dois especialistas citados pela RFA disseram que o muro da fronteira serviria a outros propósitos além do controle da pandemia. “A decisão de construir este muro de fronteira não foi tomada num dia. É o resultado de um planeamento estrito”, disse um estudioso das relações Myanmar-China, identificado apenas como “Siling”.
O especialista disse que o muro impediria os cidadãos chineses de cruzar com frequência para o Myanmar e o Vietname para fazer negócios – alguns optando por nunca mais voltar. “A construção deste muro pela China também impedirá que os chineses escapem. A China não quer que essa tendência continue“, disse Siling.
O segundo especialista, identificado pelo sobrenome Wang, concordou que o muro da fronteira impediria os dissidentes chineses de fugir para o Sudeste Asiático. “Desde que Xi Jinping assumiu o poder, não só impediu que os cidadãos saíssem, mas também tentou sequestrar chineses no exterior para trazê-los de volta para casa”, disse Wang.
A RFA, que começou a receber subsídios do Governo dos Estados Unidos em 1996, tem relatado extensivamente sobre abusos dos direitos humanos em Xinjiang.
Em outubro, o Mandarin Service relatou que a China estava a construit um muro ao longo da sua fronteira sul com o Vietname para impedir o fluxo de trabalhadores migrantes chineses que cruzavam a fronteira para encontrar trabalho no auge da pandemia.
https://zap.aeiou.pt/vai-nascer-uma-grande-muralha-da-china-na-fronteira-com-o-myanmar-365953
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