Viajar para outras estrelas é um sonho para muitos, mas os sistemas estelares estão tão distantes que, com a ajuda dos voos espaciais convencionais, seriam necessárias dezenas de milhares de anos para lá chegar – mesmo até ao mais próximo.
Na física convencional, de acordo com as teorias da relatividade de Albert Einstein, não há uma forma de alcançar ou exceder a velocidade da luz, mas isso não impediu os físicos de tentar quebrar este limite universal de velocidade.
Viajar para estrelas distantes requer um meio de propulsão mais rápido do que a luz. Até ao momento, todas as pesquisas sobre transporte superluminal baseadas na teoria da relatividade geral exigiriam grandes quantidades de partículas hipotéticas e estados da matéria com propriedades físicas “exóticas”, como densidade de energia negativa.
Este tipo de matéria não existe nem pode ser fabricado em quantidades viáveis.
Uma nova investigação, levada a cabo por uma equipa de cientistas da Universidade de Göttingen, na Alemanha, contornou este problema.
O artigo científico, publicado no dia 9 de março na Classical and Quantum Gravity, baseia-se na construção de uma nova classe de “solitões” hiper-rápidos a partir de fontes com energias positivas, capazes de permitir uma viagem a qualquer velocidade.
Segundo o EurekAlert, Erik Lentz, principal autor do estudo, analisou algumas pesquisas sobre o tema e descobriu lacunas em estudos anteriores sobre a “dobra espacial”. O investigador chegou à conclusão de que há configurações da curvatura do espaço-tempo, organizadas em “solitões”, que ainda não foram exploradas – e são fisicamente viáveis.
Um solitão – também conhecido, neste contexto, como “bolha de dobra” – é uma onda compacta que mantém a sua forma e se move a uma velocidade constante.
O cientista derivou as equações de Einstein para configurações de solitão inexploradas e descobriu que as geometrias espaço-temporais alteradas poderiam ser formadas de uma forma que funciona mesmo com fontes de energia convencionais.
Este novo método usa a própria estrutura de espaço-tempo encontrada num só solitão para proporcionar uma solução para viagens a velocidades mais rápidas do que a velocidade da luz. A solução precisaria apenas de fontes com densidades de energia positivas.
Se pudesse ser gerada a energia suficiente, as equações usadas permitiriam realizar viagens espaciais de ida e volta até à Proxima Centauri, a estrela mais próxima da Terra, em alguns anos, em vez de décadas ou milénios.
Os solitões também foram configurados para conter uma região com forças de maré mínimas. Desta forma, a passagem do tempo dentro de um solitão coincidiria com o tempo externo: um ambiente ideal para uma nave espacial.
Isto significa que não haveria as complicações com o chamado “paradoxo dos gémeos”, em que um gémeo a viajar perto da velocidade da luz envelheceria muito mais lentamente do que o outro gémeo que ficou na Terra. Na verdade, de acordo com as equações recentes, ambos teriam a mesma idade quando se reunissem.
“Este trabalho afastou o problema da viagem mais rápida do que a luz da pesquisa teórica em física fundamental e aproximou-se da engenharia. A próxima etapa é descobrir como reduzir a quantidade astronómica de energia necessária”, disse Lentz. Depois disso, “podemos falar sobre a construção dos primeiros protótipos”.
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