O Papa Francisco ordenou que os cardeais recebam um corte de 10% na sua remuneração e reduziu os salários da maioria dos outros clérigos que trabalham no Vaticano para salvar os empregos dos funcionários.
A pandemia de covid-19 atingiu a receita do Vaticano. Assim, esta quarta-feira, o Papa Francisco emitiu um decreto a introduzir cortes proporcionais a partir de 1 de abril. Segundo um porta-voz, citado pela agência Reuters, a maioria dos funcionários leigos não será afetada pelos cortes.
O papa de 84 anos, que vem de uma família da classe operária, sempre insistiu não querer despedir pessoas em tempos económicos difíceis, mesmo quando o Vaticano continua a apresentar défices.
Acredita-se que os cardeais que trabalham no Vaticano e que vivem lá ou em Roma recebem salários de cerca de 4.000 a 5.000 euros por mês – e muitos moram em apartamentos grandes com alugueres bem abaixo do valor de mercado.
A maioria dos padres e freiras que trabalham nos departamentos do Vaticano vivem em comunidades religiosas em Roma, como seminários, conventos, paróquias, universidades e escolas, dando-lhes maior proteção contra crises económicas.
Estes religiosos têm despesas de subsistência muito mais baixas do que funcionários leigos – como polícias, porteiros, bombeiros, funcionários de limpeza, restauradores de arte e pessoal de manutenção – que vivem em Roma e muitos dos quais têm família.
É a estes funcionários que o Papa parece querer proteger, uma vez a maioria destas funções não foram listados no decreto papal.
Assim, além dos cardeais, outros clérigos terão os salários reduzidos entre 3% e 8%. Os aumentos salariais previstos para todos, exceto os três níveis salariais mais baixos, serão suspensos até março de 2023.
Num prefácio de sete pontos no decreto, onde se explica por que esta ação é necessária, o Papa Francisco disse que a pandemia “afetou negativamente todas as fontes de rendimento da Santa Sé e do Estado da Cidade do Vaticano”. Embora ambos tenham atualmente “capitalização adequada”, o chefe da Igreja Católica sente o dever de garantir “sustentabilidade e equilíbrio entre receitas e despesas” no atual clima económico.
Um importante prelado do Vaticano disse que se acredita que esta é a primeira vez que um Papa toma tal atitude.
A principal autoridade económica do Vaticano disse, no início deste mês, que a Santa Sé, o órgão administrativo central da Igreja Católica em todo o mundo, pode ter que usar 40 milhões de euros em reservas pelo segundo ano consecutivo. Espera-se um défice de cerca de 50 milhões de euros este ano. As receitas são esperadas em cerca de 213 milhões de euros em 2021, uma queda de 30% em relação a 2020.
A Cidade do Vaticano, incluindo os Museus do Vaticano e o Banco do Vaticano, tem um orçamento separado, embora as receitas de ambos sejam frequentemente transferidas para a Santa Sé para ajudar a compensar os défices. A receita da Santa Sé provém de doações, gestão imobiliária e investimentos.
https://zap.aeiou.pt/para-salvar-empregos-no-vaticano-papa-francisco-390019
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