Hong Qin, do Laboratório de Física de Plasma de Princeton (PPPL) do Departamento de Energia dos EUA, criou um algoritmo de Inteligência Artificial que pode provar que a realidade é, na verdade, uma simulação.
O algoritmo recorre ao chamado machine learning, ou aprendizagem de máquina, que é o campo de estudo que dá aos computadores a habilidade de aprender sem serem explicitamente programados para tal.
“Normalmente, na Física, fazemos observações, criamos uma teoria com base nessas observações e, de seguida, usamos essa teoria para prever novas observações. O que eu estou a fazer é substituir este processo por um tipo de caixa negra que pode produzir previsões precisas sem usar uma teoria ou lei tradicional”, disse em comunicado Hong Qin, autor do artigo publicado na revista Scientific Reports.
“Essencialmente, ignorei todos os ingredientes fundamentais da Física. Vou diretamente de dados em dados. Não há lei da Física no meio”, acrescentou, citado pelo EurekAlert.
Qin desenvolveu este algoritmo para prever as órbitas dos planetas no Sistema Solar, treinando-o com os dados das órbitas de Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Ceres e Júpiter. O investigador está agora a adaptar o algoritmo para prever e até mesmo controlar outros comportamentos.
O autor inspirou-se no trabalho do filósofo sueco Nick Bostrom, que argumentou que o mundo em que vivemos pode ser uma simulação. Com o seu novo algoritmo, Qin acredita ter conseguido oferecer um exemplo de trabalho de uma tecnologia subjacente que poderia suportar a simulação.
Se realmente vivêssemos numa simulação, então as leis fundamentais da Física deveriam revelar que o Universo consiste em pedaços de espaço-tempo, como pixeis num videojogo.
A resultante visão pixelizada do mundo, semelhante à que é retratada no filme Matrix, é conhecida como uma teoria de campo discreto, que vê o Universo como composto de bits individuais e difere das teorias que as pessoas normalmente criam.
“Qual é o algoritmo em execução no computador do Universo? Se tal algoritmo existe, eu diria que deveria ser simples, definido na rede discreta do espaço-tempo. A complexidade e a riqueza do Universo vêm do enorme tamanho da memória e do poder da CPU do computador, mas o algoritmo em si pode ser simples”, explicou Qin em declarações ao portal Big Think.
Contudo, um algoritmo que deriva previsões significativas de eventos naturais a partir de dados ainda não significa que nós mesmos tenhamos a capacidade de simular toda existência. Qin acredita que estamos provavelmente “muitas gerações” longe de sermos capazes de realizar tal feito.
As teorias de campo discretas vão contra o método mais popular de estudar física hoje em dia, que vê o espaço-tempo como um contínuo.
https://zap.aeiou.pt/algoritmo-provar-realidade-simulacao-384948
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