A recém-nascida esperou sobre o ventre da mãe, Catarina, a chegada da ambulância
Uma grávida deu à luz na praia da Mata, na Costa da Caparica, no concelho de Almada, no sábado à tarde, com auxílio dos nadadores salvadores e médicos que estavam no areal. Foi "em minutos", garante quem assistiu.
Quando Catarina, de 37 anos, em final do tempo de gravidez, foi à praia apanhar sol, nunca esperou sair de lá com a filha Maria nos braços. Mas saiu. Às 18.05 horas de sábado, na praia da Mata, Costa da Caparica (Almada), Catarina deu à luz em poucos minutos, sem ter tempo de ser levada para o hospital. No areal, quem presenciou o parto recebeu a bebé com uma salva de palmas.
Prestes a ser mãe pela segunda vez, Catarina foi ajudada por nadadores-salvadores e veraneantes e valeu-lhe a presença de um técnico de cardiopneumologia, que ouviu os gritos de socorro. "Estava deitado na praia quando ouvi gritar. Andavam à procura de um médico. Como sou técnico de saúde e fui bombeiro durante dez anos e nadador-salvador, tenho esse espírito e fui ver o que era", contou, ao JN, Gil Nunes, de 28 anos, técnico de cardiopneumologia no hospital de São José, em Lisboa.
Quando Gil chegou perto de Catarina, encontrou-a deitada em pufes, na zona de areal em frente ao bar Unik Lounge. "Uma senhora, também grávida, apareceu a pedir-nos ajuda e a dizer que a amiga estava com muitas contrações. Quando os nadadores-salvadores estavam a trazê-la para o bar, rebentaram-lhe as águas e teve de ficar mesmo na areia. Improvisamos sombra e fomos buscar pufes para a deitar", recordou Luís Mendes, proprietário do Unik Lounge.
Maria não quis esperar mais para nascer. Gil tomou as rédeas do parto e, em poucos segundos, tinha a bebé nos braços.
"Foi tudo muito rápido. Estava muito nervoso, porque sendo da área da saúde sabia o que podia correr mal. Felizmente, a mãe e a bebé ficaram bem. Uma senhora ainda me ajudou a dar umas palmadas para ela chorar e aí fiquei aliviado", explicou.
Já depois do nascimento, aproximou- se também um enfermeiro, que ajudou Gil a cortar o cordão umbilical. Depois, seguiram-se os bombeiros e o INEM. Mãe e filha foram transportadas para o hospital Garcia da Orta, em Almada, e encontram-se bem.
Difícil acesso de ambulâncias ao areal preocupa
O difícil acesso de ambulâncias ao areal tem sido uma preocupação de Luís Mendes, proprietário do bar Unik Lounge. "Felizmente nesta situação correu tudo bem, mas podia não ter corrido. Não há regras no parque de estacionamento e nas horas de maior afluência os carros ficam estacionados totalmente sem ordem. Se a bebé tivesse nascido a outra hora e tivesse havido algum problema, a ambulância não tinha conseguido chegar perto do areal, como tem acontecido noutros casos de socorro", explicou.
"A Polícia diz que não tem jurisdição para multar ali, mas alguém tem de fazer alguma coisa. Isto não é terra de ninguém. O estacionamento de um dos lados devia ser proibido, porque fica mesmo impossível passar", afiançou Luís.
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