O dia 15 de agosto de 1977 é uma data que todo astrônomo conhece: às
23h57m daquela noite, o telescópio do Observatório de Rádio da
Universidade de Ohio captou um sinal que durou exatos 72 segundos, e que
entraria para a História da astronomia com o nome de “Uau” (em inglês,
“Wow”). Passados 43 anos, o sinal permanece um mistério.
A admiração deixada no papel pelo astrônomo Jerry E. Ehman deu nome ao mais misterioso dos sinais captados do espaço.
"Quando os astrônomos examinam um pedaço ainda inexplorado do céu,
geralmente topam com algo surpreendente que ninguém previu. Nosso
objetivo é buscar sinais muito breves, mas poderosos, de uma civilização
avançada”, explicou um dos envolvidos no projeto PANOSETI, o
tecnólogo-chefe do SETI Research Center da Universidade da Califórnia em
Berkeley, Dan Werthimer, há 45 anos envolvido na busca de vida
inteligente extraterrestre.
Busca constante por ETs
Acrônimo para Pulsed All-sky Near-infrared Optical SETI ( ou
SETI Óptico por Infravermelho Próximo Pulsado em Todo o Céu), a
primeira etapa do projeto PANOSETI estará completa quando os 160
telescópios exclusivos para o trabalho estiverem varrendo o firmamento
em busca de sinais de vida extraterrestre (SETI quer dizer search for extraterrestrial intelligence, ou busca por inteligência extraterrestre).
O PANOSETI vai empreender uma busca constante por flashes de luz
óptica ou infravermelha, e isso já está acontecendo no Astrograph Dome
do Observatório Lick da Califórnia. O projeto, iniciado há dois anos,
visa separar pulsos com assinaturas tecnológicas (que poderiam ter sido
emitidos, por exemplo, para fins de comunicações interestelares ou
transferência de energia) daqueles que têm origem natural.
O programa prevê pares de observatórios por todo o mundo, com cúpulas
geodésicas como o olho facetado de uma mosca e 198 telescópios de um
metro e meio de diâmetro cada, coletando sinais vindos do céu.
O local para o segundo observatório ainda não foi escolhido, mas ele
não distará mais que 1,5 quilômetro. Isso é essencial para que se
consiga uma visão em “estéreo” do céu noturno: o que um vê, o outro
confirmará como vindo do espaço ou descartará o sinal como gerado pela
atmosfera terrestre.
Olhos por todo o céu
O que deixa os astrônomos entusiasmados é o poder do PANOSETI de
captar um número maior de sistemas estelares, estendendo o tempo de
monitoramento do espaço e registrando sinais que ocorrem em espaços de
tempo mínimos (na escala de nanossegundos).
“Qual a probabilidade de conseguirmos detectar sinais
extraterrestres? Não temos ideia”, disse a astrônoma da Universidade da
Califórnia em San Diego e principal pesquisadora do projeto, Shelley
Wright.
A astrônoma Shelley Wright brinca com revolucionária lente plástica de um dos telescópios do projeto PANISETI
Um único telescópio tem um campo de visão amplo o bastante para
observar 20 luas cheias de uma vez só. Isso se deve a duas tecnologias
novas em astronomia. Uma delas é a lente plástica dos telescópios, leve e
plana; a outra vem da medicina: detectores ópticos e infravermelhos
desenvolvidos para scanners de diagnóstico.
A equipe agora trabalha para desenvolver câmeras capazes de capturar
com precisão o exato momento em que um fóton, pulsando por um
milionésimo de segundo, toca o conjunto de lentes do telescópio – e
espera que um "Uau" se repita.
https://www.megacurioso.com.br/ciencia/114277-novo-telescopio-comecara-a-buscar-vida-extraterrestre.htm
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