As provocações de extrema-direita são um problema crescentes nos locais dos antigos campos de concentração nazi na Alemanha.
“Mensagens a glorificar o nazismo ou a exigir a reabertura dos campos
de concentração para estrangeiros tornaram-se mais comuns”, disse Volkhard Knigge,
diretor do museu do antigo campo de concentração de Buchenwald, onde o
número de incidentes duplicou desde 2015, em declarações à AFP.
“Sempre houve incidentes em memoriais, mas temos notado uma escalada recente devido à violação dos tabus linguísticos por parte da extrema-direita”, acrescentou.
Diretores de museus dedicados ao Holocausto têm alertado para um
aumento do número de incidentes, como mensagens de negação nos livros de
visitas.
Também há quem tire selfies sorridentes em frente a fornos usados para cremar vítimas e deixar adesivos que glorificam o nazismo.
Recentemente, um número crescente de guias turísticos têm sido
interrompidos por extremistas que propagavam teorias revisionistas.
Uwe Neumaerker, diretor do Memorial de Berlim aos
Judeus Mortos da Europa, disse que o seu museu enfrenta problemas
semelhantes. “Os visitantes estão a questionar a veracidade do
genocídio. Isso é algo que nunca vivenciámos.”
O aumento de incidentes em memoriais também ocorre quando a geração
de alemães que viveram a 2.ª Guerra Mundial está a começar a desaparecer
e a atenção está a mudar para garantir que os horrores do Holocausto, nos quais seis milhões de judeus foram assassinados, não sejam esquecidos.
Porém, nos últimos anos, o partido anti-imigrante AfD estabeleceu-se
como o movimento de extrema-direita de maior sucesso eleitoral na
história do pós-guerra da Alemanha. Fundado em 2013, o AfD é o maior partido da oposição no parlamento alemão. De acordo com o Diário de Notícias, muitas de suas figuras-chave atacaram a antiga cultura de expiação por crimes nazis.
O líder regional Bjoern Hoecke pediu uma “reversão de 180 graus” na
cultura da memória alemã e classificou o memorial do Holocausto de
Berlim como “monumento da vergonha”.
Existem 15 antigos campos de concentração em solo alemão que foram
transformados em memoriais. Os mais conhecidos – Dachau, Sachsenhausen,
Neuengamme, Bergen-Belsen, Ravensbrueck e Buchenwald – receberam quase
três milhões de visitantes em 2018.
Neumaerker permite que os seus guias escolham se aceitam ou não grupos do AfD
e forneceu aos funcionários treino especial sobre como reagir a
provocações. Em Neuengamme, todas as delegações do AfD são acompanhadas
por guias turísticos extras.
Alguns sítios proíbem o acesso a qualquer pessoa que use roupas que façam referência ao Terceiro Reich.
https://zap.aeiou.pt/vez-memoriais-do-holocausto-estao-vandalizados-pelo-extrema-direita-319093
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