Varas de suínos selvagens, resultado de um cruzamento de javalis e
porcos domésticos, têm ocupado vários territórios do Canadá, causando
estragos por regiões onde teoricamente seria impossível sua
sobrevivência.
Esses andarilhos em fuga, alguns pesando cerca de
300 quilos e ostentando afiadas presas, estão se organizando em grupos e
se reproduzindo rapidamente. A tolerância desses suínos selvagens ao
frio, aliada à capacidade de gerar ninhadas numerosas, deu origem a uma
nova raça, chamada pelos pesquisadores de vida selvagem de
"superporcos".
Mapeando e avaliando o que chamaram de
"disseminação de espécies invasoras", dois pesquisadores da Universidade
de Saskatchewan, no Centro-oeste do Canadá, publicaram um artigo na
revista Nature em maio do ano passado, mostrando que esses
suínos vêm se espalhando há cerca de 30 anos a partir de antigas
fazendas de javalis e se mudando para regiões bem distantes de sua
origem.
"Piglus"
Superporco: a origem
A
história dos superporcos teve início no final da década de 1980 e
princípio dos anos 1990, quando alguns pecuaristas canadenses decidiram
importar javalis da Europa para produção de carne. Logo descobriram que
esses animais selvagens não se comportavam como porcos domésticos e
muitos deles escaparam dos cativeiros, por baixo ou mesmo através das
cercas.
Os javalis que ainda permaneciam em cativeiro acabaram
libertados na natureza quando o preço da carne suína desabou no mercado
internacional. Os pecuaristas não viram na época nenhum problema em sua
decisão, pois acreditavam que os porcos não conseguiriam sobreviver aos
severos invernos canadenses.
Porém, como a natureza sempre acha um
caminho, os descendentes desses porcos fujões adquiriram rapidamente
características genéticas dos seus ancestrais, desenvolvendo uma pelagem
grossa e se tornando selvagens. Para enfrentar as baixíssimas
temperaturas, aprenderam a construir abrigos protetores feitos com
taboas (não são tábuas, são taboas, as paineiras-do-brejo) e neve.
Os
"piglus", como passaram a ser chamadas essas tocas, possibilitaram a
proteção e a multiplicação da espécie. Segundo um estudo realizado em
fevereiro de 2020, cerca de 6,5 mil animais com essas características — e
com a mesma origem doméstica — têm perambulado pela América do Norte.
Apesar
da admiração que despertam pela sua rápida adaptação, os superporcos
têm se constituído num sério problema para as autoridades canadenses.
Além de estarem invadindo fazendas e destruindo colheitas, muitos têm
chafurdado na água de riachos e causado a poluição de nascentes. Além de
serem uma ameaça constante — e inesperada — para os motoristas.
https://www.megacurioso.com.br/ciencia/114046-nova-raca-de-superporcos-invade-varias-regioes-do-canada.htm
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