As missões espaciais cessaram enquanto lidamos com problemas graves,
até mesmo de sobrevivência, por conta da pandemia de covid-19, mas o
planejamento, as pesquisas e as alternativas continuam sendo trabalhadas
para que seja possível construir bases lunares.
Com um terreno completamente instável, a Lua não oferece exatamente
um ambiente propício para qualquer construção, mas cientistas seguem
incansáveis na busca por materiais que possibilitem tal estrutura.
Agora, um "ingrediente" bastante inusitado foi apontado por
especialistas como fundamental para transformar a camada superior do
astro em um ambiente menos hostil: xixi. Isso mesmo, urina.
Os cientistas buscaram uma maneira eficiente para esculpir a
superfície lunar sem a necessidade de perfurar as rochas sólidas, e o
professor Ramón Pamies, da Universidade de Cartagena, explicou em
comunicado qual é o plano: "Para tornar o geopolímero concreto que será
usado na Lua, a ideia é usar o que existe: regolito [material solto da
superfície lunar] e a água do gelo presente em algumas áreas".
Cientistas sugerem que xixi de astronautas pode ser fundamental para construir bases na Lua
As amostras trazidas por astronautas das missões Apollo não são
animadoras. É necessário usar algo que consiga amolecer o concreto o
suficiente para que ele possa ser moldado antes de endurecer novamente.
No estudo publicado no Journal of Cleaner Production, Pamies e os demais autores fazem a proposta peculiar: astronautas fabricando o próprio plastificante utilizando urina.
Segundo o estudo, a ureia, que é o maior componente da urina depois
da água "permite que as ligações de hidrogênio sejam quebradas e,
portanto, reduz as viscosidades de muitas misturas aquosas". Em resumo,
ela melhora a fluidez dos compostos à base de água, mas não impede que
as rochas endureçam à medida que a luz solar no dia lunar as seque.
Combinada com ureia e pequenas quantidades de água, uma mistura
semelhante ao regolito lunar foi testada e impressa em 3D antes de ser
fixada a 80 °C e exposta a ciclos repetidos de congelamento e
descongelamento, assim como acontece na superfície da Lua. E isso não
impediu que o material seco retivesse pesos pesados, como a base de uma
construção exigiria.
A equipe de pesquisa ainda não testou se a água e a ureia precisariam
ser separadas dos demais componentes ou se os astronautas poderiam,
simplesmente, fazer xixi em um recipiente, misturar tudo e começar a
construir.
Sem comentários:
Enviar um comentário