Em várias situações da vida cotidiana, como trabalho,
estudo, vida social e até mesmo no ambiente familiar, é comum sentirmos
que existem pessoas mais capacitadas ou talentosas do que nós. Enquanto
alguns admiram ou usam esses indivíduos como um ideal a ser atingido,
outros acabam apelando para comportamentos que tendem a desqualificar,
humilhar ou menosprezar aqueles que, em sua visão, podem parecer
melhores. E isso é chamado de síndrome de Procusto.
A mitologia por trás da síndrome
Teseu e Procusto (Fonte: Wikipedia/Reprodução)
O mito de Procusto (ou Procustes) pode ser um pouco desconhecido, mas
sem dúvida é bem aterrorizante. O personagem era um gigante da
mitologia grega que tinha uma casa na serra de Elêusis e oferecia
hospedagem aos viajantes que passavam por lá. Porém, seu comportamento
simpático e convidativo escondia um segredo terrível.
Todos os convidados precisavam se deitar em uma cama de
ferro e quando dormiam Procusto aproveitava para amordaçá-los e
amarrá-los. Se a pessoa fosse mais alta que o leito, e a cabeça, os pés
ou as mãos não coubessem nas dimensões da cama, o gigante os cortava; se
o corpo fosse menor, ele quebrava os ossos para que se ajustasse às
medidas.
Ninguém nunca se adaptava à cama, pois havia dois tamanhos,
para que o hóspede nunca coubesse perfeitamente. Seu reinado de terror
durou muito tempo, até que Teseu — o herói que derrotou o Minotauro da
ilha de Creta e se tornou o rei de Atenas — capturou o gigante e o
sentenciou ao mesmo tratamento que dava aos convidados, prendendo-o na
cama e cortando sua cabeça e seus pés.
Procustos da vida real
(Fonte: Pixabay)
O mito do leito de Procusto é muito utilizado como metáfora para
situações nas quais um ou mais indivíduos pretendem impor determinado
padrão ou querem a todo custo obrigar que algo se encaixe em uma matriz
pré-estabelecida, por isso representa a intolerância humana. Ele também é
muito relacionado com a negação da ciência e a relativização de vidas
humanas.
A metáfora também está muito ligada ao puro egoísmo do ser
humano em relação ao próximo, sendo utilizada para identificar aqueles
que não prosperam nem deixam os outros prosperarem. É óbvio que na
realidade ninguém aplica a mesma violência do gigante, mas sim uma
agressividade que não hesita em destruir aqueles que sejam superiores em
talento ou habilidades.
Pessoas que apresentam a síndrome de Procusto defendem
posições extremas, que chegam a ferir o bom senso, e obrigam os que
estão sob o seu comando a se adequarem aos seus delírios e a sua
indiferença em relação ao sofrimento e à morte.
Sinais da síndrome
(Fonte: Pixabay)
Pessoas que sofrem com a síndrome de Procusto apresentam autoestima
extremamente frágil, podendo ser muito baixa ou extremamente exagerada,
vivendo em meio a uma frustração contínua, com apenas uma pequena
sensação de controle das situações. Por trás das palavras e ações é
possível enxergar um verdadeiro egocentrismo, além de um pensamento
inflexível e hostil.
Aqueles que se encaixam no perfil da síndrome ficam
ofendidos com as capacidades e os acertos dos outros e têm um medo
imenso de mudanças, assumindo uma postura irracional ao lidar com elas.
Em um momento delicado como o que vivemos durante a
pandemia de covid-19, é possível identificar vários sujeitos nas redes
sociais que podem ser considerados Procustos da vida real: com
comportamentos cruéis que geram constrangimentos, tentando limitar a
capacidade de professores, pesquisadores, cientistas e até mesmo
jornalistas.
Libertando-se da síndrome de Procusto
(Fonte: Pixabay)
A síndrome está relacionada a uma completa incapacidade de lidar com
as próprias emoções da forma correta. A única maneira de se livrar da
"cama de ferro mental" é desenvolver a inteligência emocional, ampliar o
conhecimento e aprender a valorizar a natureza e a vida de todos.
https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/113958-o-que-e-a-sindrome-de-procusto.htm
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