Um grupo de pesquisadores chineses descobriu, na região de Yunnan,
registros ancestrais que podem renovar completamente o estudo das
espécies de parasitas.
Os fósseis, datados de cerca de 154 milhões de anos, período
historicamente conhecido pela explosão cambriana, onde os principais
filos do reino animal surgiram em massa e passaram a ocupar o território
terrestre, apresentam evidências claras sobre uma antiga relação
parasitária, onde vermes se agarravam em conchas de braquiópodes para se
alimentar.
Ancestrais dos moluscos bivalves, as espécies mais antigas do filo
brachiopoda existiram há cerca de 500 milhões de anos e ocupavam
essencialmente ambientes marinhos e costas litorâneas. Apesar de não
haver informações comprovando alguma relação ecológica entre os
hospedeiros e os vermes encontrados em suas conchas, acredita-se que o
estilo de vida séssil do molusco, que estabelecia-se de forma fixa no
ambiente, favorecia a alimentação dos parasitas, que aproveitavam o
fluxo da água para se alimentar dos restos que chegavam aos
braquiópodes.
Os fósseis, pertencentes ao espécime cambriano Neobolus wulongqingensis,
possuíam, nas proximidades das reentrâncias das vias alimentares,
estruturas muito semelhantes a canudos, caracterizando tubos anormais
formados com o tempo que supostamente serviam de abrigo para os vermes
interceptarem as sobras alimentares.
(Fonte: Northwest University/Reprodução)
Velho parasita
As relações parasitárias já haviam sido conhecidas há bastante tempo,
sendo comumente encontrada em diversos registros fósseis e das mais
variadas formas, onde os intrusos utilizam os artifícios e mecanismos
que estão à sua disposição para obter seu sustento, seja prejudicando a
saúde ou o organismo do hospedeiro, ou habitando as regiões do corpo do animal de forma imperceptível.
O caso do verme dos braquiópodes, além de sustentar a tese de ser o
registro ancestral mais antigo de uma relação ecológica do gênero, traz à
tona uma curiosa interação entre as espécies, indicando a existência de
um verme ladrão, cleptomaníaco, que vive essencialmente às custas de
arrancar o alimento de seu hospedeiro, aproveitando-se de um animal
indefeso e reduzindo drasticamente a expectativa de vida do molusco.
"Temos centenas de espécimes de braquiópodes - com e sem tubos - que
nos permitiram demonstrar estatisticamente, pela primeira vez em um
exemplo fóssil cambriano, que um hospedeiro é impactado negativamente
por um parasita", esclareceu Timothy Topper, co-autor do estudo.
https://www.megacurioso.com.br/ciencia/114764-fosseis-dos-mais-antigos-parasitas-sao-encontrados-na-china.htm
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