Dentre todas as estruturas existentes no Cosmos, buracos de minhoca
(ou pontes de Einsten-Rosen) acendem a imaginação dos entusiastas da ciência,
da tecnologia e (claro) da ficção científica: eles seriam o atalho para
explorar a galáxia, o Universo, o quadrante Delta. Um estudo de dois
pesquisadores acenou para a possibilidade de essas estruturas existirem e
serem "percorríveis” – sim, por humanos.
Há uma trilha de “ses” até a entrada de um buraco de minhoca estável e
grande o suficiente para deixar passar uma nave. Isso porque a Teoria
Geral da Relatividade não comporta a existência de tais passagens
“percorríveis” (buracos de minhoca não seriam estáveis, pois
desmoronariam muito rapidamente, antes que qualquer coisa o
atravessasse). Contudo, no que a física tradicional não consegue resolver, a física quântica dá um jeito.
Para o físico Juan Maldacena, do Instituto de Estudos Avançados, a
existência de uma física além do chamado Modelo Padrão implica que haja
não apenas de buracos de minhoca, mas estruturas grandes e seguras o
suficiente para serem percorridas por viajantes humanos.
Maldacena é o físico teórico que, em 1997, propôs o princípio segundo
o qual o Universo é um holograma. Essa ideia, chamada de Princípio
Holográfico, permitiu explicar inconsistências entre a física quântica e
a gravidade de Einstein, bem como proporcionar uma base sólida para a
teoria das cordas.
Matéria exótica
Segundo Maldacena e o outro autor do estudo, o astrofísico Alexey
Milekhin, da Princeton University, buracos de minhoca "percorríveis"
existem sob condições muito especiais. Se reais, eles se abrem e se
fecham quase ao mesmo tempo. O que os manteria abertos e estáveis seria
algo cuja existência é questionada pela física: a massa negativa, uma
matéria exótica com propriedades também exóticas.
Aqui entra a física quântica: o princípio da incerteza permite que o
vácuo do espaço seja preenchido por pares de partículas e antipartículas
virtuais, que aparecem espontaneamente e existem por apenas um curto
período antes de se aniquilarem. Porém, algumas delas podem ter energia
negativa – ligada à existência da massa negativa.
Essas partículas podem viajar pelo espaço, entrando por um lugar e
emergindo em outro, o que implica que a energia que elas geram pode
sustentar a existência de um buraco de minhoca estável entre pontos no
espaço-tempo.
Estreitos e curtos
Mais um problema: eles deixariam passar partículas, não uma nave, e
seriam pequenos em extensão. Para um ser humano atravessá-lo, um buraco
de minhoca precisaria ser grande, o que requer o emprego da física além
do Modelo Padrão.
Aqui entra o modelo Randall-Sundrum II (ou teoria da geometria
deformada em cinco dimensões), complicado o suficiente para que não nos
aprofundemos no assunto. Basta dizer que, com ele, tem-se a energia
negativa necessária para manter aberto um buraco de minhoca.
Resolvido um problema, resta outro: atravessar buracos de minhoca estáveis provocaria a dilatação do tempo.
“Para os astronautas passando pelo buraco de minhoca, levaria apenas 1
segundo do seu tempo para viajar 10 mil anos-luz de distância. Para o
observador que permanece na entrada, serão 10 mil anos”, explica
Maldacena, apontando que isso é consistente com a Relatividade Geral de
Einstein.
A dupla de pesquisadores diz que o estudo teve como objetivo mostrar
que buracos de minhoca atravessáveis podem existir como resultado da
"interação sutil entre a relatividade geral e a física quântica”, e não
necessariamente como uma forma prática de viajar pelo espaço – pelo
menos, não da forma como imaginamos.
https://www.megacurioso.com.br/ciencia/115875-estudo-afirma-ser-possivel-viagens-atraves-de-buracos-de-minhoca.htm
Sem comentários:
Enviar um comentário