Segundo a BBC, A68 foi, por um curto período, o maior iceberg do mundo. Cobria uma área de quase seis mil quilómetros quadrados, quando se soltou da Antártida em 2017. Mas no início de 2021, já tinha desaparecido.
Derreteram 1,5 mil milhões de toneladas de água e os investigadores estão agora a tentar calcular o impacto que causou no meio ambiente.
Uma equipa liderada pela Universidade de Leeds estudou todos os dados de satélite para calcular as dimensões do iceberg gigante, à medida que ele se deslocava para o norte da Antártida, através do Oceano Antártico e para o Atlântico Sul.
A investigação permitiu que o grupo avaliasse as taxas de fusão variáveis, durante os três anos e meio de existência do iceberg.
Um dos períodos-chave foi o final do derretimento, quando o A68 se aproximou dos climas mais quentes do Território Ultramarino Britânico da Geórgia do Sul.
Durante algum tempo, supôs-se que o bloco gigante pudesse encalhar nas águas rasas em redor, bloqueando as rotas de milhões de pinguins, focas e baleias.
Mas nunca chegou a acontecer porque, como a equipa pode mostrar agora, o A68 perdeu profundidade suficiente para continuar a flutuar.
“Dá na entender que ele tocou brevemente na plataforma continental. Foi quando o iceberg fez uma curva e vimos um pequeno pedaço a partir-se. Mas não foi suficiente para derrubar o A68”, afirmou Anne Braakmann-Folgmann, professora em Leeds.
“E acho que se pode ver o porquê nas estimativas de espessura”, explicou Andrew Shepherd, co-autor do estudo.
“Naquela altura, a quilha do iceberg era de 141m, em média, e as cartas de batimetria (profundidade) na área mostravam 150m. No final, foi por pouco.”
Em abril de 2021, o A68 desmoronou-se em inúmeros pequenos fragmentos, sujo percurso não foi possível de ser seguido. Mas os seus impactos no ecossistema terão uma vida muito mais longa.
Os icebergs gigantes, ou de topo plano, são agora reconhecidos por terem uma influência considerável onde quer que passem.
O derretimento desses pedaços enormes de água doce vai alterar as correntes locais. E todo o ferro, outros minerais e até matéria orgânica apanhados ao longo da sua vida, e posteriormente lançados ao oceano, entrarão na produção biológica.
O British Antarctic Survey conseguiu colocar alguns planadores robotizados nas proximidades do A68 para monitorizar as condições, antes que a massa de gelo se desfizesse totalmente.
Os dados recuperados desses e de outros instrumentos, embora ainda não totalmente analisados, revelam algumas características interessantes, segundo o oceanógrafo biológico Geraint Tarling.
“Achamos que há um sinal muito forte na mudança da flora das espécies de fitoplâncton em torno de A68, e também na deposição real de material nas partes mais profundas do oceano. O sensor de partículas do planador captou alguns sinais muito fortes de deposição, vindos do iceberg”, sublinhou.
Os detalhes da mudança de forma e fluxos de água doce do A68 encontram-se num artigo publicado na revista Remote Sensing of Environment.
https://zap.aeiou.pt/derreteram-15-mil-milhoes-de-toneladas-de-agua-de-um-iceberg-gigante-em-tempos-o-maior-do-mundo-458586
Sem comentários:
Enviar um comentário