O Presidente brasileiro Jair Bolsonaro acusou, esta
sexta-feira, Leonardo DiCaprio de pagar para que Organizações Não
Governamentais (ONG) ateiem fogo na Amazónia.
“Agora, o Leonardo DiCaprio é um cara legal, não é? Dando dinheiro
para tacar fogo na Amazónia”, disse o Presidente do Brasil sobre o ator
de Hollywood no habitual diálogo matinal com apoiantes à saída do
Palácio do Alvorada, citado pelo Diário de Notícias.
O governante referia-se ao caso da detenção, na quarta-feira, de
quatro bombeiros de uma ONG que cuida da preservação da floresta em
Alter do Chão, uma estância balnear no estado do Pará, acusados de atear fogo nessa região, em setembro.
O Ministério Público aponta especuladores imobiliários e
usurpadores de terras como culpados. Um delegado da polícia local foi
entretanto afastado das funções pelo governador do estado por causa da
detenção dos bombeiros ter sido considerada abusiva e os bombeiros já foram soltos.
A polícia do Pará citou conversas telefónicas entre os bombeiros e a
Worl Wide Fund (WWF) para sustentar as detenções dos bombeiros. Nelas,
membros da WWF pedem imagens do fogo para poder acionar os seus
patrocinadores, entre os quais Leonardo Di Caprio, e assim ajudar os bombeiros com doações – uma prática considerada comum uma vez que esses patrocinadores condicionam o seu apoio a provas de que o incêndio aconteceu.
Para a polícia do Pará, a conversa telefónica revela tentativa de
obtenção de vantagem financeira dos bombeiros e a prova de que eles
atearam o fogo.
Para Caetano Scannavino, coordenador do Projeto Saúde e Alegria, uma
das ONG alvo de busca e apreensão na mesma operação da polícia, trata-se
de “uma situação kafkiana”. “O que nós percebemos é uma ação política
para tentar desmoralizar as ONG que atuam na Amazónia”, afirmou, citado pelo mesmo diário.
Na quinta-feira, o Ministério Público Federal (MPF) do Brasil reagiu e
pediu para analisar o processo judicial que trata da prisão dos quatro
bombeiros voluntários.
Segundo o MPF, ao contrário do que concluiu a polícia local, a linha
das investigações federais seguida desde 2015 “aponta para o assédio de
grileiros, para ocupação desordenada e para a especulação imobiliária
como causas da degradação ambiental em Alter do Chão”.
“A região é objeto de cobiça das indústrias turística e imobiliária e sofre pressão de invasores de terras públicas”, conclui o MPF.
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