Lisa Piccirillo, aluna da pós-graduação da Universidade do Texas, conseguiu resolver um famoso problema matemático
bastante complexo. O nó de Conway intrigou especialistas da área
durante décadas, confundindo-os por mais de 50 anos. A recente conquista
foi publicada no mês de fevereiro deste ano no Annals of Mathematics.
Piccirillo soube pela primeira vez deste enigma durante uma conferência
no verão de 2018. Desde então, passou a trabalhar nesse problema até
conseguir encontrar um resultado — surpreendentemente em menos de uma
semana.
(Fonte: Unsplash)
Os
nós matemáticos são, por si só, bastante complexos. Para entender
melhor, eles são semelhantes a um nó normal torcido — quase como
quando você guarda seu fone de ouvido de qualquer jeito dentro da bolsa e
precisa desembaraçar depois. Entretanto, para ser, de fato, considerado
um nó, ele precisa ter as duas extremidades conectadas uma a outra.
De
acordo com os matemáticos, a teoria dos nós, que faz parte dos estudos
do campo da topologia, área da matemática que estuda a ciência dos nós,
já ajudou a melhorar a compreensão acerca do DNA e também da possível forma do universo.
Um problema de décadas
O
nó de Conway foi descoberto pelo matemático britânico recém-falecido
John Horton Conway. Ele havia conseguido identificar cerca de 11
encontros (quando um cruzamento é considerado irreversível) durante suas
pesquisas. Entretanto, a pergunta que perdurou por décadas foi: o nó de
Conway é uma fatia (slice, em inglês) de um nó de maior
dimensão? Segundo especialistas, um nó que é "fatia" também é aquele que
nasce a partir de uma esfera cortada com nós no espaço quadridimensional.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Mas
de acordo com Lisa Piccirillo, a complexidade em desvendar o nó de
Conway estava relacionada ao fato de ele não ser uma fatia, como se
acreditava. A estudante conseguiu descobrir a solução do problema ao
estudar uma forma quadridimensional associada a cada nó, conhecida
popularmente como traço.
Alguns dos nós possuem os
mesmos padrões quadridimensionais e, desta forma, Piccirillo construiu
um nó complicado a partir do traço do nó de Conway. Ela conseguiu
identificar, portanto, que como o agora chamado nó de Piccirillo não era
uma fatia, consequentemente o nó de Conway também não era.
Joshua Greene, matemático do Boston College, que supervisionou a tese de graduação de Piccirillo, disse em entrevista à Quanta Magazine
que o problema da fatia embargou diversas pesquisas acerca da teoria
dos nós. "Foi realmente gratificante ver alguém que eu conhecia há tanto
tempo de repente puxar a espada da pedra", afirmou ele em referência às
lendas arturianas.
https://www.megacurioso.com.br/ciencia/114695-estudante-consegue-resolver-complexo-problema-matematico-de-decadas.htm
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