Um tribunal na Alemanha considerou que um ex-guarda de um campo de concentração nazi, atualmente com 96 anos de idade, não está em condições de saúde para ser julgado. Contudo, deverá pagar os honorários de todo o processo.
Harry S. foi acusado de ser cúmplice no assassinato de centenas de pessoas no campo de Stutthof. De acordo com o tribunal de Wuppertal, há um elevado “grau de probabilidade” de que o homem seja culpado pelos crimes.
Este é um de três processos judiciais relacionados com campo de Stutthof, que durante a Segunda Guerra Mundial esteva localizado na Polónia.
Harry S. foi guarda no campo entre junho de 1944 e maio de 1945. O homem teria também supervisionado o transporte de quase 600 prisioneiros para as câmaras de gás no campo de Auschwitz-Birkenau em setembro de 1944.
O campo de Stutthof tinha câmaras de gás e ficou conhecido pelas terríveis condições em que os cerca de 100 mil prisioneiros eram mantidos. Muitos morreram à fome e com vários tipos de doenças, enquanto outros foram baleados, submetidos a câmaras de gás ou a injeções letais.
Na passada quarta-feira, o tribunal de Wuppertal referiu em comunicado que, “devido à sua condição física”, Harry S. “não era capaz de representar razoavelmente os seus interesses dentro e fora do julgamento”, que foi iniciado em 2017.
Como há um “alto grau de probabilidade” de haver culpa, Harry S. deve arcar com as despesas no processo. Para já, ainda não se sabe qual é o valor e se o réu vai recorrer.
Stutthof foi oficialmente designado como campo de concentração em 1942. Foi o primeiro do tipo construído fora das fronteiras alemãs e o último a ser libertado pelo exército soviético, em 9 de maio de 1945. Acredita-se que mais de 65 mil pessoas morreram no local.
A Alemanha tem processado ex-funcionários de campos nazis desde uma decisão histórica, em 2011, que condenou um ex-guarda, John Demjanjuk, como cúmplice de assassinatos em massa. Porém, o homem morreu enquanto aguardava pelo recurso, mas a decisão abriu um precedente legal.
O ano passado, o tribunal de Hamburgo, na Alemanha, condenou a dois anos de prisão efetiva um antigo guarda de um campo nazi, de 93 anos, por cumplicidade na morte de milhares de pessoas na Polónia entre 1944 e 1945. Bruno Dey, atualmente com 93 anos também foi guarda no campo de Stutthof, em território polaco ocupado, entre 1944 e 1945.
Anteriormente, os tribunais exigiam evidências do envolvimento direto de funcionários nas atrocidades cometidas sistematicamente pelo regime nazi.
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