Desde que o novo coronavírus
foi descoberto, uma corrida contra o tempo começou em diversos
laboratórios ao redor do mundo: encontrar uma vacina eficiente para
impedir o avanço da covid-19. O problema é que medicações desse tipo
podem levar anos ou até décadas para serem desenvolvidas. Ainda assim, a
comunidade científica internacional está confiante que uma vacina
contra a covid-19 ficará pronta em tempo recorde.
Ao menos 145 candidatas estão sendo desenvolvidas e(ou) testadas ao
redor do mundo. Algumas, em estágios mais avançados, podem ser
distribuídas ainda em 2020. "A tentativa de desenvolver vacinas em 1 ano
é verdadeiramente sem precedentes na história
da imunologia”, analisa Dan Barouch, do Centro de Pesquisa de Virologia
e Vacinas do Centro Médico Beth Israel Deaconess, em Boston. É possível
que mais de 1 delas seja eficaz e aprovada, por isso as pesquisas
seguem a todo vapor.
Atualmente, 2 testes estão acontecendo em diversos países e trazem
notícias promissoras. A vacina de Oxford, oficialmente chamada de
ChAdOx1 nCov-19, está sendo testada no Brasil, por meio da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp) e da Fundação Lemann. Já a vacina chinesa
foi liberada para teste em solo brasileiro pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), a pedido do Instituto Butantan, que
ficará responsável por sua produção em larga escala caso seja aprovada
pelos cientistas.
Expectativa é que as primeiras vacinas fiquem prontas ainda neste ano.
Vacina coronavírus: etapas de aprovação
Para a aprovação de uma vacina, ela precisa passar por uma série de
testes e etapas. Ela tem que provar que é realmente eficaz na prevenção
contra a doença e não trazer riscos à saúde
da pessoa. Cada um dos estágios pode levar semanas ou meses para ser
concluído, com potencial de fracasso em qualquer momento. Ainda assim,
os cientistas estão trabalhando com a ideia de acelerar os passos para
conseguir a imunização em tempo recorde. A pior pandemia do século 21 já
atingiu mais de 12 milhões de pessoas, levando quase 550 mil a óbito
até agora.
"O objetivo é avançar os programas de vacinas o mais rápido possível,
desde que a segurança e a integridade científica não sejam
comprometidas", diz Barouch. Primeiramente, os testes clínicos são
feitos em animais, para posteriormente chegar aos humanos. São
necessários ao menos 3 fases de testagens em pessoas para determinar a
dosagem ideal e se há potencial para efeitos colaterais e mesmo após a
liberação, ainda é preciso monitorar o resultado da imunização.
São vários os problemas que podem surgir caso os testes não sejam
precisos. “Se uma vacina contiver ingredientes que se assemelhem a
moléculas encontradas em nosso corpo, ela poderá desencadear uma reação
autoimune”, explica Patricia Winokur, reitora-executiva da Universidade
de Iowa. O sequenciamento do genoma humano e das várias mutações do novo
coronavírus ajudam a detectar possíveis coincidências moleculares e a
prever complicações a longo prazo.
Sequenciamento genético beneficia o desenvolvimento de vacinas.
Em busca do recorde
Outro fato bastante interessante é que as atuais vacinas em teste – e
com potencial de serem aprovadas – não incluem adjuvantes em sua
fórmula. Esses ingredientes estão presentes em várias vacinas, pois
ajudam a torná-las mais poderosas contra os vírus. Porém, a presença de
adjuvantes aumenta o prazo para testes de segurança, ou seja, as que
estão sendo testadas puderam pular essa etapa.
Os cientistas também analisam possibilidades de erros cruciais, como a
de a vacina contra o coronavírus tornar a pessoa ainda mais vulnerável à
gravidade da doença após a imunização. “Esse é o cenário que precisamos
observar com muito cuidado nesses estudos rápidos sobre vacinas”, diz
Winokur. Em corridas anteriores, como a de uma vacina contra a Sars
(causada por outro coronavírus), animais de teste sofreram com efeitos
graves após serem expostos ao vírus real. As atuais candidatas a vacinas
– a chinesa e a de Oxford – foram testadas em macacos, e eles não
desenvolveram a covid-19.
As experiências com a Sars e a Mers também ajudaram no
desenvolvimento dos testes atuais. A vacina de Oxford, por exemplo,
utilizou conhecimentos avançados em uma vacina contra a Mers para
aplicar uma técnica semelhante em sua abordagem, podendo acelerar
algumas etapas.
Mais uma vantagem na corrida está no uso de material genético no
desenvolvimento da doença. As vacinas mais tradicionais utilizam formas
enfraquecidas ou inativas do vírus, mas necessitam de muito mais testes
por conta disso. As vacinas baseadas em DNA e RNA incluem apenas
fragmentos de material genético, que treinam nossas células para
reconhecerem o vírus e poderem agir.
O recorde também pode acontecer porque algumas empresas e
laboratórios já estão produzindo vacinas em larga escala, mesmo que
ainda não tenham sido aprovadas. Assim, essas companhias assumem um
risco financeiro, mas estarão com um estoque a pronta entrega caso a
vacina seja aprovada.
https://www.megacurioso.com.br/ciencia/115138-entenda-por-que-a-vacina-contra-o-coronavirus-pode-chegar-em-tempo-recorde.htm
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