Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, disse esta sexta-feira,
numa transmissão ao vivo nas redes sociais, que há uma seita ambiental
na Europa a tentar prejudicar o agronegócio local, acusando o país de
não preservar as florestas.
“Essa guerra da informação não é fácil. Nós temos problemas porque o
Brasil é uma potência no agronegócio. A Europa é uma seita ambiental.
Eles [europeus] não preservaram nada do seu meio ambiente, praticamente
nada, quase não se ouve falar em reflorestamento na região, mas o tempo
todo atiram em cima de nós [Brasil] de forma injusta porque é uma briga comercial”, afirmou Bolsonaro, citado pela agência Lusa.
E acrescentou: “No passado havia um interesse enorme pela região
amazónica e, hoje em dia, há interesse em todo o Brasil. Nós somos
bombardeados 24 horas por dia (..) grande parte dos ‘medias’ aproveitam o
momento para criticar o Governo, como se em governos anteriores
estivesse uma maravilha a área de preservação ambiental no Brasil”.
Bolsonaro também referiu que os jornalistas estrangeiros que publicam
críticas contra seu Governo são influenciados por pessoas mal
intencionadas e pelos ‘medias’ locais.
“Tem gente com meios, influente junto a uma parte dos ‘medias’
pregando desinformação. É pregado aqui, a imprensa lá fora [do exterior]
toma conhecimento e publica. Daí esta mesma imprensa [do Brasil] pega a
matéria publicada lá fora como se fosse uma descoberta da Europa e
republica aqui dentro. Fica atacando o Governo”, acusou.
Para justificar o aumento das queimadas na Amazónia,
registadas em vários meses deste ano, de acordo com os dados do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais brasileiro, o chefe de Estado
indicou que os incêndios acontecem em áreas já desflorestadas onde,
segundo ele, os agricultores usam o fogo para limpar o terreno e depois
plantar.
Bolsonaro disse que os indígenas e os moradores da Amazónia são os
responsáveis por colocar fogo nas terras da região, sem apresentar
evidências.
Sobre as propostas do Governo para sanar a destruição dos biomas do
país, lembrou a medida provisória 910, que tinha assinado para legalizar
a posse fundiária em áreas da Amazónia. Especialistas e
defensores do meio ambiente criticaram a medida vista como um prémio
para desflorestadores que invadem ilegalmente e tomam posse de terras
públicas.
O texto da medida provisória não foi votado no Congresso brasileiro
e, portanto, perdeu a validade. Agora, os parlamentares brasileiros
preparam-se para debater um outro projeto sobre o tema, quando o Governo
já anunciou que poderá dar estas terras a quem se autodeclarar
proprietário num cadastro fundiário.
O Presidente do Brasil também respondeu a perguntas enviadas por
jornalistas conservadores conhecidos por defender o Governo. Questionado
sobre o ministro do Meio Ambiente, Bolsonaro disse que Ricardo Salles
tem a sua confiança e deve ficar no cargo.
Salles foi muito criticado dentro e fora do país, na sequência da
divulgação de uma gravação feita durante uma reunião ministerial sobre
ações de combate ao novo coronavírus, e na qual afirmava que o Governo
brasileiro devia aproveitar a pandemia e a distração dos ‘medias’ para aprovar normas infralegais e assim desregulamentar a preservação ambiental do país.
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