A fim de quebrar os tabus sobre o descarte de excrementos humanos
e compartilhar ideais de um ciclo alimentar baseado em princípios de
sustentabilidade e reutilização de substâncias naturais, um grupo de
engenheiros franceses se uniu para coletar, nas ruas francesas, restos
de urina feminina em banheiros públicos, com a justificativa de que são
"um ótimo fertilizante" para a produção de pães.
Liderados pela padeira, engenheira e autoproclamada
ecofeminista Louise Raguet, a iniciativa faz parte do processo produtivo
dos populares pães “Boucle d'Or”, os cachinhos dourados, e a substância
é ampla e intensivamente tratada antes de ser aplicada como
ingrediente, chegando a ser diluída aproximadamente 20 vezes. Além
disso, toda a ideia é inspirada em preceitos científicos, sem qualquer
tipo de negligenciamento contra a saúde do consumidor.
(Fonte: Atores para o Desenvolvimento Sustentável/Reprodução)
"É ideal substituir fertilizantes químicos e evitar a poluição que eles causam", disse Raguet, em entrevista para o portal RT.
“As pessoas realmente não sabem o que está acontecendo por trás do vaso
sanitário. Tudo deve desaparecer como se fosse mágica, estivesse
oculto. Quando você faz xixi na água, as estações de tratamento removem
os nutrientes. Eles não retornam à terra. O sistema não é circular."
A urina como um antro de nutrientes
Segundo estudo publicado pela Agência de Planejamento Urbano da
França, quase 30 milhões de pães podem ser produzidos diariamente
através do fertilizante pouco convencional.
Suas propriedades particulares de absorver nitrogênio, potássio e
diversos outros nutrientes do solo ainda permitem a economia de mais de
700 toneladas de nitrogênio de fertilizantes sintéticos, tornando o
produto mais natural e, consequentemente, saudável.
Além do impacto preocupante que as substâncias artificiais podem ter
sobre o ambiente e o clima, um alerta sobre os riscos causados à
sustentabilidade alimentar humana foi emitido pelos autores da pesquisa,
ao afirmar que a produção massiva de sintéticos exige um alto consumo
de energia que emite poluentes prejudiciais à camada de ozônio,
expandindo as consequências do efeito estufa.
O projeto ecofeminista
Com a ideia de valorizar o corpo feminino
e de capacitá-lo para tornar-se um meio de preservação ambiental,
Louise Raguet passou a praticar sua coleta essencialmente a partir de
organismos de mulheres como tática de emponderamento, e criou um prático
sistema para reduzir o tempo de espera em banheiros femininos: o urinol
denominado Marcelle.
(Fonte: Instagram/Reprodução)
Utilizar a urina como fertilizante, então, é uma proposta de expansão
de seu empreendimento pessoal, espalhando a palavra da sustentabilidade
e sua importância para a manutenção de uma sociedade mais consciente.
https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/115252-francesa-coleta-urina-de-banheiros-publicos-para-fabricar-paes.htm
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