Cientistas ingleses que estão a desenvolver uma vacina para a
covid-19 acreditam que um largo número de pessoas pode ter imunidade
natural contra o novo coronavírus, mesmo que nunca tenha sido infetado.
Ao Telegraph, citado esta sexta-feira pelo Diário de Notícias,
Sir John Bell, professor de Medicina na Universidade de Oxford, em
Inglaterra, indicou que é provável que exista um “nível de proteção”
imunitária para um “número significativo de pessoas”. Estudos recentes
sugerem que o sistema imunológico pode estar preparado por outros coronavírus.
De acordo com a notícia, há estudos que mostram que uma parte
separada do sistema imunológico – as células T – responde a cadeias de
aminoácidos produzidas por diferentes tipos de coronavírus e pode ser
responsável por interromper o vírus em pessoas que nunca apresentam
sintomas. Em pessoas mais velhas, as células T morrem.
“O que parece claro é que há uma reação cruzada de células T ativadas
por coronavírus padrão endémicos. E estão presentes num número
significativo de pessoas”, informou o professor, líder da equipa que
está a trabalhar na vacina para a covid-19, que visa estimular os
anticorpos e aumentar a resposta das células T.
Caso um largo número da população já esteja protegida, a imunidade de grupo
será mais fácil de alcançar. “É possível que estejamos a subestimar a
imunidade natural ou já adquirida ao vírus e temos de estar atentos”,
referiu Sarah Gilbert, que integra a equipa.
“Há evidências de que pessoas infetadas com covid-19 não
desenvolveram anticorpos, mas desenvolveram uma resposta de células T, e
isso provavelmente irá protegê-las contra outra infeção”, acrescentou.
Esta reforça as conclusões de um estudo revelado pelo Hospital
Universitário Karolinska, na Suécia. Neste, “uma em cada três pessoas
que testaram positivo para anticorpos, também tinham células T que
identificam e destroem células infetadas”. Cerca de 30% dos suecos pode
ter desenvolvido imunidade, segundo a equipa responsável pelo estudo.
Em Itália, o professor Alberto Mantovani, diretor científco do
Instituto Humanitas, apontou outro aspeto: “Não temos certeza de que os
anticorpos sejam protetores ou garantam imunidade, apesar do que foi
dito, nem de que a terapia plasmática [transfusão de plasma de doentes recuperados] também funcione”.
Um vírus, continuou, geralmente não é eliminado por anticorpos, mas
sem pelas células T. “Algumas dessas células matam e interrompem o
vírus, e é razoável pensar que são críticas para a defesa contra o
coronavírus.”
Sem comentários:
Enviar um comentário