Cientistas
da UNIGE descobriram que a gordura pode ajudar o pâncreas a adaptar-se
ao excesso de açúcar, retardando assim o aparecimento da diabetes.
Segundo a SciTechDaily, com quase 10% da população mundial afetada, a diabetes tipo 2 é uma questão importante de saúde pública.
Um estilo de vida excessivamente sedentário e uma dieta demasiado calórica encorajam o desenvolvimento desta doença metabólica, alterando o funcionamento das células pancreáticas e tornando a regulação do açúcar no sangue menos eficaz.
Contudo, a gordura, frequentemente citada como a principal culpada, pode afinal ajudar a retardar o aparecimento de diabetes.
De facto, a gordura não agrava necessariamente a doença e pode mesmo desempenhar um papel protetor.
Ao estudar as células beta produtoras de insulina do pâncreas, cientistas da Universidade de Genebra, UNIGE, na Suíça, mostraram que estas células sofriam menos de excesso de açúcar, quando estavam expostas à gordura.
Ao investigar os mecanismos celulares em funcionamento, os investigadores descobriram como um ciclo de armazenamento e mobilização de gordura permite que as células se adaptem ao excesso de açúcar.
O estudo, publicado em janeiro, realça um mecanismo biológico inesperado que poderia ser utilizado como alavanca para atrasar o início da diabetes tipo 2.
A diabetes tipo 2 resulta de uma disfunção das células beta pancreáticas, que são responsáveis pela secreção de insulina.
Isto prejudica a regulação dos níveis de açúcar no sangue e pode causar sérias complicações cardíacas, oculares e renais.
Nos anos 70, a gordura foi destacada e surgiu o conceito de lipotoxicidade: a exposição das células beta à gordura causaria a sua deterioração.
Mais recentemente, o excesso de açúcar foi também acusado de danificar as células beta e promover o desenvolvimento da diabetes tipo 2.
No entanto, embora a culpabilidade do açúcar já não esteja em dúvida, o papel da gordura na disfunção das células beta permanece ambíguo.
Relativamente a quais os mecanismos celulares envolvidos, Pierre Maechler, professor no departamento de Fisiologia Celular e Metabolismo e no Centro de Diabetes da Faculdade de Medicina da UNIGE explica a solução.
“Para responder a esta questão-chave, estudámos como as células beta humanas e murinas se adaptam a um excesso de açúcar e/ou gordura”, explicou o docente, que liderou a equipa de investigação.
Para diferenciar o efeito da gordura do do açúcar, os cientistas expuseram as células beta a um excesso de açúcar, de gordura, e depois a uma combinação dos dois.
A toxicidade do açúcar foi primeiramente confirmada. As células beta expostas a níveis elevados de açúcar expeliram muito menos insulina do que o normal.
“Quando as células são expostas a demasiado açúcar como a demasiada gordura, armazenam a gordura sob a forma de gotículas em antecipação de tempos menos prósperos”, explica Lucie Oberhauser, investigadora do Departamento de Fisiologia Celular e Metabolismo da Faculdade de Medicina da UNIGE, e co-autora do estudo.
“Surpreendentemente, demonstrámos que este stock de gordura, em vez de agravar a situação, permite restabelecer a secreção de insulina a níveis quase normais. A adaptação das células beta a determinadas gorduras contribui assim para manter níveis normais de açúcar no sangue”, acrescenta a docente.
Analisando melhor as mudanças celulares em jogo, a equipa de investigação apercebeu-se que as gotículas de gordura não eram reservas estáticas, mas sim o local de um ciclo dinâmico de armazenamento e mobilização.
Graças a estas moléculas de gordura libertadas, as células beta adaptaram-se ao excesso de açúcar e mantiveram uma secreção quase normal de insulina.
“Esta libertação de gordura não é realmente um problema desde que o corpo a utilize como fonte de energia“, acrescenta Pierre Maechler.
“Para evitar o desenvolvimento da diabetes, é importante dar a este ciclo benéfico uma oportunidade de ser ativo, por exemplo, mantendo uma atividade física regular”, acrescenta ainda o líder do estudo.
Os cientistas estão agora a tentar determinar o mecanismo através do qual esta gordura libertada estimula a secreção de insulina, na esperança de descobrir uma forma de retardar o aparecimento da diabetes.
https://zap.aeiou.pt/cientistas-descobrem-beneficios-inesperados-da-gordura-na-diabetes-tipo-2-456943
Segundo a SciTechDaily, com quase 10% da população mundial afetada, a diabetes tipo 2 é uma questão importante de saúde pública.
Um estilo de vida excessivamente sedentário e uma dieta demasiado calórica encorajam o desenvolvimento desta doença metabólica, alterando o funcionamento das células pancreáticas e tornando a regulação do açúcar no sangue menos eficaz.
Contudo, a gordura, frequentemente citada como a principal culpada, pode afinal ajudar a retardar o aparecimento de diabetes.
De facto, a gordura não agrava necessariamente a doença e pode mesmo desempenhar um papel protetor.
Ao estudar as células beta produtoras de insulina do pâncreas, cientistas da Universidade de Genebra, UNIGE, na Suíça, mostraram que estas células sofriam menos de excesso de açúcar, quando estavam expostas à gordura.
Ao investigar os mecanismos celulares em funcionamento, os investigadores descobriram como um ciclo de armazenamento e mobilização de gordura permite que as células se adaptem ao excesso de açúcar.
O estudo, publicado em janeiro, realça um mecanismo biológico inesperado que poderia ser utilizado como alavanca para atrasar o início da diabetes tipo 2.
A diabetes tipo 2 resulta de uma disfunção das células beta pancreáticas, que são responsáveis pela secreção de insulina.
Isto prejudica a regulação dos níveis de açúcar no sangue e pode causar sérias complicações cardíacas, oculares e renais.
Nos anos 70, a gordura foi destacada e surgiu o conceito de lipotoxicidade: a exposição das células beta à gordura causaria a sua deterioração.
Mais recentemente, o excesso de açúcar foi também acusado de danificar as células beta e promover o desenvolvimento da diabetes tipo 2.
No entanto, embora a culpabilidade do açúcar já não esteja em dúvida, o papel da gordura na disfunção das células beta permanece ambíguo.
Relativamente a quais os mecanismos celulares envolvidos, Pierre Maechler, professor no departamento de Fisiologia Celular e Metabolismo e no Centro de Diabetes da Faculdade de Medicina da UNIGE explica a solução.
“Para responder a esta questão-chave, estudámos como as células beta humanas e murinas se adaptam a um excesso de açúcar e/ou gordura”, explicou o docente, que liderou a equipa de investigação.
Para diferenciar o efeito da gordura do do açúcar, os cientistas expuseram as células beta a um excesso de açúcar, de gordura, e depois a uma combinação dos dois.
A toxicidade do açúcar foi primeiramente confirmada. As células beta expostas a níveis elevados de açúcar expeliram muito menos insulina do que o normal.
“Quando as células são expostas a demasiado açúcar como a demasiada gordura, armazenam a gordura sob a forma de gotículas em antecipação de tempos menos prósperos”, explica Lucie Oberhauser, investigadora do Departamento de Fisiologia Celular e Metabolismo da Faculdade de Medicina da UNIGE, e co-autora do estudo.
“Surpreendentemente, demonstrámos que este stock de gordura, em vez de agravar a situação, permite restabelecer a secreção de insulina a níveis quase normais. A adaptação das células beta a determinadas gorduras contribui assim para manter níveis normais de açúcar no sangue”, acrescenta a docente.
Analisando melhor as mudanças celulares em jogo, a equipa de investigação apercebeu-se que as gotículas de gordura não eram reservas estáticas, mas sim o local de um ciclo dinâmico de armazenamento e mobilização.
Graças a estas moléculas de gordura libertadas, as células beta adaptaram-se ao excesso de açúcar e mantiveram uma secreção quase normal de insulina.
“Esta libertação de gordura não é realmente um problema desde que o corpo a utilize como fonte de energia“, acrescenta Pierre Maechler.
“Para evitar o desenvolvimento da diabetes, é importante dar a este ciclo benéfico uma oportunidade de ser ativo, por exemplo, mantendo uma atividade física regular”, acrescenta ainda o líder do estudo.
Os cientistas estão agora a tentar determinar o mecanismo através do qual esta gordura libertada estimula a secreção de insulina, na esperança de descobrir uma forma de retardar o aparecimento da diabetes.
https://zap.aeiou.pt/cientistas-descobrem-beneficios-inesperados-da-gordura-na-diabetes-tipo-2-456943
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