domingo, 2 de janeiro de 2022

Psicólogos descobriram o que motiva os nossos impulsos mais sombrios !


Cientistas estudaram relação partindo de um princípio de coincidência, pelo que mais estudos serão precisos para se perceber qual o melhor sítio para se aplicar o medicamento caso o objetivo seja mesmo a redução da ansiedade.

O botox, cientificamente conhecido por botulinum toxin, é um medicamento derivado de uma toxina bacteriana, usado com frequência para melhorar o aspeto das rugas, mas também atenuar as queixas de enxaquecas, espasmos musculares, transpirações excessivas ou até incontinência.

Agora, um grupo de investigadores Universidade da Califórnia, em San Diego, em colaboração com dois médicos alemães, descobriram mais uma utilidade para a substância, em grande parte graças à lista de efeitos secundários do medicamento, disponibilizada pela autoridade norte-americana competente e que tem uma base de dados dedicada para o efeito.

Num estudo publicado há uma semana, a equipa descreve que os indivíduos que recebem injeções de botox em quatro áreas distintas – não apenas a testa – reportaram níveis de ansiedade mais baixos do que outras pessoas que estavam a se submetidas a tratamentos alternativos mas para os mesmos problemas de saúde.

“Um grande número de efeitos secundários adversos estão a ser reportados à FDA e o principal objetivo, regra geral, é encontrar efeitos negativos que não tinham sido descobertos durante os ensaios clínicos”, descreveu Ruben Abagyan, professor de farmácia, citado pelo EurekAlert.

“No entanto, a nossa perspetiva era diferente. Por que não fazemos o oposto? Por que não exploramos os efeitos positivos?”, explicou o investigador.

O investigador e a sua equipa exploraram a base de dados no sentido de encontrar relatos de ausência ou redução da frequência de problemas relacionados com a ansiedade – enquanto problema de saúde – durante o tratamento de botox, comparando-os com o de um grupo de controlo.

Posteriormente, a equipa aplicou um algoritmo matemático para tentar encontrar diferenças estatísticas diferentes entre os indivíduos com botox e os que recebiam outro tipo de tratamentos.

Uma das descobertas remete para uma redução da ansiedade de 22% a 72% entre os indivíduos tratados com botox para quatro dos oito problemas e zonas corporais monitorizados: músculos faciais para fins estéticos; músculos faciais e da cabeça para enxaquecas; membros superiores e inferiores para espasmos e espasticidade; e músculos do pescoço para torcicolos.

Tal como realça o Sci-Tech Daily, os problemas relacionados com a ansiedade constituem a classe de patologias psicológicas mais comuns, isto acordo com um inquérito levado a cabo entre 2001 e 2003 nos Estados Unidos e que tinha como objetivo perceber a prevalência e a correlação dos distúrbios mentais no país.

De acordo com os seus resultados, 32% da população americana é afetada negativamente pela ansiedade em algum momento da sua vida – sendo os tratamentos pouco eficientes para quase um terço desde grupo. Assim se explica que muitos clínicos procurem formas de terapia alternativas.

Ainda assim, é importante notar que os dados recolhidos durante esta pesquisa não tinham como objetivo primário explorar a associação entre o uso de botox e a ansiedade, de forma exclusiva.

Simultaneamente, a base de dados usada faz apenas referência aos efeitos negativos demonstrados pelos pacientes. Apesar de a equipa ter excluído os casos de pacientes que admitiram estar a tomar antidepressivos ou ansiolíticos, o uso de outros medicamentos pode ter sido ocultada nos relatos.

Para a relação entre o botox e o decréscimo dos níveis de ansiedade, Abagyan e os seus colaboradores estipularam algumas hipóteses. Por exemplo, as toxinas botulínicas podem ser transportadas para as regiões do sistema nervoso central relacionadas o humor e nas emoções.

As áreas neuromusculares afetadas pelo Botox também podem comunicar diretamente com o cérebro. Finalmente, uma vez que o botox é normalmente utilizado para tratar condições crónicas que podem contribuir para a ansiedade, o seu sucesso em aliviar o problema subjacente pode também aliviar indiretamente a ansiedade.

É ainda necessária mais investigação para determinar o mecanismo através do qual o botox reduz a ansiedade, admite Abagyan, pelo que serão necessários ensaios clínicos para determinar o melhor local e dose para administrar o medicamento especificamente para a ansiedade.

https://zap.aeiou.pt/mais-do-que-mera-vaidade-afinal-o-botox-pode-ajudar-a-reduzir-a-ansiedade-453220

 

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