Cientistas dizem que resolveram o mistério de como as esponjas gigantes florescem nas águas profundas e geladas do Ártico.
De acordo com a BBC News,
as esponjas marinhas sobrevivem alimentando-se de restos de vermes e
outros animais extintos que morreram há milhares de anos, segundo um
estudo publicado a semana passada na Nature Communications.
Esponjas
são animais antigos muito simples encontrados em mares de todo o mundo,
de oceanos profundos a recifes tropicais rasos.
Foram encontradas a viver em grande número e em tamanho impressionante no fundo do Oceano Ártico.
Esses
enormes “jardins de esponja” fazem parte de um ecossistema único que
prospera no oceano coberto de gelo perto do Polo Norte, explica Teresa
Morganti, investigadora do Instituto Max Planck de Microbiologia Marinha
em Bremen, na Alemanha.
“Encontramos esponjas enormes — elas
podem atingir até um metro de diâmetro”, sublinhou a investigadora.
“Esta é a primeira evidência de esponjas a comer matéria fóssil antiga.”
Através de uma câmara nas profundezas do gelo, os
investigadores conseguiram fotografar os conjuntos de esponjas que
formam um “jardim” no fundo do mar.
Mas os cientistas ficaram
confuso com o facto de aqueles animais primitivos sobreviverem nas
profundezas frias e escuras, longe de qualquer fonte de alimento
conhecida.
Mais recentemente, após analisar amostras da
expedição ao Ártico, descobriram que as esponjas tinham em média 300
anos — e que esses seres sobrevivem com os restos de uma extinta
comunidade de animais — com a ajuda de bactérias amigáveis que
produzem antibióticos.
“Onde as esponjas gostam de viver, há uma
camada de material morto“, refere Antje Boetius, professora do
Instituto Alfred Wegener em Bremerhaven, que liderou a expedição ao
Ártico.
“E finalmente ocorreu-nos que esta pode ser a solução
para o porquê de as esponjas serem tão abundantes, porque elas podem
explorar essa matéria orgânica com a ajuda da simbiose”, acrescentou a
investigadora.
A descoberta mostra que temos muito mais a
aprender sobre o Planeta Terra e pode haver mais formas de vida à espera
de serem descobertas debaixo do gelo.
“Há tanta vida do tipo
alienígena e especialmente nos mares cobertos de gelo, onde mal temos
tecnologia para ter acesso, olhar em redor e fazer um mapa”, acrescenta.
Mas com o gelo marinho do Ártico a recuar a uma taxa sem
precedentes, os investigadores alertam que essa teia única de vida está
sob crescente pressão das mudanças climáticas.
De acordo com
cálculos científicos, tanto a espessura quanto a extensão do gelo
marinho de verão no Ártico mostraram um declínio dramático nos últimos
30 anos, o que é consistente com as observações de um Ártico em
aquecimento.
“Com a cobertura de gelo marinho em declínio
rápido e o ambiente oceânico a mudar, um melhor conhecimento dos
ecossistemas de hotspots é essencial para proteger e gerir a diversidade
única desses mares do Ártico sob pressão”, conlui Boetius.
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