Os
planetas geralmente não são muito mais novos do que as estrelas em
torno das quais giram. O Sol nasceu há 4,6 mil milhões de anos e não
muito depois disso surgiu a Terra. Mas astrónomos da KU Leuven
descobriram que também é possível um cenário completamente diferente.
Mesmo que estejam perto da morte, alguns tipos de estrelas ainda podem possivelmente formar planetas. Se isto for confirmado, as teorias sobre a formação planetária terão de ser ajustadas.
Planetas como a Terra, e todos os outros planetas do nosso Sistema Solar, foram formados não muito depois do Sol. O nosso Sol começou a queimar o seu combustível nuclear há 4,6 mil milhões de anos, e nos milhões de anos seguintes, a matéria à sua volta aglomerou-se em protoplanetas.
O nascimento dos planetas nesse disco protoplanetário, uma “panqueca” gigantesca feita de poeira e gás, por assim dizer, com o Sol no meio, explica porque é que todos eles orbitam no mesmo plano.
Mas tais discos de poeira e gás não precisam, necessariamente, de rodear apenas estrelas recém-nascidas. Podem também desenvolver-se independentemente da formação da estrela, por exemplo em torno de estrelas binárias das quais uma está a morrer (estrelas binárias são duas estrelas que se orbitam uma à outra, também chamadas de sistema binário).
Quando o fim se aproxima para uma estrela de tamanho médio (como o Sol), ela catapulta a parte exterior da sua atmosfera para o espaço, após o qual morre lentamente como uma anã branca. Contudo, no caso das estrelas binárias, a atração gravitacional da segunda estrela faz com que a matéria ejetada pela estrela moribunda forme um disco plano e rotativo.
Além disso, este disco assemelha-se fortemente aos discos protoplanetários que os astrónomos observam em torno de estrelas jovens noutros locais da Via Láctea.
Isto já era sabido. No entanto, o que é novo é que os discos que rodeiam as chamadas estrelas binárias evoluídas não raras vezes mostram sinais que poderiam apontar para a formação planetária, como descoberto por uma equipa internacional de astrónomos liderada por investigadores da KU Leuven.
Além disso, as suas observações mostram que este é o caso para uma em cada dez destas estrelas binárias.
“Em 10% das estrelas binárias evoluídas com discos que estudámos, vemos uma grande cavidade no disco”, diz o astrónomo Jacques Kluska da KU Leuven, primeiro autor do artigo publicado na Astronomy & Astrophyics. “Isto é uma indicação de que algo está a flutuar por ali, algo que recolheu toda a matéria na área da cavidade.”
Planetas de segunda geração
A limpeza do material pode ser realizada por um planeta. Esse planeta pode não ter sido formado logo no início da vida de uma das estrelas binárias, mas sim no fim.
Além disso, os astrónomos encontraram ainda outros fortes indícios para a presença de tais planetas. “Nas estrelas binárias evoluídas com uma grande cavidade no disco, vimos que elementos pesados como o ferro eram muito escassos na superfície da estrela moribunda”, diz Kluska.
“Esta observação leva-nos a suspeitar que partículas de poeira, ricas nestes elementos, foram aprisionadas por um planeta“. A propósito, o astrónomo de Leuven não exclui a possibilidade de, desta forma, se poderem formar vários planetas em torno destas estrelas binárias.
A descoberta foi feita quando os astrónomos estavam a elaborar um inventário de estrelas binárias evoluídas na nossa Via Láctea. Fizeram-no com base em observações existentes e disponíveis ao público. Kluska e colegas contaram 85 destes pares de estrelas binárias. Em dez pares, os investigadores depararam-se com um disco com uma grande cavidade nas imagens infravermelhas.
Teorias atuais postas à prova
Se novas observações confirmarem a existência de planetas em torno de estrelas binárias evoluídas, e se se verificar que os planetas só foram formados depois de uma das estrelas ter chegado ao fim da sua vida, as teorias sobre a formação planetária terão de ser ajustadas.
“A confirmação ou refutação desta forma extraordinária de formação de planetas será um teste sem precedentes para as teorias atuais”, afirma o professor Hans Van Winckel, líder do Instituto de Astronomia da KU Leuven.
Os astrónomos querem em breve verificar eles próprios a sua hipótese. Para o efeito, vão utilizar os grandes telescópios do ESO no Chile para observarem em mais detalhe os dez pares de estrelas binárias cujos discos mostram uma grande cavidade.
https://zap.aeiou.pt/ate-as-estrelas-moribundas-podem-dar-a-luz-planetas-462090
Mesmo que estejam perto da morte, alguns tipos de estrelas ainda podem possivelmente formar planetas. Se isto for confirmado, as teorias sobre a formação planetária terão de ser ajustadas.
Planetas como a Terra, e todos os outros planetas do nosso Sistema Solar, foram formados não muito depois do Sol. O nosso Sol começou a queimar o seu combustível nuclear há 4,6 mil milhões de anos, e nos milhões de anos seguintes, a matéria à sua volta aglomerou-se em protoplanetas.
O nascimento dos planetas nesse disco protoplanetário, uma “panqueca” gigantesca feita de poeira e gás, por assim dizer, com o Sol no meio, explica porque é que todos eles orbitam no mesmo plano.
Mas tais discos de poeira e gás não precisam, necessariamente, de rodear apenas estrelas recém-nascidas. Podem também desenvolver-se independentemente da formação da estrela, por exemplo em torno de estrelas binárias das quais uma está a morrer (estrelas binárias são duas estrelas que se orbitam uma à outra, também chamadas de sistema binário).
Quando o fim se aproxima para uma estrela de tamanho médio (como o Sol), ela catapulta a parte exterior da sua atmosfera para o espaço, após o qual morre lentamente como uma anã branca. Contudo, no caso das estrelas binárias, a atração gravitacional da segunda estrela faz com que a matéria ejetada pela estrela moribunda forme um disco plano e rotativo.
Além disso, este disco assemelha-se fortemente aos discos protoplanetários que os astrónomos observam em torno de estrelas jovens noutros locais da Via Láctea.
Isto já era sabido. No entanto, o que é novo é que os discos que rodeiam as chamadas estrelas binárias evoluídas não raras vezes mostram sinais que poderiam apontar para a formação planetária, como descoberto por uma equipa internacional de astrónomos liderada por investigadores da KU Leuven.
Além disso, as suas observações mostram que este é o caso para uma em cada dez destas estrelas binárias.
“Em 10% das estrelas binárias evoluídas com discos que estudámos, vemos uma grande cavidade no disco”, diz o astrónomo Jacques Kluska da KU Leuven, primeiro autor do artigo publicado na Astronomy & Astrophyics. “Isto é uma indicação de que algo está a flutuar por ali, algo que recolheu toda a matéria na área da cavidade.”
Planetas de segunda geração
A limpeza do material pode ser realizada por um planeta. Esse planeta pode não ter sido formado logo no início da vida de uma das estrelas binárias, mas sim no fim.
Além disso, os astrónomos encontraram ainda outros fortes indícios para a presença de tais planetas. “Nas estrelas binárias evoluídas com uma grande cavidade no disco, vimos que elementos pesados como o ferro eram muito escassos na superfície da estrela moribunda”, diz Kluska.
“Esta observação leva-nos a suspeitar que partículas de poeira, ricas nestes elementos, foram aprisionadas por um planeta“. A propósito, o astrónomo de Leuven não exclui a possibilidade de, desta forma, se poderem formar vários planetas em torno destas estrelas binárias.
A descoberta foi feita quando os astrónomos estavam a elaborar um inventário de estrelas binárias evoluídas na nossa Via Láctea. Fizeram-no com base em observações existentes e disponíveis ao público. Kluska e colegas contaram 85 destes pares de estrelas binárias. Em dez pares, os investigadores depararam-se com um disco com uma grande cavidade nas imagens infravermelhas.
Teorias atuais postas à prova
Se novas observações confirmarem a existência de planetas em torno de estrelas binárias evoluídas, e se se verificar que os planetas só foram formados depois de uma das estrelas ter chegado ao fim da sua vida, as teorias sobre a formação planetária terão de ser ajustadas.
“A confirmação ou refutação desta forma extraordinária de formação de planetas será um teste sem precedentes para as teorias atuais”, afirma o professor Hans Van Winckel, líder do Instituto de Astronomia da KU Leuven.
Os astrónomos querem em breve verificar eles próprios a sua hipótese. Para o efeito, vão utilizar os grandes telescópios do ESO no Chile para observarem em mais detalhe os dez pares de estrelas binárias cujos discos mostram uma grande cavidade.
https://zap.aeiou.pt/ate-as-estrelas-moribundas-podem-dar-a-luz-planetas-462090
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