Dois buracos negros podem mesmo fundir-se e criar um buraco negro
supermassivo. Apesar do ceticismo da comunidade científica, uma pesquisa
recente parece apontar nesse sentido.
Numa galáxia longínqua,
localizada a 1,2 mil milhões de anos-luz da Terra, um par de buracos
negros parece estar envolvido num “tango gravitacional”, aproximando-se
um do outro até se fundirem num buraco negro supermassivo.
Se esta fusão icónica chegar mesmo a acontecer, será a primeira vez que os astrónomos observam um evento deste tipo.
Consequentemente,
a observação poderia dar valiosas pistas sobre como os buracos negros
crescem até aos seus tamanhos supermassivos. O artigo científico, que
ainda carece de revisão por pares, está disponível no portal arXiv.
Huan
Yang, um investigador do Instituto Perimeter em Waterloo, no Canadá, e
co-autor do estudo, compreende porque é que alguns astrónomos são
céticos em relação á fusão. “Penso que têm dúvidas e é totalmente
razoável”, disse, em declarações ao Inverse.
Utilizando
dados do telescópio Zwicky Transient Facility e com a ajuda do seu
colega Ning Jiang, da Universidade de Ciência e Tecnologia da China,
Yang observou, pela primeira vez, um comportamento único na curva da luz
proveniente de uma galáxia distante.
O astrónomo interpretou o
sinal como vindo de um par binário de buracos negros, mas tudo se tornou
ainda mais interessante após essa conclusão: a separação entre os dois
buracos negros estava a ficar mais estreita, passando de um ano-luz para
um mês-luz no espaço de três anos após as observações.
“O
período mudou muito rapidamente no tempo de uma forma nunca antes
vista”, realçou o cientista. Se este padrão de sinal contínuo continuar,
então os objetos binários aproximar-se-iam tanto quanto a distância
entre o Sol e Plutão.
Isso levou a equipa a concluir que os
buracos negros podem fundir-se num período tão curto como 100 dias, mas
mais provavelmente nos próximos três anos.
Os astrónomos já
previram fusões de buracos negros, mas nunca testemunharam uma em tempo
real. Andrew Fabian, professor no Instituto de Astronomia da
Universidade de Cambridge, está a preparar-se para esta possível fusão,
reservando o telescópio de raios-X NuStar da NASA.
https://zap.aeiou.pt/tango-galactico-fusao-nunca-vista-461157
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